O Centro de Artes Visuais (CAV)1 foi inaugurado em 2003 e representa agora a nova vocação dos Encontros de Fotografia de Coimbra. O CAV é uma estrutura de produção de exposições e outros projetos no campo da fotografia e da imagem em movimento, como o filme e o vídeo e proporciona também o diálogo existente entre todas as atuais disciplinas artísticas da arte contemporânea, como a pintura, a escultura ou o desenho, bem como outros domínios da criação atual, como o cinema, a música ou o design.
O CAV de Coimbra, sediado no Pátio da Inquisição, vai acolher a exposição «Phatasmagoria», de Hugo Canoilas, e «Vis-à-Vis», de Ana Santos até 25 de setembro. Estas exposições estão integradas no ciclo «Museu das Obsessões», programado por Ana Anacleto, que começou em 2020 e assenta «numa ideia de liberdade e de transversalidade, recupera um conceito criado por Harold Szeemann, no início dos anos 70, que pretendia albergar todo o tipo de iniciativas decorrentes das práticas artísticas suas contemporâneas, explorando de forma livre (fora dos constrangimentos institucionais) todas as suas possibilidades de apresentação».
«Phantasmagoria», de Hugo Canoilas2 consiste numa grande instalação pictórica, obra que dá continuidade «à mais recente investigação que o artista tem vindo a aprofundar em torno dos universos marinhos, das suas mitologias e dos seus ecossistemas, enquanto metáforas de equilíbrio, sabedoria e partilha interseccional.», revelou o texto do CAV. Na sala «Project Room» podemos observar a obra «Vis-à-Vis» de Ana Santos3, «concebida a partir de uma cuidada articulação entre um pequeno conjunto de obras escultóricas pré-existentes, inéditas em contexto nacional».
«Évora Património - Fotografias de Artur Pastor» é o título da exposição que ocupa o espaço de exposição na Igreja do Salvador4, em Évora, até 23 de setembro. Com esta exposição, a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlentejo) assinala o centenário do nascimento de Artur Pastor, um dos mais notáveis fotógrafos do século XX,surgindo na sequência da doação à DRCAlentejo, por parte da família de Artur Pastor, de um conjunto de 92 fotografias, a cores, realizadas por este artista na década de 80, do século XX, representando a ideia da cidade patrimonial que Artur Pastor tinha de Évora.
Artur Pastor (Alter do Chão, 1922-1999) foi fotógrafo do Ministério da Agricultura, onde criou um Arquivo Fotográfico, vindo a ser referido como «um dos mais notáveis fotógrafos do século XX. Muito eclético, fotografou diversos locais de Portugal, com as suas gentes e os seus costumes, sendo a sua obra o grande repositório etnográfico de fotografias do Portugal Rural das décadas compreendidas entre 1940 e 1990». Nos diversos temas desenvolvidos pelo artista poderemos encontrar paisagens e vivências do Alentejo, do Algarve, a Serra da Arrábida, Setúbal, Alter do Chão, Sesimbra, a vila e praia de Albufeira, da neve em Trás-os-Montes, da feira em Montalegre, das salinas e mulheres em Nazaré e o ciclo da batata, entre muitos outros locais de Portugal, assim como de Espanha e Itália e das cidades de Paris e Londres. Realizou 14 exposições individuais, destacando a que realizou no Palácio Foz, em 1970, com 360 trabalhos e no Palácio Galveias, em 1986, com 136 fotografias participando em vários salões de fotografia internacionais. Grande parte do seu espólio foi adquirido pelo Arquivo Municipal de Lisboa
«Blue Grid» é uma exposição de trabalhos do pintor setubalense Pedro Besugo, que está exposta na Galeria de Exposições e no Espaço Ilustração na Casa da Cultura5 em Setubal, até 25 setembro.
«Blue Grid», patente na Galeria de Exposições e no Espaço Ilustração, apresenta trabalhos de desenho, pintura e colagem, que, embora sendo abstratos, traduzem a vontade de perceber as teias com que o mundo se cose. As pinturas de Pedro Besugo em múltiplas camadas são um registo justaposto de memórias de viagem, mapas, linhas estruturais, coordenadas, pontos cartográficos, pontos de referência da cidade, de arquitetura e espaços de passagem.
Pedro Besugo, nascido em Setúbal, em 1971, estudou na Escola Artística António Arroio, em Lisboa, onde mais tarde lecionou, de 2007 a 2010. Em 2001, obteve a licenciatura em Belas Artes – Escultura, pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, seguida de mestrado em Ensino das Artes Visuais, pela Universidade Lusófona de Lisboa, em 2011. Em 2010, expôs na Arton Art Gallery, The Museum of Kyoto e na Eye of Gyre Gallery, em Tóquio, uma série de trabalhos para as comemorações do 150.º aniversário da assinatura do Tratado de Paz, Amizade e Comércio entre Portugal e o Japão. O artista setubalense está representado em coleções privadas e públicas em vários países do mundo.
