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|Reino Unido

Coelhos da Páscoa com trabalho infantil no Gana

Um documentário do Channel 4 mostra imagens de crianças no Gana, algumas com dez anos de idade, com machetes nas mãos, a trabalhar nas quintas de produção de cacau que abastecem a Cadbury.

Criança com machete e cacau numa quinta no Gana  
Criança com machete e cacau numa quinta no Gana  Créditos / Channel 4

O programa «Dispatches», do canal britânico Channel 4, obteve imagens de crianças a trabalhar com facas e machetes em quintas de produção de cacau que abastecem o gigante da alimentação Mondelez, dono da Cadbury.

Estas novas alegações ocorrem mais de duas décadas depois de a indústria do chocolate ter declarado que ia acabar com o trabalho infantil nas quintas de produção de cacau.

Ayn Riggs, fundadora e directora da organização Slave Free Chocolate, que luta pelo fim do trabalho infantil nas quintas de cacau, comentou ao The Observer que «é horrível ver estas crianças a utilizar machetes compridas, às vezes com metade da sua altura».

«As empresas do chocolate prometeram fazer uma limpeza há mais de 20 anos», disse, acrescentando: «Sabiam que estavam a lucrar com o trabalho infantil e fugiram às suas promessas.»

As alegações sobre a Cadbury surgem num momento em que milhões de libras são gastas no Reino Unido, com o aproximar da Páscoa. O The Guardian revela que só em ovos da Páscoa são gastos mais de 358 milhões de euros, sendo que o mercado do chocolate representa sete mil milhões de euros no Reino Unido, de acordo com uma pesquisa de mercado realizada pela empresa Mintel.

«Não deve ser aceitável» mas... lucros elevados e pouco dinheiro pago à produção

No entanto, a Cadbury paga muito pouco pelo cacau, o que, refere o «Dispatches», leva os agricultores a empregar crianças. Por cada barra de chocolate de 1,20 euro, apenas 13 cêntimos chegam ao agricultor.

A Mondelez, dona da Cadbury e que o ano passado teve lucros globais a rondar os quatro mil milhões de euros, tem um programa de sustentabilidade designado Cocoa Life, cujo logotipo aparece nos seus produtos, incluindo os da Cadbury, afirmando: «Nenhuma quantidade de trabalho infantil na cadeia de fornecimento do cacau deve ser aceitável.»

Ao abrigo desse programa, a Modelez tinha abrangido, até ao final de 2020, mais de 167 mil quintas de produção de cacau que abastecem o seu negócio no Gana, na Costa do Marfim, na Indonésia, na República Dominicana e no Brasil, indica o The Guardian.

Ao ser confrontada com as imagens reveladas pelo programa «Dispatches», a empresa manifestou-se «profundamente preocupada», defendeu o «bem-estar» das crianças e das famílias, e comprometeu-se a investigar a situação.

Indústria do chocolate, pobreza e trabalho infantil

O Gana é o segundo maior produtor de cacau, depois da Costa do Marfim, e a colheita é uma das suas exportações mais importantes.

Apesar de em 2001 a indústria do chocolate ter decidido acabar com o trabalho infantil nas quintas do cacau, envolvendo grandes empresas como a Nestlé, a Mars Wrigley e a Mondelez, o «protocolo» demorou a ser aplicado e mesmo o objectivo de reduzir em 70% as piores formas de trabalho infantil na África Ocidental, em 2020, não foi alcançado, revela o The Guardian.

Um estudo do grupo de investigação NORC, da Universidade de Chicago, em 2020, mostrou que mais 1,5 milhão de crianças estavam envolvidas na indústria do cacau no Gana e na Costa do Marfim.

Joanna Ewart-James, directora da Freedom United, uma ONG que luta pelo fim do trabalho infantil na cadeia de abastecimento do cacau, destacou que a escravidão e o trabalho infantil marcam a indústria do cacau na Costa do Marfim e no Gana porque os agricultores são pobres e não têm rendimentos suficientes para contratar a força de trabalho de que necessitam.

De acordo com a ONG, a Mondelez, tal como outras empresas, investiu em iniciativas comunitárias para combater o trabalho infantil, mas precisa de pagar mais aos agricultores pelo cacau.

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