Abril é um mês muito especial, em que se comemoram duas datas muito importantes para a cultura e para as artes plásticas, o Dia Mundial da Arte, a 15 de abril[fn]Nesta data, em 1452, nasceu Leonardo Da Vinci. Em sua homenagem, em 2012 a Associação Internacional de Arte, IAA, uma ONG que trabalha como órgão de consulta da UNESCO com mais de 100 países membros, composta por artistas plásticos, decretou que no dia 15 de abril passaria a ser celebrado o Dia Mundial da Arte.[/fn], e a Revolução do 25 de Abril, que muito contribuiu para uma intensificação da liberdade criativa, em que os artistas aprofundaram as suas linguagens com o irromper de novas práticas artísticas no espaço urbano, onde «muitos artistas agem coletivamente»[fn]Rui Mário Gonçalves, Pintura e escultura em Portugal 1940-1980, Lisboa. 1983. 2ª edição. Páginas 118,119[/fn], abrindo a novas formas de comunicação com o público, levando à revisão de valores estéticos com a realização de muitas retrospetivas e coletivas o que veio a permitir uma verdadeira descentralização cultural, fundamentalmente através da intensificação das atividades culturais nas autarquias e associações.
Deixando, assim, para o mês de abril, algumas sugestões entre a enorme diversidade de eventos artísticos que vão acontecer por todo o país, para comemorarmos estas datas com a arte.
O Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira[fn]Museu do Neo-Realismo - Rua Alves Redol, 45 2600-099 Vila Franca de Xira. Horário: 3.ª a 6.ª feira, 10h-18h; sábado, 10h-19h; domingo, 10h-18h.[/fn], continua a apresentar a exposição de longa duração «A coragem da gota de água é que ousa cair no deserto…», já divulgada no AbrilAbril, e que vai estar neste espaço até dezembro de 2025. Esta exposição é composta por valiosas peças das reservas do Museu do Neo-Realismo, de renomados artistas do movimento neorrealista, com obras da área da pintura, escultura, desenho, fotografia, gravura, ilustração ou cerâmica e tem a curadoria de Paula Loura Batista e David Santos.
Segundo o curador: «… a partir deste provérbio chinês, procurámos acentuar a dedicação das obras e dos artistas que independentemente da sua capacidade de intervenção no momento, deixaram a sua arte, a sua criatividade, como matriz de uma intervenção e como matriz de um futuro melhor…», Paula Loura Batista acrescenta que, nesta exposição, o Museu apresenta «mais de cem obras de arte da coleção do MNR e de outras obras que nos foram confiadas, de artistas como alice Jorge, Maria Keil, Maria Barreira, Margarida Tengarrinha, José Dias Coelho, Rui Filipe e Júlio Pomar entre outros…».
Na Galeria Municipal do 11[fn]Galeria Municipal Do 11 - Av. Luísa Todi 5, 2900-461 Setúbal. Horário: Terça a sexta, das 11h às 13h e das 14h às 18h; sábado das 14h às 18h[/fn], em Setúbal, podemos visitar a exposição «Objetos delicados da memória…» de João Duarte[fn]João Duarte (Lisboa, 1952). Ingressa na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1973, onde conclui a Licenciatura em Artes Plásticas. Membro fundador do Projeto Volte Face-Medalha Contemporânea, no ano em que é integrado na Cadeira de Medalhística da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Anos mais tarde inicia a atividade de professor na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.[/fn], de 1 de abril a 3 de junho. Esta exposição integra esculturas, medalhas, troféus e colagens que o artista desenvolveu em 45 anos da sua atividade artística, destacando as numerosas obras de escultura em espaço público, por todo o país. João Duarte, na inauguração da escultura «Menina com Bicicleta», instalada em Setúbal, afirmou que a peça «é fácil de compreender» e, na posição da menina «que está a olhar para cima, para a Lua, para o céu, está implícito o ato da contemplação e da poesia.»
Na Biblioteca do Centro de Artes de Sines[fn]CAS – Biblioteca Municipal, R. Cândido dos Reis 33, 7520-177 Sines. Horário: segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 12h às 18h[/fn], durante todo o mês de abril, podemos ver a exposição «Reconstituição Portuguesa – Livro Manifesto». Esta exposição tem como base o livro Reconstituição Portuguesa, editado no 25 de Abril de 2022 e organizada pelos criativos Viton Araújo e Diego Tórgo, contando também com a colaboração de dezenas de poetas, escritores e ilustradores.
