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|guerra de agressão

Depois da Ucrânia, fronteiras são disputadas em toda a região

Pelo menos 300 pessoas morreram, desde 13 de Setembro, na sequência de confrontos entre a Arménia e o Azerbeijão. Conflitos eclodiram, em simultâneo, entre o Quirguistão e o Tajiquistão, matando uma centena de pessoas.

Milhares de pessoas acodem aos funerais de militares do Azerbaijão mortos durante confrontos com tropas arménias, na fronteira entre os dois países. Baku, Azerbaijão, 14 de Setembro de 2022
Milhares de pessoas acodem aos funerais de militares do Azerbaijão mortos durante confrontos com tropas arménias, na fronteira entre os dois países. Baku, Azerbaijão, 14 de Setembro de 2022CréditosRoman Ismayilov / EPA

Combates entre militares do Azerbaijão e da Arménia eclodiram na madrugada da passada terça-feira, dia 13 de Setembro, na região de Lanchin, em vários pontos da fronteira dos dois países do Cáucaso. O governo arménio dá conta de bombardeamentos que atingiram várias cidades, nomeadamente Jermuk, Goris e Kapan, entre outras.

Por seu lado, o Azerbeijão afirma que a artilharia arménia bombardeou as povoações de Zeylik, Elich e Iúkhari Airym, da região de Kelbadjar, acusando Erevan de querer sabotar a negociação de um acordo de paz.

As duas partes acusam-se mutuamente, responsabilizando o outro lado pelos ataques que prosseguiram nos dias seguintes, apesar de ter sido obtido um primeiro acordo de cessar-fogo entre os litigantes. Desde dia 16 de Setembro, Azerbaijão e Arménia voltaram a aceitar uma suspensão das hostilidades, que se mantém precária até ao dia de hoje.

Até ao momento, fontes oficiais apontam para a morte de 207 militares arménios e 77 militares azeris, números que ambos os lados esperam vir a aumentar. Ainda não foi possível confirmar a veracidade de vídeos que circulam, alegadamente, entre militares azeris, retratando graficamente a tortura e o assassinato de enfermeiras arménias, detidas pelo Azerbeijão.

Em termos internacionais, o conflito expôs, uma vez mais, cisões no seio da NATO. Enquanto a Turquia expressa o seu apoio incondicional ao Azerbeijão: «nunca o iremos abandonar», afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros turco; Nancy Pelosi, em visita à Arménia este fim-de-semana, condenou os «ataques ilegais e mortíferos» cometidos contra o país.

A Organização do Tratado de Segurança Colectiva, aliança militar intergovernamental criada em 1992 (Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia e Tajiquistão), enviou o seu secretário-geral, Stanislav Zas, para mediar a situação.

Em declarações proferidas hoje, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, criticou as declarações «sonoras» de Pelosi, considerando que as «acções e declarações de grande visibilidade não contribuem realmente para a normalização da situação».

Décadas de tensão fronteiriça

Este é o episódio mais grave entre os dois países desde a guerra de seis semanas, em 2020, em torno do enclave de Nagorno-Karabakh e zonas adjacentes ao território que a Arménia tinha anexado. Esse confronto culminou com a recuperação, por parte do Azerbaijão, dos territórios anexados pela Arménia e de parte do enclave de Nagorno-Karabakh, num saldo total de mais de 6 500 mortos.

A guerra de 2020 levou à maior alteração no terreno – reflectida no acordo de 10 de Novembro de 2020, mediado pela Rússia – desde o cessar-fogo de 1994, há mais de 30 anos, no período final da União Soviética.

Depois dos ataques de 13 de Setembro, a Arménia tem acusado Baku de ocupar ilegalmente áreas do seu território, incluindo de 10 quilómetros quadrados de território.

Segundo alguns observadores, os objectivos do Azerbeijão passam pelo fim da «independência» do Nagorno-Karabakh e o retorno integral do enclave à gestão soberana do Azerbaijão, permitindo a passagem directa para o território da região autónoma de Nakhichevan (parte do Azerbaijão) e da Turquia (sua aliada), através de território arménio.

Fronteiras em chamas

Para além da guerra na Ucrânia, o agravamento do conflito entre o Azerbaijão e a Arménia coincidiu com a deterioração do conflito fronteiriço entre outras duas ex-repúblicas soviéticas: o Quirguistão e o Tajiquistão.  

Mais de um terço da fronteira que divide os dois países é disputada desde o fim da União Soviética, em 1991. Também nesta situação o Quirguistão e o Tajiquistão se acusam mutuamente de usar tanques, morteiros, artilharia de foguetes e drones, nomeadamente contra alvos civis.

O cessar-fogo de sexta-feira, no entanto, pode não ter conseguido travar a espiral de violência. Até ao momento, dados oficiais de ambos os países apontam para a morte de 46 cidadãos no Quirguistão e 35 no Tajiquistão.

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