Diálogo entre artes e artistas

O Centro de Arte Oliva[fn]Centro de Arte Oliva - Rua Paula Rego 3700-119 S. João da Madeira. Horário: Terça-feira a domingo: das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30[/fn], em São João da Madeira, apresenta atualmente a exposição coletiva «Feixe de Luz: Escultura Projetada, Cinema Exposto», que poderá ser visitada até 22 de janeiro de 2023. Com a curadoria de Andreia Magalhães, a exposição reúne «um conjunto de obras históricas e desvenda um século de diálogo entre as duas artes: o filme como documento que se converte em obra, o filme como possibilidade de encenação e performatividade da escultura, o filme como a possibilidade de síntese de opostos (material/imaterial; sombra/luz; volume/projeção; efémero/perpétuo), mas também a escultura como dispositivo produtor de imagens», segundo o texto do Centro de Arte Oliva.

A exposição apresenta obras, desde os registos fílmicos do escultor Constantin Brancusi (Roménia), Les Films de Brancusi (realizados entre 1923 e 1939 com a colaboração de Man Ray), até ao século XXI com a instalação Cinema (2016) de Francisco Tropa (Portugal). Referimos ainda as obras Parábola (1937) de Mary Ellen Bute (USA), Lemon (1969) de Hollis Frampton (USA), a instalação Light Music (1975) de Lis Rhodes (Inglaterra), uma das artistas que foi pioneira do cinema experimental. Encontramos também nesta exposição o trabalho ambiental, em grande escala, Sun Tunnels (1978) de Nancy Holt (USA), uma das mais marcantes obras de arte na paisagem natural (land art) instalada no deserto do Utah, o ensaio em vídeo Fiorucci Made me Hardcore (1999), de Mark Leckey (Inglaterra), «realizado na madrugada da circulação de imagens de arquivo online», a instalação Eclipse Ocular (2008) da dupla João Maria Gusmão + Pedro Paiva (Portugal) e ainda as obras Bons, Menos Bons e Outros Sobreviventes (1999) da artista Susanne Themlitz (Portugal), The Point of Least Resistance (1981) da dupla Fischli & Weiss (Suíça) e o registo filmado Water Motor (1978) da fotógrafa e cineasta experimental Babette Mangolte (França) baseado na coreografia homónima de Trisha Brown.

O Centro de Arte Contemporânea Graça Morais[fn]Centro de Arte Contemporânea Graça Morais - Rua Abílio Beça, nº 105 5300 – 011 Bragança. Horário: Terça-feira a domingo: 10h00 – 18h30.[/fn], em Bragança apresenta a Exposição «Grupo Puzzle (1976-1981)», até 29 de janeiro de 2023. Segundo a curadora desta exposição, Paula Parente Pinto, apresenta-se «um somatório de pinturas e de objetos que foi possível identificar e recuperar, dando particular relevância aos seus contextos de apresentação e à performance do grupo. Não sendo possível reviver momentos efémeros e irrepetíveis, recorremos ao visionamento de materiais de arquivo, associados a novas formas de expressão como a performance, que nos permitem mapear a constituição de alternativas culturais e a expansão da noção de arte». Como prática artística deste grupo são ainda de assinalar que «a vontade partilhada de desmaterialização, e o foco no processo participativo, conduziu o grupo à construção de obras compostas por recolhas in situ e por vezes à destruição performática das mesmas».

O Grupo experimental Puzzle, encontrou-se entre os principais grupos artísticos que foram um autêntico marco político-cultural, em Portugal, tendo participado em três dezenas de exposições, apresentando pintura e performance. Sendo fundado em 1976, no rescaldo do Processo Revolucionário em Curso (PREC), o Puzzle integrou artistas como Dário Alves, Armando Azevedo, Carlos Carreiro, João Dixo, Albuquerque Mendes, Graça Morais, Fernando Pinto Coelho, Pedro Rocha, Jaime Silva e Gerardo Burmester, assinalando-se ainda, nesta exposição,  a importância neste período de duas outras figuras que marcam a atividade deste coletivo: o galerista Jaime Isidoro e o crítico de Arte, Egídio Álvaro, como «elementos estruturantes da experiência político-cultural a que o Grupo Puzzle se submeteu». 

No texto da curadora Paula Parente Pinto, assinala-se que «além de devolverem o contexto em que estas obras surgiram, estes materiais visibilizam um duplo movimento: a grande curiosidade e atenção de artistas internacionais às mudanças do período pós-revolucionário, e a internacionalização de artistas portugueses através da participação em festivais. Produzidos no novo contexto de liberdade, estes documentos retratam igualmente o impacto social da aproximação da arte às populações mais periféricas. A sua reinscrição na história da arte em Portugal depende, tanto deste enquadramento político, social e cultural alargado, como de uma nova perspetiva historiográfica, centrada numa análise visual e material do conjunto da obra.

