A obra, um filme-poema ou filme-ensaio, baseia-se na vídeo-instalação de arte contemporânea Chão Vermelho, do mesmo autor, que integrou o ciclo Movimento de Resistência do Museu do Neo-Realismo, sob curadoria de David Santos. Tanto o filme como a instalação original bebem da inspiração na poesia de Armindo Rodrigues, poeta neorrealista e resistente antifascista, e na música do maestro e compositor Fernando Lopes-Graça, conhecido opositor ao Estado Novo.
Em Quadrante Solar, Manuel Valente Alves politiza a paisagem e a memória, estruturando a narrativa em blocos temáticos e poéticos que elegeram o Alentejo como a tela principal para a projecção de marcas políticas, históricas e culturais.
O autor afasta-se da utilização das imagens como mera ilustração de factos históricos, procurando antes estabelecer uma relação profunda entre a estética e a ética. O filme questiona a facilidade e a superficialidade do consumo contemporâneo de imagens, incluindo as históricas.
Através do cruzamento de diferentes tempos, cores e atmosferas de uma região do país, Valente Alves transforma a paisagem num repositório vivo e em constante metamorfose da história e da memória colectiva.
A sessão constitui uma oportunidade única para contactar com uma obra que reflete criticamente sobre a identidade e a memória.
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