No Centro de Arte e Cultura1 da Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, é apresentada a exposição «Unreliable Memories» de Lev Manovich, que pode ser visitada até dia 2 de junho de 2024.
Lev Manovich é um dos nomes de referência para a arte e culturas digitais, além de professor, teórico e historiador, é também artista, apresentando nesta exposição obras criadas com recurso a ferramentas de inteligência artificial (IA) e desenhos originais, nunca antes expostos.
Nesta exposição, o artista apresenta sete séries de imagens, seis delas ilustram os processos envolvidos no funcionamento da IA, tendo como ponto de partida, para cada uma das obras, uma vasta base de dados, entre imagens pessoais e imagens da história da arte, assim como mensagens de texto, num complexo processo generativo com «centenas ou milhares de elementos de formas distintas, únicas e muitas vezes surpreendentes», de onde «seleciona apenas um pequeno número e depois aperfeiçoa cada imagem num software de edição de fotografias, muitas vezes ao longo de meses», segundo o texto do curador José Alberto Ferreira.
Acerca da série Drawing Rooms, apresentada neste artigo, o artista revela-nos que podemos ver «jovens a falar, a fumar ou simplesmente a olhar para o ar», mas o que lhe interessa «são os espaços interiores que estes habitam, a acumulação dos objetos e os detalhes desses espaços». E mais adiante diz-nos que «poderemos ver a acumulação de objetos infinitos da série como uma metáfora da IA generativa em geral. Estes são fragmentos de fragmentos, depósitos de formas já desfeitas», acrescentando Manovich, em jeito de resumo, que «ao quebrar a cultura humana histórica em fragmentos, obtemos nossa nova cultura de "IA generativa". Os fragmentos que você vê nesta série de imagens - rompendo a cela, cobrindo o chão, flutuando no espaço reunidos em estranhas "nuvens" e assim por diante - podem ser vistos como uma metáfora para esse processo. Talvez nessas imagens a IA queira revelar-se para nós - para nos lembrar que a aparente materialidade das cenas sintetizadas é ilusória e passageira, e por trás dela há infindáveis detritos da história cultural humana.»
No Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida podemos ainda visitar a exposição de fotografia «O Tempo de Todas as Perguntas» de Alfredo Cunha. Esta exposição pode ser visitada até 6 de outubro e tem a curadoria de Patrícia Reis, que revela ter proposto a Alfredo Cunha «uma exposição com um conjunto de fotografias de crianças da década de 70, elas que iriam viver os 50 anos de democracia e não sabiam, ainda, o que a vida reservava. Algumas teriam, certamente, noção de dificuldades de ordem diversa, talvez mesmo todas as que escolhemos, para compor O Tempo de Todas as Perguntas (…)».
A exposição coletiva «ARTISTAS COM O 25 DE ABRIL» vai decorrer nos espaços da Cooperativa Diferença2, em Lisboa, até 15 de maio de 2024. Esta exposição organiza-se «em 3 espaços da cooperativa - na fachada da galeria onde serão novamente colados os cartazes produzidos em 1979, na sala pequena quadrada e na sala grande triangular – onde serão expostos os trabalhos de artistas que já foram sócios ou que já expuseram na Diferença, artistas convidados, alguns sócios da Diferença e artistas emergentes convidados.», segundo o texto da exposição assinado por Cristina Ataíde e Rita Filipe.
No convite aos artistas sugeriu-se «uma exposição de cartazes, serigrafias, colagens, fotografias, desenhos ou pinturas em papel a afixar nas paredes ou a suspender do teto, mas também são possíveis e bem-vindos, outros suportes ou peças tridimensionais a expor no espaço da galeria, interior e exterior, respeitando as técnicas e formas de expressão próprias de cada artista.»