«Partindo da base da Constituição Portuguesa de 1933, que vigorou em Portugal durante o período do Estado Novo, os autores apagaram as palavras ligadas aos valores de um estado autoritário, repressor e fascista, para revelar, a cada página, poemas que exaltam a democracia e os valores de abril: humanidade, liberdade, justiça e igualdade», segundo o texto da organização.
Abriu um novo espaço cultural no Porto, a EDITORIA[fn]EDITORIA - Rua Sá da Bandeira 196, Porto. Horário: segunda a quarta, das 11h às 22h; quinta a sábado, das 11h às 22h[/fn], apresentando como primeira exposição «DUMPING — A Obra de Arte na Era da Economia Digital», da artista Rita GT[fn]Rita GT (Porto, 1980) é licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes do Porto, concluiu o Curso Avançado de Artes Visuais na Maumaus School of Visual Arts em Lisboa e frequentou o programa de Mestrado em Belas Artes da Malmö Art Academy – Universidade de Lund em Malmö, Suécia.[/fn].
«"Dumping, A Obra de Arte na Era da Economia Digital" é uma exposição-instalação de Rita GT, que abre o programa TURBULÊNCIA, e dá continuidade a um conjunto de trabalhos produzidos nos últimos anos, que originaram exposições ou intervenções como Museu Duty Free ou o vídeo Unearthing. (…) Rita GT tem desenvolvido a sua carreira artística entre Portugal, Angola e Inglaterra. Atualmente, vive e trabalha em Viana do Castelo, cidade onde a indústria cerâmica floresceu nas décadas de 1950 e 1960. Agora abandonadas, estas fábricas são testemunhas de um certo tempo histórico e económico.
É esse resgate da simbologia e iconografia de um passado, deste património imaterial, que a artista promove quando desenvolve uma investigação materializada na produção de novos trabalhos em cerâmica, vídeo e apresentações performáticas», como se pode ler no texto do curador Paulo Mendes.
O projeto EDITORIA, vai integrar uma programação regular de exposições, um espaço dedicado às edições de artistas e edições próprias, conversas, entrevistas e outras formas de reflexão, cruzando múltiplas disciplinas, para além das artes plásticas, como a performance, a música, o design ou o cinema». Este projeto transdisciplinar foi concebido por Ana Carvalho, Alejandra Jaña, José Roseira e Paulo Mendes.
É também Arte em Espaço Público a temática da exposição «Caminho Cultural de Cabril», com a curadoria de Susana Antão, ilustradora e designer, que convidou oito artistas, ilustradores e designers a desenvolver propostas de pinturas murais, representando temas relacionados com a história, a tradição e a cultura popular desta região, que foram realizadas entre 17 e 23 de julho de 2021, em contexto de residência artística. Os trabalhos (esboços e pinturas finais) podem ser vistos na freguesia de Cabril, no Ecomuseu de Barroso[fn]Ecomuseu de Barroso - Terreiro do Açougue n.º 11 5470-251 Montalegre. Horário: todos os dias, das 9h00 às 13h e das 14h às 17h[/fn], Montalegre, até 7 de maio.
«Do Princípio do Mundo», um projeto apresentado na Oficina de Artes Manuel Cargaleiro[fn]Oficina de Artes Manuel Cargaleiro - Avenida da República 2571 Arrentela 2840-741 Seixal. Horário: de terça-feira a sábado, das 10h às 12h30 e das 14h às 17h[/fn], no Seixal, com uma Instalação de Fernando Mota, também responsável pelo som e imagens de Paula Lourenço e Sofia Silva, até 29 de abril. Na apresentação deste projeto destacamos a colaboração entre Fernando Mota e sete fotógrafos, desenvolvido em sete residências artísticas todas elas em espaços naturais, cruzando «a pesquisa sonora e musical com as artes visuais, resultando numa instalação audiovisual, num concerto e num passeio sonoro em cada um dos locais».
No Centro Cultural de Lagos[fn]Centro Cultural de Lagos – Rua Lançarote de Freitas, n.º 7, Lagos. Horário: terça a sábado, 10h – 18h.[/fn] podemos visitar, até 6 de maio, a exposição «PASSO A PASSO», de A. Pedro Correia, que «mais do que buscar coerências estéticas, estilísticas ou temporais, dá a ver obras, técnicas e materiais que foram seduzindo o autor ao longo dos anos e o foram desafiando à criação de uma obra visual desejavelmente capaz de interpelar o espectador e de viver por si própria peça a peça, mas construída, naturalmente, passo a passo».