Segundo refere o portal Terras de Miranda Notícias, o desfile de grupos mascarados promete pôr as ruas de Mogadouro em alvoroço, com tropelias próprias destas figuras «demoníacas», que tradicionalmente saem à rua por altura do Natal, Ano Novo e Carnaval.
Com «saltos, gargalhadas, gritos, chocalhos e muitas travessuras», o evento começa com um desfile que vai percorrer as principais artérias da vila do distrito de Bragança, tendo como destino final o centro histórico, onde todos os mascarados de origem pagã se reúnem para «fazer barulho», indica o canaln.tv.
«Como nesta altura já houve o desfile destas figuras em cada uma das aldeias do concelho e vizinhos, com excepção das mais carnavalescas, este dia [14 de Janeiro] é o que reúne maior consenso», disse à Agência Lusa a vereadora da Cultura de Mogadouro, Márcia Barros.
À mesma fonte, citada pelo Terras de Miranda Notícias, a autarca revelou que, «até ao momento, estão confirmados duas dezenas de grupos de mascarados vindos das Astúrias, Galiza e Castela e Leão, do lado espanhol», enquanto «do lado português são esperados os mascarados do Nordeste Transmontano, Douro e Beira Litoral».
Este ano, assumem destaque duas personagens mascaradas e recentemente recuperadas: Mascarinha e Mascarão, oriundas da aldeia de Vilarinho, que estavam perdidas há mais de meia centena de anos e que, devido à pandemia, tiveram de esperar para finalmente saírem à rua.
Os investigadores Antero Neto e António Rodrigues Mourinho explicam que o concelho de Mogadouro é rico neste tipo de rituais associados ao solstício de Inverno, nomeadamente o Chocalheiro de Bemposta, os Velhos de Bruçó, o Chocalheiro de Vale de Porco, o Careto e a Velha em Valverde, o Farândulo de Tó ou a Mascarinha e o Mascarão de Vilarinho dos Galegos.
«Nos últimos anos, temos assistido ao recuperar das velhas tradições que envolvem os mascarados, que estavam perdidos», refere o historiador Antero Neto, acrescentando que «estas tradições se foram perdendo devido ao esvaziamento demográfico do território».
O encontro que tem Mogadouro como palco, este ano na sua oitava edição, costuma atrair turistas e curiosos das mais diversas proveniências, e desperta o interesse de fotógrafos, jornalistas e investigadores, para conhecerem «no terreno» estas figuras enigmáticas, ligadas à cultura pagã, espalhadas um pouco por todo o Nordeste Transmontano.
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