A exposição «Blue Grid» é organizada numa parceria entre a Câmara Municipal de Setúbal e o atelier DDLX.
O MIAA - Museu Ibérico de Arqueologia e Arte6 está instalado no Convento de S. Domingos (século XVI) em Abrantes, onde estão os acervos municipais de arqueologia e arte do Município de Abrantes e da Coleção Estrada. Neste espaço são exibidas exposições permanentes, com obras de arte da Pré-História à época Contemporânea e exposições temporárias com obras da Coleção de Arte Contemporânea Figueiredo Ribeiro e outras exposições com peças/obras que se considerem relevantes.
O MIAA recebe atualmente duas exposições dos projetos, «Da Vinci Simulacrum» de Margarida Sardinha e «Contra-parede» com obras de Ana Vidigal, Nuno Nunes-Ferreira e Pedro Gomes e curadoria de Hugo Dinis, que podem ser visitados até 25 de setembro.
Segundo o texto de apresentação, o projeto «Da Vinci Simulacrum» de Margarida Sardinha7, apresenta como ponto de partida algumas das pinturas e desenhos mais conhecidos de Leonardo da Vinci (1452-1519), «A última ceia», «Mona Lisa», «São João Batista» ou «Virgem dos Rochedos», entre outras, onde a artista intervém desconstruindo «pressupostos geométricos existentes num inconsciente coletivo. Através da profunda investigação e do minucioso estudo sobre a simbologia, e recorrendo a uma metodologia que advém do conhecimento científico, artístico e religioso, as obras apresentadas questionam, sobretudo, o modo de apreensão do mundo, mas, também, a análise de uma estrutura interna inata.»
Segundo a artista, «o interessante é perceber que quando se fala de símbolos, arquétipos ou imutabilidade, existe uma estrutura por detrás daquele símbolo que se pode explorar de diferentes modos. Um símbolo pode ser político, religioso, científico ou comunitário. Portanto, o mesmo símbolo pode refletir diversas formas de pensar e representar diferentes significados em diferentes culturas e de diversos modos.»
O projeto «Contra-parede, que já passou em 2021 por Tavira e Vila Nova de Foz Côa e em 2022 por Caldas da Rainha, apresenta-se agora em Abrantes. Neste projeto pretende-se que as obras dos artistas Ana Vidigal, Nuno Nunes-Ferreira e Pedro Gomes questionem o espaço arquitetónico em que as obras são apresentadas, «considerando, simultaneamente, o espaço social, histórico, cultural e político em que os equipamentos museológicos se inserem, as obras promoverão um diálogo frutífero sobre o papel da arte junto das comunidades locais em que se apresentam.» Acrescentando ainda o texto do curador que «de facto, ao cobrir a parede e ao ocupar a quase totalidade do espaço expositivo, as obras apresentadas no projeto Contra-parede conquistam espaço de visibilidade que, através da intervenção ativa dos artistas e do público como espectadores informados, se revelam espaços subvertidos de contra-poder.»
- 1. CAV - Pátio da Inquisição, 10 3000-221 Coimbra. Horário: terça-feira a domingo 14h - 19h
- 2. Hugo Canoilas (Lisboa, 1977), vive e trabalha entre Lisboa e Viena. Tem desenvolvido uma prática pontuada pela especulação em torno das relações entre arte e realidade (acontecimentos políticos e sociais), pela constante interrogação acerca das características e limites da pintura e por uma tónica no trabalho colaborativo.
- 3. Ana Santos(Espinho, 1982), enquadrando-se no campo expandido da escultura – ou, mais concretamente, da produção de objetos. Interessa-lhe uma prática, muitas vezes reduzida à mínima ação possível, na qual os valores tradicionais da escultura – enquanto disciplina – são frequentemente questionados por meio da afirmação de uma ideia de precariedade, de estranheza, de não-pertença, de leveza ou de fragilidade.
- 4. Igreja do Salvador - Rua de Olivença, Évora. Horário: segunda a sexta-feira, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30.
- 5. Casa da Cultura - Galeria de Exposições e Espaço Ilustração - R. Detrás da Guarda 28, 2900-347 Setúbal. Horário: terça a sábado, das 10h às 24h e domingo, das 10h às 20h.
- 6. Museu Ibérico de Arqueologia e Arte - Jardim da República, 25, 2200-343 Abrantes. Horário: terça-feira a domingo das 10h às 12h30 e das 14h às 17h30.
- 7. Margarida Sardinha formou-se em Belas Artes Combinadas de Mídia no Chelsea College of Art (UAL) & Design e na Central Saint Martin's College of Art and Design (Fundação BETC com Mérito) em Londres. A prática de Margarida Sardinha compreende instalação específica do local, animação e composição digital de estudos sobre simbolismo. Muitas vezes reproduzida como ilusões ópticas, sua mensagem se baseia em justapor conceitos paralelos da literatura, filosofia, religião, ciência e arte. Os projetos de Margarida foram expostos em museus e galerias em Londres, Lisboa e Nova York.
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