Mais de 70 milhões de brasileiros vivem na pobreza, com um rendimento mensal até 665,02 reais (cerca de 123 euros), aponta um estudo do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), órgão ligado à Secretaria de Estado de Economia e Planejamento do Espírito Santo.
A pesquisa, realizada com base em dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), refere que, o ano passado, mais de dez milhões de brasileiros saíram da linha de pobreza, o que representou uma queda de 38,2% para 33%.
De acordo com o estudo, citado pela Agência Brasil e o Portal Vermelho, um dos principais factores por trás desta queda em 2022 foi a leve melhoria no mercado de trabalho após a pandemia, com o IBGE a apontar um recuo na taxa de desemprego de 13,2%, em 2021, para 9,3%, em 2022.
Outro factor relevante foi a expansão de programas de transferência de rendimento, como o Auxílio Brasil, «turbinado para uso eleitoral por Jair Bolsonaro», refere o Portal Vermelho, precisando que, em 2021, 8,6% dos domicílios brasileiros eram de beneficiários do programa; um ano depois, a proporção aumentou para 16,9%, «devido ao aumento artificial de beneficiários em período eleitoral».
Os investigadores avaliam que a pobreza e a extrema pobreza deverão manter uma tendência de redução este ano, «devido a recentes aprimoramentos na retoma do programa Bolsa Família, bem como aos efeitos do Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência (BPC-LOAS) e de outras políticas públicas de assistência social» levadas a cabo pelo actual governo.
A investigação mostra ainda que o número de brasileiros a viver em situação de pobreza extrema – ou seja, com rendimentos até 208,73 reais por mês (cerca de 38,5 euros) – também diminuiu, passando de 20 milhões, em 2021, para 13,7 milhões, em 2022. Isto ignifica que mais de 80 milhões de brasileiros vivem entre a pobreza e a pobreza extrema.
Mais pobreza registada no Norte e no Nordeste
Em nove estados brasileiros, a maioria da população vive em situação de pobreza, destaca o estudo – todos no Norte e Nordeste do país.
O Maranhão continua a ser o estado com os indicadores mais elevados: seis em cada dez maranhenses vivem em situação de pobreza (58,9%). Outros estados onde a percentagem de população pobre é superior a 50% são o Amazonas, Alagoas, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Acre, Bahia e Piauí.
Os estados que apresentaram as menores taxas de pobreza registada, em 2022, foram o Rio Grande do Sul (18,2%), o Distrito Federal (17,3%) e Santa Catarina (13,9%).
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