O Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, vulgarmente conhecido por Museu de Évora, é um museu nacional que foi criado em 1915 e ocupa o antigo Palácio Arquiepiscopal (séculos XVI e XVII), junto da Sé Catedral de Évora, no centro histórico de Évora. O Museu de Évora1, apresenta, neste momento, a exposição de Arte Bruta «Manicómio» de Anabela Soares2, até 20 de dezembro. Esta exposição está inserida na programação das Comemorações do Dia Mundial da Saúde Mental e é proveniente do espaço Manicómio3 em Lisboa. As suas esculturas de cerâmica, «de um imaginário não imaginativo, são o espelho de uma passagem passiva-agressiva, relações, encontros, inseguranças e medos», refere a autora. Salientamos que a cerâmica artística é uma prática ainda identificada, de forma incorreta, pelo público em geral, como sendo específica do artesanato e não das artes plásticas, e muito menos como uma das práticas artísticas em grande afirmação na escultura contemporânea.
Em Évora, poderá ainda visitar a exposição de Cerâmica e Pintura «Para além do Gesto», de Manuel Carvalho4, no Armazém 85 em Évora, que poderá ser visitada até 31 de dezembro. Esta exposição é organizada pela Associ'Arte e Atelier Carvão.
O Museu Bordalo Pinheiro6, em Lisboa, abriu ao público em 1916, por iniciativa do poeta, panfletário, crítico e humorista Cruz Magalhães que, sendo um grande admirador da obra de Rafael Bordalo, por isso organizou uma coleção da obra deste artista, vindo posteriormente a doar esta colecção à Câmara Municipal de Lisboa em 1924, assim como o edifício onde o museu se encontra. O Museu Bordalo Pinheiro reúne atualmente «uma Biblioteca e uma Coleção notáveis em torno da obra artística de Rafael Bordalo Pinheiro e do seu filho, Manuel Gustavo, sendo de destacar as seguintes tipologias: Desenho, Gravura, Pintura, Cerâmica, Azulejaria, Equipamentos e utensílios, Fotografia e Documentação.»
«Pé d’orelha - Conversas entre Bordalo e Querubim», é uma exposição de cerâmica com dois artistas de gerações diferentes, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e Querubim Lapa (1925-2016), podendo ser visitada no Museu Bordalo Pinheiro, até 28 de fevereiro de 2021. Segundo o texto de Rita Gomes Ferrão, «O humor é um dos traços comuns mais fortes entre os dois artistas; é, por isso, natural que as primeiras conversas sejam as Satíricas. Olhando frontalmente para Bordalo, como que em desafio, Querubim compõe canjirões com formas humanas e outras peças caricaturais a que por vezes chamava os seus "bordalos"; como explicava, eram a sua interpretação da obra de Bordalo numa linguagem plástica moderna». Esta historiadora de arte refere ainda que existem outras afinidades entres estes dois artistas, nas suas «peças utilitárias com formas de animais ou híbridas, máscaras de herança clássica e representações animais e vegetais». Destas afinidades fazem ainda parte a «representação de elementos do quotidiano fora do seu contexto», «os elementos fálicos e a representação do nu» e o «humor de cariz sexual», característicos da tradição da cerâmica das Caldas da Rainha.
Neste Museu poderá ainda visitar a Exposição Permanente, com trabalhos decorativos de Rafael Bordalo, incluindo «projetos de ornamentação interior» e «desenhos de mobílias», organizados por Pedro Bebiano Braga, decorações efémeras e a exposição «Histórias Desenhadas» de Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1967-1920), que evoca o trabalho e obra do artista. Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, filho de Rafael Bordalo, foi desenhador humorista, ilustrador e ceramista. Autor de uma vasta obra gráfica, fez banda desenhada e destacou-se como pioneiro da ilustração infantil em Portugal.
No Espaço +7, em Aljezur, podemos visitar «Aljezur nas décadas de 40, 50, 60 do Século XX» através das fotografias de Frederico Furtado Júnior, numa exposição homenagem, que vai estar disponível até 23 de dezembro. Esta exposição teve a produção da agência de comunicação «1000olhos» e a curadoria do fotógrafo João Mariano. O curador desta exposição revela-nos que «(…) Frederico Furtado Júnior (1924–1994), o Sr. Furtado da farmácia, graças à sua grande actividade como fotógrafo, essencialmente nos anos 40, 50 e 60, deixou-nos um legado rico e abrangente da sua Aljezur dessa época. Fotografando essencialmente em formato 6 x 6 cm, denotava um relevante sentido estético e documental, como é possível verificar pelo belo conjunto de imagens que nos legou, em particular na série sobre o inusitado nevão de 2 de Fevereiro de 1954, nas fotografias das ruelas aljezurenses e nas simetrias ou reflexos aquáticos (deste acervo, tivemos acesso a um considerável conjunto de provas de época e ainda a alguns negativos, o que permitiu uma digitalização com maior definição, tendo por base esta matriz original). As páginas dedicadas às suas fotografias são a nossa forma de lhe prestar uma tardia, mas merecida, homenagem. (…)».