No âmbito desta exposição recorda-se que os cartazes editados em 1979, onde se dizia em letras grandes impressas a preto sobre branco: «ARTISTAS COM O 25 DE ABRIL», além de serem assinados pela Cooperativa Diferença, também eram assinados pela CAPC de Coimbra, Cooperativa Árvore, Ar.Co e editados pela SEC (Secretaria de Estado da Cultura) e que se realizou na época uma distribuição de flyers nas ruas da baixa de Lisboa e no Mercado do Rato, ficando na memória «pelo tom ativista e engajado dos artistas, de levar a arte à rua e às pessoas, procurando estabelecer diálogos numa perspetiva de "art and life" ou arte participativa.(…) É com este mote que estamos a promover uma exposição comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril na Diferença. Olhando para o Passado, mas também para o Futuro. Para os valores e posturas artísticas de outrora, mas também para novas causas e processos criativos artísticos próprios do nosso tempo…»
Na Casa Antero de Quental3, em Vila do Conde, podemos visitar a exposição de registos visuais «De Passagem – Moçambique 1970–1973», de Mário Martins, que decorre até 31 de maio. Após o lançamento do livro com o mesmo título apresentado em 2022 na Biblioteca Municipal de Vila do Conde, surge-nos agora esta exposição com fotografias e textos, que representa mais um contributo para revisitarmos os registos de uma experiência vivida do que foi o período do fascismo e do colonialismo no nosso país e das marcas que deixou em diversas gerações, que direta ou indiretamente a viveram, para que a memória coletiva não se perca e não se apague.
Segundo Maria José Lobo Antunes, antropóloga e investigadora, «não se trata de um soldado que fotógrafa (ou deixa que o fotografem em recordações visuais), mas sim de um fotógrafo que perscruta a condição militar temporária e o novo território em que se encontra. [...] O cuidado pessoal e técnico colocado nestas composições revela o segundo aspeto notável desta coleção: a resistência visual ao regime e ao colonialismo. [...] Em terceiro e último lugar, resulta de anos de revisitação e reflexão.».
Aniceto Afonso, Capitão de Abril e historiador também escreveu sobre estes registos, referindo que «cada fotografia coloca-nos perante quadros repetidos de experiências que sobrevivem em nós, enquanto participantes do mesmo tempo e do mesmo ambiente. Lembra-nos uma vivência que se atravessou no nosso caminho, sem que a desejássemos ou a tivéssemos escolhido. [...] Nós só temos de as apreciar e de refletir sobre o mundo que elas representam e que hoje reclama a nossa solidariedade.»
A Galeria Municipal Jovem, no Palácio da Quinta Municipal da Piedade4, em Póvoa de Santa Iria, apresenta a exposição «Através da Forma» até 1 de junho. Nesta exposição são mostrados diferentes exercícios de gravura, resultantes da residência artística MEET’Arte, que teve lugar na Quinta Municipal de Subserra em março.
Acerca da exposição é referido, no texto da exposição, que «sob orientação da artista visual e muralista Mariana Duarte Santos, os residentes exploraram o tema «Transformação», no qual foram guiados pelo mundo da linogravura, explorando uma técnica que remete aos primórdios da impressão. Nos exercícios, o desenho foi sendo transformado após cada impressão, carimbando no papel a marca individual e coletiva do espírito criativo que há em cada participante.»
- 1. Centro de Arte e Cultura - Largo do Conde de Vila Flor 7000-804 Évora. Horário: de terça a domingo, 10h-13h / 14h-18h (outubro – abril); de terça-feira a domingo, 10h-13h / 14h-19h (maio – setembro).
- 2. Galeria Diferença - Rua S. Filipe Neri, 42 cv – Lisboa. Horário: terça a sexta das 14h às 19h, sábado das 15h às 20h.
- 3. Casa Antero de Quental - Largo Antero de Quental, 3 4480-719 Vila do Conde. Horário: De terça a domingo, 15h – 19h
- 4. Palácio da Quinta Municipal da Piedade - Avenida Dom Vicente Afonso Valente, 26 | 2625-215 Póvoa de Santa Iria, terça a sábado, 13h-18h
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