Evo Morales denunciou ontem que o governo golpista presidido por Jeanine Áñez prepara, em cumplicidadde com os militares, um golpe de Estado para evitar a realização das eleições gerais.
«Denuncio que o general Iván Ortiz Bravo, chefe do departamento terceiro do Comando das Forças Armadas, por instrução do comandante-em-chefe das Forças Armadas, o general Sergio Carlos Orellana, tem um plano de golpe de Estado», advertiu Morales.
Num contacto com a emissora local Kawsachun Coca, para transmitir uma mensagem ao país por ocasião do 195.º aniversário das Forças Armadas, o ex-presidente boliviano disse que a informação lhe chegou de «militares patriotas».
Evo Morales afirmou que o objectivo é formar um «governo civil e militar», com o presumível apoio dos Estados Unidos, de onde chegaram há alguns dias aviões com «material bélico», referiu, acrescentando que «não se sabe se é oferta ou compra». Disse ainda que o grupo de reacção imediata do Exército está mobilizado.
Alerta para possível massacre
Para além disso, Morales Ayma reafirmou a denúncia que fez na semana passada sobre o destacamento de franco-atiradores do regimento de Challapata e Sanandita na cidade de El Alto (departamento de La Paz) e na região do Trópico de Cochabamba para reprimir os protestos populares em defesa da democracia e contra o adiamento das eleições de 6 de Setembro para 18 de Outubro.
O ex-presidente sublinhou que o governo golpista «preparou um decreto supremo para que as Forças Armadas intervenham ao lado da Polícia no desimpedimento dos cortes de estradas», tendo alertado que «pretendem utilizar armas de calibre 22 e 25» para que depois digam que foram os manifestantes que se mataram entre si.
Recorde-se que, em 2019, um decreto semelhante propiciou os massacres, perpetrados por militares e polícias, de Senkata e Sacaba, onde os manifestantes exigiam de forma pacífica o regresso de Evo Morales à presidência, na sequência do golpe de Estado de Novembro desse ano.
Segundo Morales, o governo de Áñez está também a preparar um plano para ocupar as instalações de algumas estações de rádio, nomeadamente a Radio Kawsachun Coca. «Querem tomar os órgãos de comunicação que informam com verdade e nos dão cobertura», frisou.
Neste sentido, pediu às bases populares que se organizem em comités de defesa ou vigílias, de modo a defender as rádios comunitárias no país andino.
Dirigindo-se aos militares, saudou os soldados do Exército que o acompanharam «para garantir as nacionalizações, o projecto económico», bem como aqueles que, estando nos quartéis, «estão a pensar mais no seu povo, em libertá-lo e não reprimi-lo». «Aos soldados da pátria que estão ao serviço do seu povo, junto ao seu povo, mil felicidades», disse.
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