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|artes plásticas

A fotografia como memória histórica, do quotidiano e performativa

Carlos Abreu na Galeria de Exposições Augusto Cabrita no Seixal, David Gonçalves na Casa das Artes no Porto, Vivian Maier no Centro Cultural de Cascais e Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira.

«A Arte dos Barcos» de Carlos Abreu. Exposição de fotografia na Galeria de Exposições Augusto Cabrita, no Seixal, até 4 de junho.
«A Arte dos Barcos» de Carlos Abreu. Exposição de fotografia na Galeria de Exposições Augusto Cabrita, no Seixal, até 4 de junho.Créditos

«A Arte dos Barcos» de Carlos Abreu1, é a exposição de fotografia que atualmente a Galeria de Exposições Augusto Cabrita2 apresenta no Seixal, até 4 de junho. Durante cerca de um ano, Carlos Abreu fotografa e assiste à atividade do estaleiro Navaltagus, situado no Seixal, registando uma série de imagens que ficarão como memória histórica e individual, pela estreita relação que o artista estabeleceu com os operários deste estaleiro.

«(…) Na presente exposição, além das belíssimas perspetivas conseguidas, da ótima qualidade das imagens e da sua beleza estética, há a salientar o valor atribuído, pelo seu autor, à figura humana. Em cada imagem, diferentes operários são colocados em destaque, mostrando-se pormenorizadamente os seus equipamentos, ferramentas e, especialmente, os seus gestos técnicos e a arte de saber-fazer. Trata-se de um trabalho imbuído de movimento, de uma exposição com vida, onde Carlos Abreu conseguiu interagir com quantos ali trabalham. A exposição de fotografia «A Arte dos Barcos» permanecerá, para o futuro, como um excelente trabalho, feito nesta segunda década do novo milénio, que exalta e enaltece a arte da construção naval, uma das tradições seculares do município do Seixal»3. Pode ver o Catálogo aqui.

Exposição de fotografias «Aleixo» de David Gonçalves na Casa das Artes no Porto, até 4 de junho.

A Casa das Artes no Porto, projeto de Eduardo Souto de Moura, concluído em 1991, possui uma sala de exposição e duas salas para concertos e conferências. A Casa das Artes no Porto tem uma programação regular, nas áreas do cinema, nas artes plásticas, teatro, dança, música e atividades performativas entre outras atividades artístico-culturais, como a apresentações de livros ou workshops. Neste momento a Casa das Artes4 apresenta a exposição de fotografias «Aleixo» de David Gonçalves5, até 4 de junho de 2021.

Segundo o autor, este projeto fotográfico sobre o Bairro do Aleixo é o retrato dos últimos dias de um dos bairros mais históricos do Porto, referindo ainda que é um «bairro social constituído por 5 Torres, com 13 andares e uma localização privilegiada para o rio Douro. Em 2011, a Câmara Municipal do Porto, liderada pelo executivo de Rui Rio, inicia o processo de demolição com a implosão da torre 5. O principal argumento dado pelo executivo camarário é o tráfico de droga. Inserido num projeto político especial de investimento público-privado, a Câmara Municipal do Porto entrega os terrenos ao Fundo Imobiliário Invesurb para a construção de habitações de luxo. O longo processo deixou o bairro oprimido num inferno visível de putrescência viva, exposto ao olhar de todos. Com o bairro condenado ao fim, as torres degradam-se, os elevadores danificados, os residentes testemunham há anos a renúncia compulsiva do Estado. “Aleixo” é a história de um bairro condenado, de famílias abandonadas à sua sorte, numa luta travada contra os poderes camarários, as autoridades policiais e a especulação imobiliária». David Gonçalves teve acesso ao edifício durante cerca de dois anos, fotografando «os espaços e as pessoas, o ambiente, a vivência», vindo a publicar o livro de fotografias Aleixo em 2020, sem qualquer texto6.

Exposição «Vivian Maier: Street Photographer» no Centro Cultural de Cascais, até 18 de maio.

No Centro Cultural de Cascais7 a exposição «Vivian Maier: Street Photographer», pode ser visitada até 18 de maio. Esta exposição que integra mais de uma centena de imagens captadas por Vivian Maier, que retratou as ruas e gentes das cidades americanas.

Vivian Maier foi ama de profissão e fotógrafa nas horas vagas, deixando um extenso trabalho fotográfico, percorreu as ruas de Chicago e de Nova Iorque, «fotografando cenas da vida quotidiana com empatia, espontaneidade e sensibilidade, observando pessoas de todas as idades e classes sociais».

Numa entrevista à Renascença, Anne Morin, a curadora da exposição, explica que esta artista «de raízes francesas, começou por usar uma máquina fotográfica da sua mãe, uma Kodak», referindo ainda, que Vivian fotografou «durante toda a sua vida, desde a década de 40 até aos finais dos anos 90», deixando um arquivo de mais de 120 mil fotografias. O espólio desta fotógrafa foi descoberto em 2007 por John Maloof, «que comprou em leilão o conteúdo de dois contentores de armazém e, de repente, viu-se na posse de milhares de negativos, diapositivos e algumas fotografias impressas, bem como vídeos e gravações áudio». Anne Morin afirmou também que nas muitas imagens a preto-e-branco vemos «o teatro do quotidiano» e que na exposição também podemos ver «os retratos e autorretratos, a fotografia a cores e claro, o mundo da infância que preencheu toda a sua vida… muitas vezes as crianças de quem cuidava eram os seus modelos e companheiros de brincadeira». Na exposição está também outra parte importante do espólio, que são «os filmes super 8, onde vemos as grandes coreografias humanas nas ruas de Chicago e Nova Iorque».

A Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira é uma iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira desde 1989, com o objetivo de promover a divulgação da fotografia enquanto expressão artística e constituir um espaço de interação e participação cultural. Desde então, a Bienal de Fotografia tornou-se num momento importante no calendário cultural do município sendo já consensualmente considerada, uma referência a nível nacional, no que concerne a eventos desta natureza. A Bienal de Fotografia tem cativado, ao longo das diversas edições, os melhores nomes nesta área de expressão artística, atraindo não só o público já fidelizado a esta forma de arte, como cativando novos e diferentes públicos culturais. A fotografia, ao fixar a realidade no tempo e no espaço, adaptou-se exemplarmente às novas tecnologias, que vieram ampliar a capacidade criativa dos autores e potenciar a sua característica primordial enquanto elemento divulgador de um determinado território e de uma determinada cultura.

Ana Janeiro, «The archive is present#14», fotografia. Exposição da 16.ª edição da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira no Celeiro da Patriarcal em Vila Franca de Xira, até 16 de maio.

 

A exposição dos trabalhos selecionados da 16ª edição da Bienal de Fotografia decorre até 16 de maio de 2021, no Celeiro da Patriarcal8, em Vila Franca de Xira, tendo como curadora-geral Sandra Vieira Jürgens. Teve lugar no passado dia 3 de dezembro a seleção das candidaturas à próxima edição da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira. A seleção, feita por um Conselho de Curadores composto por Bruno Humberto, Catarina Botelho, Filipa Valladares e Paulo Mendes, incidiu sobre um total de 90 concorrentes, tendo sido nomeados os artistas Ana Janeiro, Beatriz Banha, Daniela Ângelo, Elisa Azevedo, Frederico Brízida, Hugo de Almeida Pinho, Humberto Brito, Stefano Martini e Teresa Huertas, no âmbito dos quais será posteriormente feita a atribuição dos prémios.

Esta Bienal apresenta ainda um programa curatorial com a exposição «Deambulação e Itinerância», que decorre no Museu Municipal de Vila Franca de Xira9 de 8 maio a 26 setembro de 2021. Esta exposição, onde participam os artistas Alexandre Delmar, Carlos Lobo, Luiza Baldan e Xavier Paes, explora o carácter processual e performativo da fotografia, não se focando apenas nas qualidades visuais das imagens mas «chama-nos a atenção para a dimensão sensorial, para aquilo que não podemos ver mas que podemos intuir através das imagens, as suas realidades sonoras, as sensações tácteis, os processos do pensamento, de indagação, de introspeção e contemplação, os diferentes graus de atenção. Assim, a mostra amplia o foco do discurso curatorial dos objetos artísticos para um discurso que inclui a receção e visualização das obras de arte».


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AE90)

  • 1. Carlos Abreu, natural de Almada, licenciado em sociologia, professor e fotógrafo amador, tem centrado a sua atividade na fotografia documental, em campos diversos, como a paisagem, o património industrial ou a arquitetura escolar.
  • 2. Galeria de Exposições Augusto Cabrita- Quinta dos Franceses, Seixal 2840-499 Seixal. Telefone 210 976 105. Horário: De terça a sexta-feira, das 10 às 20.30 horas (encerrada aos sábados de acordo com as orientações da Direção-Geral da Saúde).
  • 3. Excerto do texto de Manuel Lima, no Catálogo da Exposição «A Arte dos Barcos» de Carlos Abreu.
  • 4. Casa das Artes, R. Ruben A, 210, Porto. Horário: Segunda 14h30-18h30, terça a Sexta 10h00-12h15 e 14h30-18h30, sábado 14h30-20h45 e domingo 14h30-18h45.
  • 5. David Gonçalves nasceu em 1990. Vive e trabalha em Lisboa. Fotógrafo. Mestrado em Critica, Curadoria e Teorias da Arte, na Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa, no qual se encontra a realizar o Doutoramento em Ciências da Arte. Já expôs em Lisboa (Portugal) e Liège (Bélgica).
  • 6. De referir um artigo do AbrilAbril, em 2019, onde se refere que todo o processo de demolição do Bairro do Aleixo «foi mal conduzido e maltratado».
  • 7. Centro Cultural de Cascais - Av. Rei Humberto II de Itália, 2750-642 Cascais. Horário: De terça a domingo das 10 h às 18 h.
  • 8. Celeiro da Patriarcal – O edifício é de autoria de José Custódio de Sá e Faria, foi construído em meados do século XVIII, para a Igreja Patriarcal de Lisboa. É um local de realização de exposições temáticas. Morada: Rua Luís de Camões n.º 130 Vila Franca de Xira. Horário: 3.ª feira a domingo, 15h00-19h00.
  • 9. Museu Municipal de Vila Franca de Xira - R. Serpa Pinto n.º 65, 2600-263 Vila Franca de Xira. Horário: 3.ª feira a domingo, 9h30-12h30 e 14h00-17h30.

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