Na mobilização, convocada pela Associação de Artistas de Dobragem, a Confederação Intersindical Galega (CIG), CCOO e UGT, os profissionais revindicaram um «acordo colectivo digno» e chamaram a atenção para a situação «insustentável e ilegal» que vivem há quase duas décadas.
Na capital galega, os trabalhadores da dobragem voltaram a sublinhar que estão há 18 anos a receber abaixo do que estabelece a lei e reafirmaram que é hora reivindicar «de forma inequívoca e decidida» o seu direito à aplicação do acordo colectivo.
Segundo referiu ao diário Nós a presidente da Associação de Artistas de Dobragem, Desiré Pillado, os trabalhadores recebem «muito abaixo das tabelas salariais do acordo que foi assinado em 2006». Segundo as estimativas da associação, as dobragens em galego são pagas 28% abaixo do que é devido e, em castelhano, 46% abaixo.
«Estamos numa situação insustentável e muito precária», referiu, acrescentando que o patronato alega que, se cumprisse a lei, teria de fechar as empresas. Denunciou ainda que os actores da dobragem são alvo de «coacção» quando tentam fazê-los «responsáveis pela situação económica nas suas empresas».
Por seu lado, a CIG refere, no seu portal, que, se os trabalhadores não aceitarem as condições impostas pelas empresas, estas ameaçam não os chamar para trabalhar, instalando o receio entre os profissionais do sector.
Empresas mergulham trabalhadores na «mais absoluta precariedade»
O acordo no sector da dobragem na Galiza tem âmbito autonómico e abrange as duas línguas oficiais no território. Celebrado em 2006, não é actualizado desde então.
Os vários ramos da dobragem na Galiza – artístico, técnico, de produção e administração, de tradução, entre outros – «estão fartos de ser o suporte» de empresas que não param de crescer à custa do seu trabalho e que investem num sector de topo como é o audiovisual, enquanto as suas condições de trabalho se degradam, afirma a CIG.
Depois de várias tentativas de negociação sem se chegar a qualquer acordo, o representante da central sindical galega de classe, Adolfo Naya, denuncia que as empresas do sector pretendem «competir na miséria» e legalizar condições de trabalho piores que as de 2006, mergulhando os trabalhadores na «mais absoluta precariedade».
Neste contexto, os trabalhadores reclamam que os salários pagos respeitem aquilo que está estipulado, e exigem transparência, bem como uma actualização do convénio que lhes «permita viver dignamente» e valorize a profissão.
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