O Sindicato dos Inquilinos de Londres (LRU) tinha anunciado que no dia 3 de Dezembro se iria mobilizar frente às agências imobiliárias, e, em nota de imprensa, acusou-as de ter um «papel fundamental» na «extorsão das rendas bem acima da inflação», sublinhando o «custo humano» que isso está a ter.
De acordo com a organização, registou-se um aumento médio de 20,5% nas rendas das casas (3378 libras por ano). Os números baseiam-se em 150 aumentos de preços de rendas que foram reportados ao sindicato desde 20 de Setembro, informa o Morning Star.
As concentrações tiveram lugar junto a instalações da Foxtons, Winkworths e outros agentes em Tottenham, Bow, Stratford, Hackney, Willesden e Crystal Palace. Alguns dos agentes imobiliários foram forçados a fechar as portas, disse o LRU.
«Os senhorios e os agentes imobiliários como a Foxtons estão usar a actual crise económica para aumentar artificialmente os alugueres e os seus lucros», disse Rebekah Hesse-Clark, representante do LRU, ao Morning Star.
Em seu entender, «os aumentos das rendas que estão ser realizados são injustos e injustificáveis», sobretudo tendo em conta que «quase metade de todos os proprietários não tem hipoteca e muitos não serão afectados pela subida das taxas hipotecárias».
Sem congelamentos, haverá despejos e pessoas na rua
Para este sábado, estavam marcados protestos em Londres e Manchester. Uma das reivindicações é a de que o governo do Reino Unido proceda a um congelamento das rendas das casas, tal como o fez em Setembro Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, considerando a pressão sobre os orçamentos familiares como uma «emergência humanitária».
O governo do Reino Unido resistiu ao controlo das rendas, afirmando que isso iria conduzir ao «desinvestimento no sector». Hesse-Clark, do LRU, afirmou este sábado que, ao recusar-se a efectuar esse controlo, o governo britânico deixa os inquilinos à mercê dos despejos e em situação de rua.
Os alugueres de casas a preços elevadíssimos ajudaram a tornar a vida dos inquilinos britânicos «incomportável», segundo revelou o periódico The Guardian há alguns dias.
Numa análise que fez, o jornal refere que algumas pessoas estão a enfrentar aumentos até 60% na renda da casa, pelo que pagá-la se torna impossível no contexto mais geral de crise e com o salário médio no país.
As ameaças de despejo são cada vez maiores, assim como a acusação de «extorsão» por parte dos inquilinos. O receio é o de que a crise dos alugueres rapidamente se torne uma crise de sem-abrigo.
«Quase um milhão de inquilinos estão em risco de ser despejados de suas casas este Inverno, e mais se seguirão», disse Polly Nate, da ONG Shelter.
De acordo com um inquérito feito pela organização, no mês passado mais de 500 mil inquilinos no Reino Unido receberam ordens de despejo ou foram ameaçados nesse sentido, mais 80% do que no mesmo período do ano passado, e 482 mil estavam em situação de atraso no pagamento da renda.
Este sábado, em Hackey (Londres), o LRU exibiu uma faixa em que se lia «Congelem as rendas, não os inquilinos».
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