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Quase 700 empresas europeias financiam e apoiam os colonatos israelitas

Cerca de 700 instituições europeias têm ligações financeiras a empresas envolvidas na expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada, revelou um informe de ONG palestinianas e europeias.

Colonato israelita de Givat Ze'ev, perto da cidade de Ramallah, na Margem Ocidental ocupada (imagem de arquivo) 
Colonato israelita de Givat Ze'ev, perto da cidade de Ramallah, na Margem Ocidental ocupada (imagem de arquivo) Créditos / PressTV

A revelação foi feita pela coligação Don’t Buy into Occupation (DBIO), que integra organizações não governamentais (ONG) palestinianas e europeias, num relatório que publicou na semana passada.

A DBIO descobriu que, entre Janeiro de 2018 e Maio deste ano, 672 instituições financeiras europeias, incluindo bancos, gestores de activos, companhias de seguros e fundos de pensões, tiveram diversos tipos de relações financeiras com 50 empresas envolvidas com os colonatos israelitas na Margem Ocidental ocupada, informa a Al Mayadeen.

O BNP Paribas (França), o Deutsche Bank (Alemanha) e o HSBC (Reino Unido) foram algumas das instituições que, segundo o relatório, proporcionaram 114 mil milhões de dólares em empréstimos e subscrições a tais empresas, e que nelas tinham investimentos no valor de 141 mil milhões de dólares, em acções e obrigações.

Juntamente com o BNP Paribas (17,3 mil milhões de dólares), o Deutsche Bank (12 mil milhões) e o HSBC (8,7 mil milhões), encontram-se, entre os dez primeiros credores das 50 empresas ligadas aos colonatos israelitas, o Barclays (8,6 mil milhões de dólares), a Société Générale (8,2 mil milhões), o Crédit Agricole (5,5 mil milhões), o Santander (4,7 mil milhões), o ING Group (4,6 mil milhões), o Commerzbank (4,3 mil milhões) e o Unicredit (3,5 mil milhões).

«O envolvimento destas empresas com os colonatos – através de investimentos, empréstimos bancários, extração de recursos, contratos de infra-estruturas e acordos de fornecimento de equipamentos e produtos – proporciona-lhes o oxigénio económico indispensável de que necessitam para crescer e prosperar», declara no prólogo do relatório Michael Lynk, relator especial das Nações Unidas para os direitos humanos nos territórios ocupados da Palestina desde 1967.

Mais de 600 mil judeus vivem nos mais de 230 colonatos construídos desde a ocupação israelita, em 1967, da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. O Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou as actividades dos colonatos nos territórios ocupados em várias resoluções.

«Acabar com o fluxo financeiro para os colonatos»

Recentemente, várias instituições financeiras e empresas desligaram-se de empresas associadas aos colonatos israelitas. Em Julho último, a Kommunal Landspensjonskasse (KLP), a maior empresa de pensões da Noruega, separou-se de 16 empresas deste tipo, e no início de Setembro o Fundo Estatal de Pensões norueguês (SPU) disse que iria excluir dos seus investimentos três empresas do mesmo género.

«Apesar da natureza ilegal dos colonatos israelitas à luz do direito internacional, as instituições financeiras europeias continuam a lançar um salva-vidas financeiro às empresas que operam nos colonatos», disse Willem States, coordenador da coligação DBIO.

«As instituições financeiras europeias devem assumir as suas responsabilidades e seguir o exemplo do KLP e do SPU. Devem pôr fim a todos os investimentos e fluxos financeiros para os colonatos, e não comprar à ocupação israelita», acrescentou, citado pela Al Mayadeen.

A coligação Don’t Buy into Occupation é um projecto conjunto de 25 organizações palestinianas, regionais e europeias, com sede na Bélgica, em França, na Irlanda, nos Países Baixos, na Noruega, em Espanha e no Reino Unido.

O ano passado, as Nações Unidas publicaram uma lista de 112 empresas com actividades nos colonatos israelitas. A lista foi criada pelo Gabinete de Direitos Humanos como resposta a uma resolução do Conselho de Segurança, na qual se exigia uma «base de dados» das empresas que lucravam com os negócios nos territórios ocupados.

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