A campanha da Action on Empty Homes (AEH; Acção sobre as Casas Vazias), que decorre ao longo desta semana, visa alertar para actual situação de centenas de milhares de pessoas sem casa e centenas de milhares de casas vazias – um «desperdício que não nos podemos permitir».
Dados do governo britânico apontavam para a existência de 479 mil casas vazias só em Inglaterra, em Setembro, mas a AEH, no seu portal, diz que há actualmente 600 mil.
A «história não acaba aí», no entanto. Há ainda certa de 70 mil casas que estão vazias e são utilizadas para «alugueres de curta duração» e mais de 250 mil segundas casas a que a associação chama «vazios mobilados».
No total, a AEH estima que, em Inglaterra, haja cerca de um milhão de casas vazias – um «luxo» a que, em seu entender, os ingleses não se podem permitir, tendo em conta os dados divulgados pela organização Shelter que apontavam para mais de 270 mil pessoas sem casa em Inglaterra ou as 100 mil famílias que, segundo a AEH, vivem em condições de insalubridade, má qualidade, acolhimento temporário.
A AEH pede ao governo britânico que reforce meios na área das Habitações Vazias e que elimine a necessidade de provar que «o vandalismo, o comportamento anti-social ou o abandono perigoso estão associados a uma casa vazia», antes de se poder tomar medidas.
A directora da AEH, Rebecca Moore, defendeu a necessidade de se agir de imediato. «Temos de agir já, e as casas vazias há muito tempo e as segundas residências não utilizadas são um bom ponto de partida», disse, citada pelo portal da AEH, acrescentando que a Inglaterra está a viver uma «crise de habitação».
Associação de inquilinos pede congelamento de rendas em Inglaterra
Uma carta aberta, coordenada pela London Renters Union, foi subscrita pelos mayors de Londres, Manchester e Liverpool, em defesa do congelamento imediato das rendas e da proibição dos despejos, para ajudar os inquilinos a lidar «com a crise do custo de vida».
Os protestos, coordenados pelo London Renters Union, ocorreram frente a agências imobiliárias em seis distritos londrinos, reclamando um congelamento semelhante ao que o governo escocês realizou. O Sindicato dos Inquilinos de Londres (LRU) tinha anunciado que no dia 3 de Dezembro se iria mobilizar frente às agências imobiliárias, e, em nota de imprensa, acusou-as de ter um «papel fundamental» na «extorsão das rendas bem acima da inflação», sublinhando o «custo humano» que isso está a ter. De acordo com a organização, registou-se um aumento médio de 20,5% nas rendas das casas (3378 libras por ano). Os números baseiam-se em 150 aumentos de preços de rendas que foram reportados ao sindicato desde 20 de Setembro, informa o Morning Star. As concentrações tiveram lugar junto a instalações da Foxtons, Winkworths e outros agentes em Tottenham, Bow, Stratford, Hackney, Willesden e Crystal Palace. Alguns dos agentes imobiliários foram forçados a fechar as portas, disse o LRU. «Os senhorios e os agentes imobiliários como a Foxtons estão usar a actual crise económica para aumentar artificialmente os alugueres e os seus lucros», disse Rebekah Hesse-Clark, representante do LRU, ao Morning Star. Em seu entender, «os aumentos das rendas que estão ser realizados são injustos e injustificáveis», sobretudo tendo em conta que «quase metade de todos os proprietários não tem hipoteca e muitos não serão afectados pela subida das taxas hipotecárias». Para este sábado, estavam marcados protestos em Londres e Manchester. Uma das reivindicações é a de que o governo do Reino Unido proceda a um congelamento das rendas das casas, tal como o fez em Setembro Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, considerando a pressão sobre os orçamentos familiares como uma «emergência humanitária». O governo do Reino Unido resistiu ao controlo das rendas, afirmando que isso iria conduzir ao «desinvestimento no sector». Hesse-Clark, do LRU, afirmou este sábado que, ao recusar-se a efectuar esse controlo, o governo britânico deixa os inquilinos à mercê dos despejos e em situação de rua. Os alugueres de casas a preços elevadíssimos ajudaram a tornar a vida dos inquilinos britânicos «incomportável», segundo revelou o periódico The Guardian há alguns dias. Numa análise que fez, o jornal refere que algumas pessoas estão a enfrentar aumentos até 60% na renda da casa, pelo que pagá-la se torna impossível no contexto mais geral de crise e com o salário médio no país. As ameaças de despejo são cada vez maiores, assim como a acusação de «extorsão» por parte dos inquilinos. O receio é o de que a crise dos alugueres rapidamente se torne uma crise de sem-abrigo. «Quase um milhão de inquilinos estão em risco de ser despejados de suas casas este Inverno, e mais se seguirão», disse Polly Nate, da ONG Shelter. De acordo com um inquérito feito pela organização, no mês passado mais de 500 mil inquilinos no Reino Unido receberam ordens de despejo ou foram ameaçados nesse sentido, mais 80% do que no mesmo período do ano passado, e 482 mil estavam em situação de atraso no pagamento da renda. Este sábado, em Hackey (Londres), o LRU exibiu uma faixa em que se lia «Congelem as rendas, não os inquilinos». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Centenas de inquilinos mobilizaram-se em Londres pelo congelamento das rendas
Sem congelamentos, haverá despejos e pessoas na rua
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A missiva, dirigida ao secretário da Igualdade de Oportunidades, Habitação e Comunidades, Michael Gove, afirma que o aumento dos preços da alimentação e da energia fez com que milhões tenham dificuldades em viver e que os inquilinos foram bastante afectados.
Os signatários, em que também se incluem sindicalistas, alertam para o facto de os preços dos alugueres terem disparado, ainda mais rapidamente em cidades como Manchester, Bristol, Sheffield e Birmingham, chegando a 20,5%.
«Os alugueres em Londres subiram 17,8% em média no ano passado e aumentos de aluguer entre 30% e 50% são cada vez mais comuns», alertam, citados pelo The Guardian.
Na Escócia, o governo anunciou a proibição total dos despejos e o congelamento das rendas em Setembro do ano passado, ao abrigo de uma «emergência humanitária». Os signatários instam o governo britânico a aplicar medidas equivalentes em Inglaterra.
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