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No quadro actual da situação económica e social é necessária uma política que aumente de forma urgente os salários e as pensões e a CGTP-IN considera que esse não é o rumo que está a ser seguido pelo Governo.

Na Festa do Pontal, a tradicional rentrée do PSD, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, fez um discurso no qual teve a habilidade de ignorar os problemas do país e, por sua vez,  prometer mundos e fundos. 

Fazendo a avaliação desse discurso, a CGTP-IN considerou que «as recentes declarações do primeiro-ministro passam ao lado da situação dos trabalhadores e do País e não dão respostas concretas aos graves problemas que afectam quem quer cá viver e trabalhar».

Para a central sindical de classe, «o que valoriza o trabalho e os trabalhadores, são salários dignos e respeito pelas carreiras e profissões», política que o Governo não quer seguir, optando por reduzir impostos que abrem «caminho para a acumulação de mais lucros pelos mesmo do costume».

Sobre os jovens, mais uma vez o Governo, pela voz de Luís Montenegro, pouco avançou. Ao invés de garantir a estabilidade necessária que garanta a permanência dos jovens em Portugal com uma política de valorização salarial, a intersindical considera que «não é a redução de impostos que faz com que os jovens optem por ficar no País».

Já sobre os reformados e pensionistas seria necessário o «aumento significativo das pensões e reformas para responder às necessidades» e não «medidas pontuais». O chamado suplemento extraordinário «não pode servir de pretexto a um aumento das reformas aquém do necessário e possível».

Também a avaliação sobre a realidade actual do SNS mereceu atenção por parte da CGTP-IN que «é a sua capacitação e reforço, valorizando desde logo os trabalhadores que os asseguram, e não medidas pontuais ou cujos efeitos estão a largos anos de distância». Contratação de médicos, enfermeiros e outros profissionais, o aumento significativo dos salários e a valorização das respectivas carreiras deviam ser eixos centrais da política governativa, mas que não constam nas prioridades do Governo. 

Como não podia deixar de ser, a intersindical constata ainda a clara contradição que existe em Portugal. Num momento em que alguns dos maiores grupos económicos do país, entre eles os cinco maiores bancos, nos primeiros seis meses de 2024, tiveram resultados de 32,5 milhões de euros por dia, 62% dos trabalhadores por conta de outrem têm um salário bruto até 1000 euros e estima-se que 745 mil trabalhadores recebiam o Salário Mínimo Nacional, cujo valor líquido é, actualmente, de 729,80 euros. 

Num contexto em que se estima que um em cada dez trabalhadores encontra-se numa situação de pobreza, o brutal aumento do custo de vida, «não permite que os salários e as pensões cheguem até ao fim do mês», considera a CGTP-IN. 

Para a central, «os "constrangimentos" de que falava o senhor primeiro-ministro, "que fazem com que muita gente viva na pobreza, sem dinheiro para o essencial, muitas vezes alimentação", são os baixos salários e as baixas pensões».

A nota da CGTP-IN finda com a seguinte consideração: «Há dinheiro. É preciso uma outra distribuição da riqueza. É preciso uma outra política para mudar de rumo e que afirme Abril por um Portugal com futuro». Uma consideração que parece não encaixar na visão da AD para o país.