O realizador João Botelho e o produtor Alexandre Oliveira querem ir ao encontro dos espectadores de cinema português com o filme inspirado nos livros da escritora russa Sophia Rostopchine, conhecida por Condessa de Ségur, mas também na obra de Paula Rego, numa digressão por todas as capitais de distrito e fora do circuito comercial.
À Lusa, o produtor do filme, Alexandre Oliveira, explicou que o objectivo é replicar aquilo que ele e João Botelho fizeram há 15 anos com O Filme do Desassossego, apresentado em cine-teatros e auditórios municipais e que «correu muitíssimo bem».
«Na altura, os números de espectadores do cinema português já eram baixos. Hoje, por mais incrível que pareça, ainda está pior», e considera que o cenário da exibição de cinema em sala «está afunilado» para um tipo de cinema mais comercial.
De acordo com os dados mais recentes do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), em 2025, até Setembro, a exibição comercial de cinema somou quase 8,4 milhões de espectadores, dos quais apenas 2,1% (172.771 espectadores) viram cinema português.
«O público mais velho que via outro cinema ficou absolutamente desligado do circuito comercial. Na pandemia isso ficou intensificado com o boom do streaming, onde as pessoas passaram a ver cinema em casa. Uma pessoa hoje experimenta ir ao cinema e está com quatro ou cinco espectadores, é um panorama desolador, prefere ver cinema em casa», lamentou.
Alexandre Oliveira exortou ainda os cineteatros a terem um circuito de exibição de cinema, com os filmes portugueses apoiados pelo ICA, tal como já acontece com as peças de teatro apoiadas financeiramente pela Direcção-Geral das Artes.
«Se existe uma política de Estado com júris que seleccionam aqueles filmes [através do ICA], então tem de se completar que os filmes sejam vistos. Sentimos que o mercado está completamente adverso a nós. Temos de encontrar políticas culturais que assegurem que, se se apoiam os filmes, que sejam vistos», exclamou.
As Meninas Exemplares, com as actrizes Rita Durão, Victoria Guerra, Rita Blanco, Crista Alfaiate e Margarida Marinho, fará uma digressão pelo território nacional em sessões em cineteatros e quase sempre acompanhadas por uma exposição de gravuras de Paula Rego, a quem o filme presta homenagem.
«Quando uma pessoa fica mais velha volta à infância», disse João Botelho em Junho passado à Lusa, para explicar por que é que decidiu fazer um filme a partir daquele livro que leu em criança, por influência das irmãs. «A ideia é ser um divertimento e uma homenagem a Paula Rego, uma grande pintora. E é uma homenagem ao cinema de que eu gosto», disse.
Depois da exibição em Bragança, esta sexta e sábado, As Meninas Exemplares passa no âmbito do Lisboa Film Festival – Leffest, com sessão no dia 14, no Cinema São Jorge.
Segundo Alexandre Oliveira, estão garantidas ainda exibições em Leiria, Coimbra, Vila Real e Porto, onde o filme e a exposição ficarão uma temporada no Batalha – Centro de Cinema, entre 4 de Dezembro e 18 de Janeiro.
A exibição estender-se-á por 2026 e o objectivo « é cobrir o território nacional e garantir pelo menos as capitais de distrito», disse o produtor.
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