Mensagem de erro

User warning: The following module is missing from the file system: standard. For information about how to fix this, see the documentation page. in _drupal_trigger_error_with_delayed_logging() (line 1143 of /home/abrilabril/public_html/includes/bootstrap.inc).

|Afeganistão

Chefias militares britânicas «querem esconder crimes de guerra» no Afeganistão

O escritor e jornalista Robert Fantina defende que os comandantes britânicos estão a tentar esconder a realidade dos crimes cometidos pelas forças sob o seu comando no Afeganistão.

Tropas britânicas numa operação na província afegã de Helmand em Maio de 2013 
Tropas britânicas numa operação na província afegã de Helmand em Maio de 2013 Créditos / PressTV

Numa entrevista à PressTV, o jornalista de nacionalidade canadiana e norte-americana, que se define como anti-imperialista e activista pró-Palestina, acusou os comandantes militares do Reino Unido de estarem a tentar «esconder a verdade sobre os seus crimes de guerra» no país da Ásia Central.

Para Fantina, as chefias militares britânicas querem que «as pessoas pensem que os militares são nobres que andam pelo mundo a salvar a vida das pessoas», mas «isso é uma mentira e um mito completo para esconder a selvajaria que realizaram no Afeganistão».

Esta tentativa de esconder «a realidade dos crimes cometidos pelas forças sob o seu comando» existe, apesar de «as chefias saberem que não serão responsabilizadas nos tribunais pelos crimes».

«Não há que prestar contas pelos militantes e isso deixa via livre aos militares para cometerem os crimes que quiserem», denunciou Fantina.

Em Julho deste ano, a BBC publicou uma investigação de acordo com a qual militares britânicos de uma força de elite – Serviço Aéreo Especial (SAS) – mataram civis afegãos desarmados a sangue frio.

Publicação da BBC e anúncio de inquérito sobre «actos repreensíveis»

Recentemente, as Forças Armadas britânicas anunciaram que iriam lançar uma investigação sobre as informações que dão conta de que as suas forças especiais realizaram uma série de execuções extrajudiciais no Afeganistão.

O ministro britânico da Defesa, Andrew Murrison, disse, há uma semana, que o inquérito independente, cujo início está previsto para o começo do próximo ano, se irá centrar nas denúncias de actos repreensíveis alegadamente levados a cabo pelas Forças Armadas britânicas durante operações de detenção no Afeganistão entre meados de 2010 e meados de 2013.

O inquérito, revelou o ministro, também avaliará a «adequação das investigações subsequentes» por parte do Ministério da Defesa do Reino Unido sobre as alegações de irregularidades, incluindo assassinato.

Robert Fantina não se mostrou muito impressionado com o anúncio do inquérito, que classificou como um «espectáculo». «Não se trata de uma falha no sistema; o sistema está a funcionar da maneira que os governos querem que funcione», disse o jornalista na entrevista à PressTV.

Os governos «querem evitar a investigação cronológica, esperando que as pessoas se esqueçam das histórias, e depois podem varrer estas atrocidades para debaixo do tapete e cometê-las outra vez», criticou.

O inquérito segue-se ao «escândalo» e protesto generalizado que a investigação da BBC provocou. Com base em relatórios e testemunhos de militares, a cadeia britânica afirma que 54 pessoas foram mortas em circunstâncias suspeitas na província afegã de Helmand, por uma unidade do SAS, durante uma operação de seis meses, entre 2010 e 2011.

Indivíduos que estiveram no esquadrão referido nesse período disseram à BBC que viram membros do SAS a matar pessoas desarmadas durante operações nocturnas.

«O inquérito devia ter sido lançado há muito»

Tessa Gregory, do escritório de advogados britânico que representa as famílias dos falecidos, defendeu que o inquérito devia ter sido lançado há anos.

«As alegações de assassinatos extrajudiciais e de encobrimento são de tal modo graves, e as preocupações expressas simultaneamente pelo Exército britânico e afegão e por uma organização internacional respeitável a trabalhar no terreno no Afeganistão eram tão sérias e tão generalizadas que um inquérito devia ter sido lançado pelo governo há anos», disse a advogada, citada pela PressTV.

Já as famílias de oito pessoas alegadamente mortas pelas forças especiais britânicas em duas operações no Afeganistão, em 2011 e 2012, congratularam-se com o inquérito, afirmando que estão à espera de justiça há dez anos.

Por seu lado, o jornalista, comentador e escritor anti-imperialista Fra Hughes, residente em Belfast (Irlanda do Norte), disse à PressTV que o «governo do Reino Unido não quer que a população do país saiba aquilo que está a ser feito em seu nome pelo Exército e pelos seus serviços especiais na Terra».

Os mais de 40 anos de guerra e 20 de ocupação militar do Afeganistão – promovidas pelos EUA com o pretexto de combater os soviéticos, primeiro, e o terrorismo, depois – deixaram o país arrasado e empobrecido, e muitos milhares de civis mortos, incluindo menores.

As tropas da NATO, com os EUA à cabeça, são acusadas de terem perpetrado vários massacres de civis e execuções extrajudiciais em território afegão durante a ocupação do país.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui