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«Movimento suprapartidário» na cultura denunciado como engodo eleitoral

O Manifesto em defesa da Cultura previne: movimento lançado por militantes socialistas visa lançar uma cortina de fumo sobre a responsabilidade do Governo PS no contínuo subfinanciamento da Cultura.

Aspecto da manifestação de trabalhadores das profissões artísticas e da cultura no Rossio, em Lisboa, a 7 de Abril de 2018.
A manifestação de trabalhadores das profissões artísticas e da cultura no Rossio, em Lisboa, a 7 de Abril de 2018, foi considerada a maior jornada de lutas nas Artes, nas últimas décadas.CréditosElsa Figueiredo / Manifesto em defesa da Cultura

O Manifesto em defesa da Cultura (Mdc) reagiu com veemência este sábado «ao anúncio de criação de um movimento “suprapartidário” para uma política cultural» denunciando esta iniciativa como a tentativa do PS de criar «um interlocutor macio» e assim «ocultar a real luta de oposição às suas políticas» na cultura e de «lançar uma cortina de fumo» sobre as suas «responsabilidades» pelo subfinanciamento da cultura, a fim de cumprir os ditames de Bruxelas.

Para o MdC, «o PS e o seu governo deveriam verdadeiramente ocupar-se em assumir a responsabilidade» por uma política de continuidade «com aquela que PSD e CDS já antes tinham posto em prática», em vez de «simular arrependimento no final da legislatura, com claros intentos eleitoralistas», por ter frustado expectativas «de que pudesse divergir e romper com a política de destruição da Cultura, do trabalho na Cultura e dos direitos culturais» levada a cabo anteriormente pela direita.

O «manifesto suprapartidário»

O «manifesto suprapartidário para uma política da cultura», alegadamente lançado por «militantes do PS», como noticia o Público nesta sexta-feira, é segundo o jornal, um «movimento lançado por artistas e outros agentes culturais» para «despertar os partidos políticos para o papel do sector e forçar a sua inscrição nas estratégias e campanhas eleitorais».

O Público publicou a notícia ilustrando-a com uma fotografia de uma das acções de luta do MdC, facto que foi considerado por este uma «utilização abusiva de imagens das suas acções em benefício de uma iniciativa obscura». O jornal já não pôde retirar a imagem da edição de papel, mas substituiu-a, na edição online, por uma anódina foto a preto e branco do Teatro Nacional de São Carlos.

Compreendemos os nossos colegas: não seria fácil encontrar uma acção de rua, participada e dinâmica, na área da Cultura, sem que a mesma fosse organizada pela MdC ou pela Plataforma Cultura em Luta, promovida pelo CENA-STE e outras organizações dos trabalhadores da Cultura.

O Manifesto em defesa da Cultura

O Manifesto em defesa da Cultura (MdC), subscrito inicialmente por cerca de 50 intelectuais de relevo, foi apresentado em 15 de Dezembro de 2011, no Adufe Bar, em Lisboa, com o objectivo de pôr fim a um «rumo de desastre» na política nacional da Cultura, em que uma «austeridade» de nome significava realmente a «imposição de um brutal retrocesso histórico». Anunciou um «tempo de mobilização de toda a inteligência, de toda a criatividade, de toda a liberdade, de toda a cólera» – e cumpriu.

O MdC foi um dos dos mais expressivos, prolongados e dinâmicos movimentos de luta dos intelectuais pela Cultura, unindo e elevando o nível de resistência dos intelectuais às políticas retrógradas do governo do PPD e do CDS-PP.

As vitórias finalmente surgidas nesta área, após o novo quadro parlamentar originado pelas eleições parlamentares de 2015 mas, sobretudo, nos últimos dois anos, muito devem aos seus actores.

«1 por cento para a Cultura» foi a palavra de ordem que animou as suas manifestações e desfiles, e aquilo que pareceu a alguns, então, uma miragem recentemente foi consagrado, pela Assembleia da República, como um desígnio a atingir.

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