|Tapete de Arraiolos

Arraiolos leva tradição ao «Avante!»

A divulgação de práticas artísticas tradicionais do nosso país é uma das marcas da Festa do Avante!. Na edição de 2025, o destaque vai para o tapete de Arraiolos, que prepara candidatura a Património Cultural da Unesco. 

CréditosNuno Veiga / Agência Lusa

Há música, debates, exposições, gastronomia e a mostra do que de mais genuíno se faz de Norte a Sul. «Do povo para o povo» – epíteto da mostra dos tabuleiros de Tomar, que em 2024 marcou presença no Pavilhão Central da Festa do Avante!, depois do Carnaval de Torres Vedras e da louça preta de Bisalhães, só para recordar as das últimas edições. Este ano, o destaque vai para os tapetes de Arraiolos, numa exposição organizada em parceria com a Câmara Municipal deste concelho alentejano, através do Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos (CITA), que divulga e explica esta arte ornamental portuguesa, desde 2013.

É, de resto, o responsável pelo CITA, Rui Lobo, que, de acordo com o programa, fará as visitas guiadas à exposição, em horários específicos, no sábado e no domingo. A par dos exemplares expostos, a organização destaca as oficinas de demonstração da feitura destes tapetes, com bordadeiras.

A origem dos tapetes de Arraiolos, bordados com lã sobre tela de juta ou algodão, é desconhecida. Não existe uma prova documental que comprove em que data e por quem foram produzidos os primeiros tapetes e o facto de serem usados no chão das casas impediu que muitos chegassem à actualidade em bom estado de conservação. Sabe-se, no entanto, da existência de dois exemplares cujas datas, 1752 e 1764, foram bordadas nos próprios tapetes, apesar de as referências mais antigas à técnica de fabrico de tapetes de Arraiolos datarem de finais do século XV.

Por ocasião da expulsão da Mouraria de Lisboa por ordem de D. Manuel I, depois de 1496, várias famílias mouriscas passaram pela vila de Arraiolos em direcção ao Sul de Espanha e Norte de África, acreditando-se que terão tido influência na manufactura de tapetes que aí se inicia e cujo bordado ganha o nome de Arraiolos. Mas esta é uma das teorias sobre a autoria dos tapetes. A outra defende que foram feitos em conventos alentejanos, dado que grande parte dos tapetes mais antigos constavam de inventários conventuais. 

Desde a Revolução de Abril que a Câmara Municipal de Arraiolos desenvolve um intenso trabalho de defesa, divulgação, promoção e salvaguarda do tapete de Arraiolos, nomeadamente com a valorização das condições de trabalho das bordadeiras. Depois da abertura do centro interpretativo, a autarquia conseguiu inscrever o Tapete de Arraiolos no inventário nacional de património cultural imaterial, em 2021, e prepara agora uma candidatura para uma classificação por parte da Unesco como património imaterial da humanidade.

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