A XXI Bienal Internacional de Arte de Cerveira regressa este ano, de 1 de agosto a 31 de dezembro, sob o tema «Diversidade – Investigação. O Complexo Espaço da Comunicação pela Arte». A Bienal de Cerveira decorre em diversos locais, em Vila Nova de Cerveira está no Fórum Cultural de Cerveira, no Palco das Artes e Biblioteca Municipal e ainda em Viana do Castelo, Vila Praia de Âncora, Alfândega da Fé e Monção. Destacamos que as exposições no Fórum Cultural8 e no Palco das Artes9 em Vila Nova de Cerveira, ainda vão estar abertas até 31 de dezembro. Esta Bienal, onde participam mais de 350 obras de 370 artistas de 38 países, iniciou em 1978 e de acordo com a organização «integra um concurso internacional, 11 projetos curatoriais, artistas convidados, intervenções artísticas, conferências e debates e visitas guiadas… e muito mais! (...) Reforçando a internacionalização do evento, a Fundação Bienal de Arte de Cerveira apresenta, pela primeira vez, uma edição digital que permite ao público a visita virtual à bienal de arte». A Bienal de Cerveira decorreu em diversos locais.
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Todos os espaços dos eventos divulgados cumprem as regras e procedimentos de segurança sanitária. Os seus horários poderão ser alterados de acordo com o nível de risco em que os concelhos se encontrem, pelo que aconselhamos que os confirmem antes da visita.
O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AE90)
- 1. Museu de Évora - Museu Nacional Frei do Cenáculo. Largo Conde de Vila Flor Évora. Horário: terça-feira a domingo, das 9h30 às 17h30.
- 2. Anabela Soares é natural de Anadia, começou a trabalhar no atelier do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa em 2013 e, entre muitas outras participações em diversas exposições, destacamos a de 2019 no espaço Chiado 8 Arte Contemporânea, em Lisboa; e a de 2020 na «Outsider Art Fair 2020», em Nova Iorque. Integra o projecto Manicómio desde 2018.
- 3. O Manicómio é o primeiro espaço de criação de Arte Bruta em Portugal, onde se conjuga a criação e a aproximação dos artistas residentes, que experienciaram ou experienciam doença mental, ao público, num único espaço de inovação e criatividade, no Beato em Lisboa. É uma luta pela dignidade e reconhecimento de artistas que são excluídos dos circuitos artísticos apenas pelo estigma da doença mental.
- 4. Manuel Carvalho (n. 1960 em Vidigueira), desenvolve trabalhos de Desenho, Escultura, Pintura, Fotografia e Cerâmica. Já recebeu diversos prémios nomeadamente Prémio Inatel de Escultura – Lisboa e 3º Prémio em Escultura na Mertolarte e participou em inúmeras exposições individuais e coletivas.
- 5. Armazém 8. Rua do Electricista n.º 8, Parque Industrial e Tecnológico de Évora II (P.I.T.E.), Évora. Para visitar esta exposição deve marcar o dia e a hora de visita através dos telefones 266043090/933326005, ou por e-mail: [email protected].
- 6. Museu Bordalo Pinheiro. Campo Grande, 382 1700-097 Lisboa. Horário: terça-feira e sexta-feira, das 11h às 17h; sábados e domingos, das 10h às 12h. Encerra às segundas-feiras, 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. Este museu foi mandato construir, em 1913, por Ernesto de Santa Cruz Magalhães, que solicitou ao arquiteto Álvaro Augusto Machado o projeto de um imóvel para sua habitação e instalação de um Museu em homenagem a Rafael Bordalo Pinheiro.
- 7. Espaço +. Rua da Escola – Igreja Nova 8670-063 Aljezur. Horário: segunda das 10h00 às 15h30; terça a sexta das 10h00 às 18h00; sábado das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Encerra ao domingo.
- 8. Fórum Cultural de Cerveira. Av. das Comunidades Portuguesas, 4920-275 Vila Nova de Cerveira. Horário: terça-feira a sexta-feira, das 15h às 19h; sábados, das 10h às 13h e das 15h às 19h; encerrado à segunda-feira e ao domingo.
- 9. Palco das Artes. Av. Heróis do Ultramar n.º 26-48, 4920-260 Vila Nova de Cerveira. Horário: Visitas mediante marcação, com antecedência de 48 horas, através dos seguintes contactos: [email protected] ou Telef: 251 794 633.
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