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Óscar Lopes, homem «integral»

O centenário do nascimento de Óscar Lopes, combatente antifascista e um dos grandes historiadores da literatura portuguesa, motivou uma exposição que se inaugura esta quinta-feira, no Clube dos Fenianos Portuenses, na Invicta.

Óscar Lopes faleceu a 22 de Março de 2013, com 96 anos
Óscar Lopes faleceu a 22 de Março de 2013, com 96 anos Créditos

Óscar Luso de Freitas Lopes nasceu em 1917 em Leça da Palmeira. Licenciado em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras de Lisboa, em 1941, e mais tarde em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra, cursou no Conservatório de Música do Porto e no Instituto Britânico daquela cidade. 

Autor de uma vasta e diversificada obra na área da Linguística e da crítica literária, o ensaísta Óscar Lopes tem na Gramática Simbólica do Português um dos seus mais reconhecidos trabalhos.

A entrada na docência na Faculdade de Letras do Porto fez-se tarde, fruto da sua militância no PCP. Antes disso foi professor do Ensino Secundário, entre 1941 e 1974, afirmando-se como um crítico exigente e um versátil e rigoroso ensaísta, versando sobre história, literatura e filosofia. 

A par do notável trabalho intelectual, Óscar Lopes participou activamente, desde 1942, em vários movimentos democráticos antifascistas e na luta pela paz. 

Preso duas vezes pela PIDE, a primeira das quais em 1955, no âmbito do processo dos partidários da paz, foi durante largos anos impedido de sair do País, proibido de publicar em nome próprio e impedido de leccionar no ensino oficial. Óscar Lopes não cedeu à repressão fascista de Salazar e, logo a seguir à Revolução dos Cravos, foi eleito presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo exercido o cargo de vice-reitor. 

No PCP, partido em que militou desde os 28 anos, Óscar Lopes foi eleito para o Comité Central no VIII Congresso, realizado em 1976, onde permaneceu até 1996. Foi eleito à Assembleia Municipal do Porto e deputado à Assembleia da República.

Homem de Cultura

Do seu currículo destaca-se ainda a colaboração com revistas, como a Vértice, Seara Nova, e nas publicações das Faculdades de Letras do Porto e de Lisboa. Enquanto crítico literário colaborou com vários jornais diários nacionais, como o Jornal de Letras, e internacionais, designadamente no Brasil, o Estado de S. Paulo.

Prefaciou obras de Jorge Amado, Guimarães Rosa e de vários escritores portugueses, entre os quais Urbano Tavares Rodrigues, Eugénio de Andrade e de Manuel Tiago, pseudónimo usado por Álvaro Cunhal no romance Até amanhã, camaradas. Presidiu à Associação Portuguesa de Escritores, dirigiu a Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto e foi um dos fundadores da Universidade Popular do Porto.

Em 1985 a Associação Portuguesa dos Críticos Literários atribuiu-lhe o Prémio Jacinto Prado Coelho. Óscar Lopes reagiu assim: «De qualquer modo, aproveito para declarar mais uma vez que não perfilho nem a estética, nem a filosofia da ambiguidade. Por muito confusa e indecisa que seja a nossa experiência humana, palavras como eu e nós carregam toda a evidência de uma complexa história de assimilação ou acomodação, e palavras como aqui e agora ligam-se à evidência de enquadramentos, dentro dos quais se nos impõe fazer qualquer coisa, entre um passado que está ainda presente sob a forma de resultados e representações, e um futuro evidenciado por um conjunto presente de expectativas a ponderar, e de alternativas a escolher». 

Para homenagear esta «figura maior da cultura portuguesa», o PCP organizou uma exposição que se inaugura esta quinta-feira, pelas 18h, no Clube dos Fenianos Portuenses, junto à Câmara Municipal do Porto, com a participação do dirigente comunista Albano Nunes. A mostra estará patente ao público até 2 de Maio. 

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