A materialidade da pintura coletiva do Grupo Puzzle assenta no trabalho individual dos seus artistas, mas a sua singularidade como obra depende da participação coletiva. É a essência da sua estratégia performativa que nos remete para a complexidade de um espaço partilhado que só pode ser entendido em constante permuta. Só a justaposição das diversas obras e contextos lhes restitui a abertura e novidade discursiva com que merecem ser olhadas.»

A exposição de escultura e fotografia «Reencontro» de Inês Justo e Madalena Correia, no Museu Municipal de Santiago do Cacém[fn]Museu Municipal de Santiago do Cacém-Praça do Município, 7540-136 Santiago do Cacém. Horário: Terça a sexta-feira, das 10h às 12h00 e das 14h às 16h30; sábado, das 12h às 18h[/fn]estará patente, até 28 de janeiro.

A Inês Justo e Madalena Correia conheceram-se no ensino secundário, frequentaram a mesma turma na Escola Secundária Manuel da Fonseca, em Santiago do Cacém, na área das Artes Visuais e agora juntaram-se para organizar o seu primeiro projeto artístico em conjunto. Atualmente, a Inês Justo frequenta o terceiro e último ano da licenciatura em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e a Madalena Correia está a frequentar o terceiro e último ano da licenciatura de Artes Plásticas e Multimédia na Universidade de Évora.

Este ano decorre a nona edição do «Fotografia no Barreiro». Este projeto começou em 2014 com o Mês da Fotografia, em 2019 passou a assumir-se como Fotografia no Barreiro, e em 2021 iniciou-se o projeto editorial. No Auditório Municipal Augusto Cabrita[fn]AMAC-Auditório Municipal Augusto Cabrita - Av. Escola dos Fuzileiros Navais 53A, 2830-149 Barreiro. Horário: terça a domingo, das 14h às 20h[/fn], na Galeria Amarela (Piso 1) temos a exposição «O Erro de Prometheus» de Henrique Vieira Ribeiro, na Galeria Azul (Piso 0) a exposição «Amanhã será ontem» de José M. Rodrigues, na Galeria Vermelha (Piso 0) a exposição «Paraíso» de Lara Jacinto, todas elas até 29 de janeiro de 2023. Também no AMAC na Galeria Branca (Piso 1) a exposição «Passado-Presente» de Patrícia de Melo Moreira, até 15 de janeiro de 2023. Na Biblioteca Municipal do Barreiro[fn]Biblioteca Municipal do Barreiro, Rua da Bandeira – Urbanização Palácio de Coimbra 2830-330 Barreiro. Horário: segunda-feira, das 9h30 às 12h30 e das 14h às 17h45; terça a sexta, das 9h30 às 19h45; sábado, das 9h30 às 12h30 e das 14h às 17h45.[/fn] podemos ainda ver a exposição «Azulejo Polaroid Studio» de Ricardo Quaresma Vieira, até 12 de fevereiro de 2023.

De acordo com os textos apresentados na exposição, podemos assinalar, que Henrique Vieira utiliza a fotografia e o vídeo «como media nucleares que, em conjunto com o desenho, formam os seus suportes de eleição, tendo, contudo, o resultado final das suas obras vindo a adquirir um cariz de instalação; José Rodrigues fala-nos através da sua fotografia de um «exercício que parte de uma aventura da interiorização dos escassos pedaços de um segundo que precederam milhares de outros olhos», refletindo também sobre o tempo a «harmonia dos corpos», a paisagem e a imaginação; Lara Jacinto apresenta a ideia de «construção de lugar ideal», um espaço onde «ondulações culturais, económicas e sociais, coabitam diferentes realidades que raramente se cruzam: por um lado, os que procuram momentos de prazer proporcionados pelas atrações turísticas, típicas de zonas balneares; por outro, os que vivem nos bastidores desta ficção»; o trabalho de Patrícia Moreira «consiste principalmente em relatar aspetos sociais e culturais de um país geralmente associado ao turismo, o que por vezes resulta em uma imagem desatualizada e incompleta da realidade vivida em Portugal», já em Ricardo Quaresma podemos observar um regresso à «técnica fotográfica analógica, cheia de imperfeições e imprevistos, onde a dificuldade de obter uma boa imagem é o desafio para a criação artística», onde o principal objetivo é fotografar pessoas, fazer retratos, dar tempo à pose e à técnica fotográfica.

O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)