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Desenvolvimento humano retrocedeu em dois anos consecutivos

O Índice de Desenvolvimento Humano – que mede a saúde, a educação e o nível de vida de um país – retrocedeu dois anos consecutivos pela primeira vez em três décadas, revelou uma agência da ONU.

A Somália enfrenta um risco de fome sem precedentes, segundo as Nações Unidas 
CréditosFardosa Hussein / ONU

O progresso humano retrocedeu para níveis de 2016, segundo um relatório agora publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que alerta para um mundo atravessado por múltiplas crises.

Muitas regiões foram afectadas pelo aprofundamento da crise, em particular a América Latina, as Caraíbas, a África Subsaariana e Sul da Ásia, e em 90% dos países deterioram-se indicadores como a esperança de vida, a educação e a economia.

De acordo com Achim Steiner, que lidera o PNUD, as «soluções rápidas», que tendem a centrar-se no subsídio dos combustíveis fósseis para fazer frente às crises de custo de vida e de energia, são «tácticas de alívio» que «estão a atrasar as mudanças sistémicas a longo prazo».

Neste contexto, Steiner pediu um sentido renovado de solidariedade mundial para enfrentar «desafios comuns e interligados», reconhecendo, no entanto, que a comunidade internacional está actualmente «paralisada na realização dessas mudanças».

Pela primeira vez nos 32 anos em que o PNUD calcula o Índice de Desenvolvimento Humano, o indicador diminuiu globalmente durante dois anos consecutivos, assinala o relatório, que alerta para um novo «complexo de incerteza».

«As ondas sucessivas de novas variantes de Covid-19 e os avisos de que as pandemias futuras são cada vez mais prováveis ajudaram a compor uma atmosfera generalizada de incerteza», que aumenta em função da acelerada mudança tecnológica e dos receios em torno da crise climática, anota o texto.

O relatório sublinha igualmente as oportunidades que existem nas incertezas e a possibilidade de traçar um novo caminho.

Para tal, o autor do relatório, Pedro Conceição, considera necessário duplicar o desenvolvimento humano e criar ferramentas além das relacionadas com a melhoria da riqueza ou com a saúde das pessoas.

Esses pontos mantêm-se importantes, mas, segundo Conceição, a eles é preciso juntar outros como a protecção do planeta e instrumentos eficazes que façam as pessoas sentir-se mais seguras e as ajudem a recuperar a sensação de controlo sobre as suas vidas e a ter esperança.

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