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Cantos, marchas e cerimónias para celebrar os 43 anos da Revolução Sandinista

A 19 de Julho ocorrem as cerimónias oficiais e as felicitações dos países não alinhados com Washington já começaram a chegar a Manágua. Nas ruas, a festa dura há vários dias, para lembrar a insurreição sandinista.

Festa no Bairro de San Judas, em Manágua, a 18 de Julho de 2022 
Festa no Bairro de San Judas, em Manágua, a 18 de Julho de 2022 Créditos / @KawsachunNews

As felicitações ao povo e ao governo da Nicarágua pelo 43.º aniversário da revolução que deu força ao povo na América Central começaram a chegar ontem, da parte de representantes governamentais, embaixadores, partidos e organizações de esquerda de vários pontos do mundo.

Hoje, têm lugar as cerimónias oficiais, com a participação do chefe de Estado, Daniel Ortega, mas nas ruas a alegria, a memória do triunfo da revolução e a solidariedade com povos em luta já se sente há vários dias.

Em Matagalpa, no dia 17, milhares de pessoas encheram as ruas num tributo aos mártires da revolução, no meio de um mar de vermelho e negro – as cores da Frente Sandinista –, de bandeiras nacionais e das da China, da Rússia, do Irão, de Cuba e da Venezuela.

O dia 17 de Julho de 1979 ficou marcado pelo «trilho de botas, uniformes e espingardas dos que abandonavam o traje [militar] para se disfarçarem de civis e fugirem», como lembrou o escritor e advogado nicaraguense Alejandro Bravo. O ditador Anastasio Somoza, apoiado pelos «gringos», e a sua Guarda Nacional renderam-se. Somoza fugiu para Miami.

Teatro Rubén Darío, em Manágua, cantou o triunfo da revolução / Prensa Latina

Por isso, 17 de Julho é conhecido como Dia da Alegria e as ruas enchem-se de festa. Na autoestrada de Masaya, realizou-se uma caravana com milhares de motoqueiros. Ontem, véspera do 19 de Julho, a festa saiu à rua pelo país fora, como no Bairro de San Judas, em Manágua, onde não faltaram bandeiras da Palestina (e da Rússia).

Cantos à Revolução

O Teatro Rubén Darío voltou a ser palco do tradicional concerto «Cantos a la Revolución», agora em forma presencial, depois do carácter virtual imposto pela pandemia e do elitismo imposto pela ditadura.

Ramón Rodríguez, director da instituição cultural, lembrou isso mesmo à imprensa, ao afirmar que é «graças à vitória revolucionária que o teatro é actualmente um lugar popular, pois antes era um sonho pensar num concerto deste tipo».

No passado dia 16, numa sessão a que assistiram centenas de nicaraguenses que apoiam o processo da FSLN, foram interpretadas canções de autores nacionais e estrangeiros.

«Cuba, que linda es Cuba», de Eduardo Saborit, ou «Y en eso Llegó Fidel», de Carlos Puebla, foram alguns dos temas cantados e aplaudidos, num espaço onde, refere a Prensa Latina, também se ouviram vivas a Cuba, à Venezuela e à Nicarágua.

19 de Julho, o triunfo da Revolução Sandinista

A 19 de Julho de 1979, a guerrilha da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e o povo nicaraguense que a apoiou entraram na capital e consolidaram o triunfo revolucionário, dois dias depois de o ditador ter fugido do país e a Guarda Nacional se ter rendido.

Os dias que se seguiram foram como «ter tocado o céu com as mãos», disse em tempos um dos fundadores da FSLN, Tomás Borge (1930-2012).

Caravana de motoqueiros na autoestrada de Masaya / @KawsachunNews

O triunfo da revolução, que, como a cubana, foi ganha de armas na mão, tinha como objectivo principal defender o povo – oprimido e empobrecido pela ditadura – e erradicar a pobreza.

Foi sob este prisma que arrancou a Cruzada Nacional de Alfabetização, promovida pelo governo sandinista logo após o triunfo da revolução e que permitiu reduzir o analfabetismo no país de níveis superiores a 50% para 12% – um avanço que foi reconhecido pela Unesco em 1981.

Combater a pobreza, garantir a educação e a saúde, distribuir terras entre os agricultores, valorizar a cultura eram elementos que faziam parte do projecto sandinista – que de imediato começou a ser combatido pela administração de Ronald Reagan, a Agência Central de Inteligência (CIA) e os mercenários de «la contra».

A gratuitidade da saúde para todo o povo da Nicarágua foi declarada com a chegada ao poder da FSLN, em 1979, e, com o novo modelo, foi possível acabar com a poliomelite (em 1982) e controlar doenças como a tosse convulsa e o sarampo.

Com o triunfo da revolução e as políticas a favor do povo, muitos nicaraguenses tiveram acesso à habitação, a água potável e saneamento. Além disso, foi construída uma extensa rede rodoviária em excelentes condições (mais de 5000 quilómetros), bem como outras estradas e caminhos, e alargou-se a cobertura da rede eléctrica nacional, que hoje abrange a quase totalidade do território (99,2%).

As mulheres passaram a assumir um papel mais destacado na sociedade, a nível social, político e económico, e a segurança aumentou – ao ponto de a Nicarágua ocupar o primeiro lugar entre os países centro-americanos, de acordo com a TeleSur.

Nestas mais de quatro décadas, os avanços são inegáveis, a vários níveis. Destaca-se a Educação gratuita e de qualidade, também pelo investimento público milionário na melhoria de infra-estrututas e na construção de novas escolas e universidades.

Marcha em Matagalpa, no dia 17 de Julho de 2022 / @KawsachunNews

Também a cobertura universal da Saúde, uma área em que houve uma grande aposta na construção de infra-estruturas (ao nível dos cuidados primários, centros de saúde, hospitais nacionais e departamentais). A mortalidade materna diminuiu 59% entre 2006 e 2018, e a mortalidade infantil, 58%, segundo refere a TeleSur.

Outros aspectos em destaque são a democratização da propriedade da terra e a habitação, sobretudo por via do programa Bismarck Martínez, iniciativa governamental criada em 2018, que tem como objectivo entregar habitações dignas a milhares de famílias nicaraguenses.

O combate à pobreza (que foi reduzida de 48% para metade) e à pobreza extrema (que diminuiu 20%, passando para 6,3%, segundo dados da TeleSur) esteve e continua a estar entre as metas dos sandinistas.

Perspectivas e desafios

Em declarações à Prensa Latina, o analista Jorge Capelán entende que o país centro-americano vai crescer de forma sólida e acelerada nos próximos dez anos, tendo em conta as suas relações com a China.

Já Manuel Espinoza, director do Centro Regional de Estudos Internacionais, entende que o principal perigo são os Estados Unidos, pois as «suas agências não dormem» quando se trata de desestabilizar a Nicarágua.

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