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Pelo menos 65 feridos no aniversário da Nakba em Gaza

As forças israelitas reprimiram as mobilizações da Grande Marcha do Retorno, na Faixa de Gaza cercada, convocadas para assinalar o 71.º aniversário da Nakba e exigir o fim do bloqueio ao território.

Milhares de palestinianos assinalaram em Gaza o 71.º aniversário da Nakba
Créditos / MPPM

Milhares de palestinianos da Faixa de Gaza, sujeita a um bloqueio por parte de Israel há 12 anos, manifestaram-se junto à vedação com que Israel isola o território, exigindo o direito de retorno dos refugiados (dois terços dos habitantes do enclave costeiro são refugiados) às suas terras de origem, no território actual de Israel, de onde foram expulsos no âmbito da campanha de limpeza étnica que acompanhou a criação do Estado sionista, em 1948.

Ao comemorarem o dia 15 de Maio de 1948, conhecido por Nakba («catástrofe», em árabe), os palestinianos pretendem também chamar a atenção do mundo para os mais de 750 mil palestinianos que foram expulsos antes e depois da criação de Israel, bem como para os mais de cinco milhões de refugiados palestinianos actualmente existentes, lembra numa nota o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

Aos protestos desta quarta-feira, que juntaram cerca de 10 mil pessoas nas imediações das vedações que cercam Gaza, as forças israelitas responderam com fogo real, balas de borracha e bombas de gás lacrimogéneo, tendo ferido pelo menos 65 pessoas, segundo referem diversas fontes, com base na informação divulgada pelo Ministério da Saúde em Gaza.

Fontes médicas revelaram que, entre os 65 feridos, há 22 menores e cinco mulheres, sendo que muitos sofreram sintomas de asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo, enquanto outros sofreram diferentes tipos de traumatismos, resultantes dos impactos das balas disparadas pelas forças israelitas, em que se incluíam atiradores de elite.

Os protestos da Grande Marcha do Retorno (GMR) realizam-se na Faixa de Gaza cercada há mais de um ano – desde 30 de Março de 2018. Para as comemorações do 71.º aniversário do Dia da Nakba, o comité da GMR lançou um apelo à mobilização mas também à «contenção», segundo refere o Al-Manar, de modo a «evitar vítimas, na medida do possível».

Recorde-se que, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, as forças israelitas mataram pelo menos 305 palestinianos, incluindo 59 menores, e feriram outros 17 335 nestes protestos. O relatório foi divulgado na terça-feira pela agência Ma'an.

«Queremos alcançar a nossa independência, ter o nosso Estado»

Em declarações à Sputnik citadas pela Al-Manar, Besma Abu al-Atra, de 50 anos, declarou que participa nestes protestos desde o seu início e continuará a fazê-lo até que Israel levante o bloqueio a Gaza. «Queremos alcançar a nossa independência, ter o nosso Estado», disse Al-Atra, que é mãe de 12 filhos – um dos quais, Yasser Abu Ramadan, de 17 anos, foi ferido num protesto o ano passado.


A 3 de Maio de 2018, o jovem esteve na fila da frente, «quase em frente aos soldados israelitas», e foi atingido na perna esquerda, pelo que tem de andar com muletas. Também lhe faltam dois dedos numa mão, que lhe foram amputados há dois anos, depois de ter sido atingido por uma bomba de gás lacrimogéneo.

«Continuaremos até que acabe o bloqueio. Queremos ter o nosso país, viver como pessoas normais e regressar às terras de que nos expulsaram há 70 anos», sublinha Abu Ramadan.

Além do protesto em Gaza, ontem também houve manifestações em Ramalhah e Belém, na Cisjordânia ocupada, para recordar a expulsão dos palestinianos.

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