«Não bombardear o Irão apesar das constantes ameaças significou o nível de consciência de quão catastrófico seria o resultado para Israel», disse à PressTV, esta sexta-feira, Giorgio Cafiero, director-executivo da Gulf State Analytics, uma empresa de consultoria sediada em Washington.
Cafiero lembrou que, desde os anos 90, Israel «tem ameaçado bombardear as instalações nucleares iranianas», mas sem nunca o ter feito.
No que concerne à ameaça de Joe Biden de utilização da força em último caso, «é duvidoso que tanto os EUA como Israel ataquem as instalações nucleares iranianas», disse o analista, que colabora com o Middle East Institute e com diversos órgãos de comunicação do mundo árabe e islâmico.
«Actuar dessa forma seria demasiado arriscado para os EUA ou para Israel – daí que as administrações de Trump, Obama e George W. Bush tenham todas optado por não o fazer», disse.
Esta quinta-feira, o presidente norte-americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, subscreveram a Declaração Conjunta de Jerusalém de Parceria Estratégica EUA-Israel, já commumente designada como Declaração de Jerusalém, em que se sublinha o compromisso de Washington de «nunca permitir que o Irão aquira a arma nuclear», recorrendo a todos os meios para assegurar esse resultado.
Sobre a declaração estratégica, Cafiero destacou que há poucas diferenças entre Biden e o seu predecessor, Donald Trump, tendo referido que ambos «estão alinhados muito de perto com o governo israelita em relação ao Médio Oriente».
«Isto é particularmente assim quando se trata do Irão e dos Acordos de Abraão», frisou, referindo-se aos acordos de normalização de relações, mediados pelos Estados Unidos, entre Israel e alguns países árabes – que outros encaram como uma traição.
Uma ameaça ao Irão e a todo o Médio Oriente
Também esta sexta-feira, Nasser Kan'ani, porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, criticou a declaração conjunta de Joe Biden e Yair Lapid, afirmando no Twitter que demonstra o «compromisso firme dos EUA com a segurança de Israel e com a manutenção da sua supremacia militar».
«Não se enganem: o alvo não é apenas o Irão, mas os países árabes e islâmicos devem sempre inclinar-se perante a superioridade do regime sionista», acrescentou. Desta forma, «a principal fonte de ameaça para a região é bastante clara», disse.
Facções palestinianas rejeitam acordo entre EUA e Israel
Vários grupos palestinianos da resistência repudiaram a chamada Declaração de Jerusalém, que classificaram como um «novo instrumento da ocupação».
Em comunicado, o Hamas afirmou que se trata de outro capítulo na perpetuação da ocupação e do terrorismo dirigido «contra a nossa terra, o nosso povo e os nossos lugares sagrados», refere a Al Mayadeen.
O movimento de resistência alertou para os perigos contidos no texto e apelou a todas as forças palestinianas para que não cedam às pressões de Washington.
Por seu lado, o secretário-geral da Jihad Islâmica, Ziad al-Nakhala, destacou numa nota de imprensa que os resultados da visita de Biden ao Médio Oriente «são conhecidos de antemão pelo povo palestiniano» e que os EUA apenas pretendem garantir os seus interesses e proteger Israel.
Já a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) denunciou que a declaração é um convite a novas guerras regionais, «que apenas servem os interesses imperialistas dos Estados Unidos», e que o objectivo último é controlar a riqueza energética dos países árabes.
Para a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), a declaração agora firmada é a «continuação da agressão contra o povo palestiniano e os seus direitos nacionais»
As ameaças lançadas pelo presidente norte-americana serão derrubadas «pela resistência e firmeza do nosso povo e dos povos da região e das forças de resistência», afirmou a FPLP, alertando que a tentativa de «apresentar o Irão como um inimigo» é uma «desculpa para dividir a região, saquear as suas riquezas e colocar os seus povos uns contra os outros».
Israel bombardeia a Faixa de Gaza
Aviões da Força Aérea israelita lançaram esta madrugada novos ataques contra o enclave costeiro palestiniano, alegando que o alvo foram instalações subterrâneas que o Hamas utiliza para o fabrico de materiais para rockets.
Vídeos e fotos divulgados nas redes sociais mostram grandes colunas de fogo em locais não especificados na Faixa de Gaza.
Segundo revelam a PressTV e outras fontes, antes do ataque israelita as forças da resistência palestiniana terão lançado quatro rockets para o Sul de Israel. Não há registo de estragos ou vítimas.
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