Em declarações à Agência Lusa, à margem da apresentação do programa da CTA para este ano, o director, Rodrigo Francisco, afirmou que o teatro deve ser uma oportunidade para analisar e debater as questões sociais, pelo que a programação deste ano reflecte «muitos dos problemas» com que o mundo se confronta actualmente.
Sem aumento de apoios estatais – o que faz com que a subvenção desta companhia se situe no mesmo montante recebido em 1997, segundo os seus responsáveis –, Rodrigo Francisco diz, contudo, que é possível montar uma temporada com 52 espectáculos, 12 dos quais da companhia residente, devido ao investimento que a autarquia local continua a fazer na companhia que dirige.
A programação da temporada de 2017, apresentada esta sexta-feira, em Almada, compreende 52 espectáculos, com 12 encenações próprias e quatro estreias, entre as quais se incluem «Migrantes», um texto do dramaturgo romeno Matéi Visniec, «História do cerco de Lisboa», a partir de José Saramago, «Nathan, o sábio», do filósofo, teólogo e dramaturgo alemão Gotthold Ephrain Lessing, e «As aventuras de Guinhol», sobre o texto tradicional francês do século XIX.
Rodrigo Francisco garante que todas as propostas da temporada são de qualidade «superior», destacando, porém, o espectáculo de dança do coreógrafo Wim Vandekeyus, que subirá ao palco principal do Teatro Municipal Joaquim Benite, a 24 de Fevereiro.
Intitulado «Speak low if you speak love» («Fala baixo, se falares de amor»), um título que o coreógrafo e cineasta belga foi buscar a «Muito barulho por nada», de Shakespeare, trata-se de um espectáculo em que se reflecte sobre o amor e a consciente impossibilidade de o compreender, disse Rodrigo Francisco.
Outra das propostas que entusiasma Rodrigo Francisco é «Migrantes», do dramaturgo romeno contemporâneo Matéi Visniek, uma estreia absoluta que aborda as migrações, como «revolução da partilha», que estará em palco de 21 a 28 de Abril, e de 3 a 14 de Maio.
São dois espectáculos com dois temas extremamente contemporâneos e que de certa forma se interligam, pois «acolher migrantes não deixa de ser um acto de amor», sublinhou Rodrigo Francisco.
O director orgulha-se ainda da peça «História do cerco de Lisboa», que parte da obra homónima de José Saramago, com dramaturgia do espanhol José Gabriel Antuñano e encenação de Ignacio García, actual director artístico do festival Dramafest, do México.
Com produção conjunta da CTA, da ACTA – Companhia de Teatro do Algarve, da Companhia de Teatro de Braga e do Teatro dos Alóes, a peça estará em cena de 12 de Outubro a 3 de Novembro.
Cultura de parcerias
Entre as produções convidadas, a temporada integra, entre outras, a estreia de «Marcha invencível», com texto e encenação de João Pedro Mamede, «Fã», do Teatro Nacional de S. João, «O capuchinho vermelho», com texto e encenação de Joël Pommerat, «A noite da Iguana» e «Jardim Zoológico de Vidro», de Tennessee Williams, pelos Artistas Unidos, e «As criadas», de Jean Genet.
Em 2017, o Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) renova a colaboração com estruturas de criação nacionais como o Teatro Nacional S. João, a Companhia Nacional de Bailado e a Companhia Olga Roriz.
A música clássica ficará a cargo da Orquestra Gulbenkian, da Orquestra Sinfónica Portuguesa e da Orquestra Metropolitana, enquanto que a música contemporânea contará com a presença de nomes como Ana Moura, Jorge Palma e Deolinda.
O cartão do Clube de Amigos do TMJB, que conta com cerca de seis centenas de membros, dá direito a entrada gratuita nos espectáculos da CTA, e desconto de 50% em todos os espectáculos acolhidos.
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