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Amarsul e Valorsul com fortes adesões à greve

As greves na Amarsul e Valorsul, empresas de recolha e tratamento de lixo, iniciou-se hoje de madrugada com elevadas adesões. Os trabalhadores exigem aumentos salariais, o respeito pelos direitos inscritos nos acordos de empresa e manifestam-se contra a privatização da EGF.

Piquete de greve na Valorsul
Créditos / Fiequimetal

A adesão à greve na Amarsul no primeiro turno foi de 95%, sendo que nas instalações não entrou qualquer veículo de recolha de resíduos das câmaras e ficou interrompido o depósito em aterro, informa Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE SUL/CGTP-IN). Nos turnos posteriores a adesão continua elevada, não entrando nem saindo nenhum carro de recolha.

Quanto à Valorsul, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA/CGTP-IN) adiantou esta manhã que a Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, em São João da Talha, «está totalmente parada», assim como no aterro sanitário de Mata Cruz, em Vila Franca de Xira, «há uma paralisação total, com a excepção dos trabalhadores dos serviços mínimos». No aterro sanitário do Cadaval, dos «seis carros que eram para fazer a recolha aos concelhos da zona oeste, saíram três, o que quer dizer que 50% das viaturas não saíram» e a triagem está parada, afirmou o sindicato.

A greve na Valorsul afecta os concelhos de Alcobaça, Alenquer, Amadora, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lisboa, Loures, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Odivelas, Peniche, Sobral de Monte Agraço, Rio Maior, Torres Vedras e Vila Franca de Xira.

Na Amarsul, a paralisação abrange os municípios de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal.

A greve nas duas empresas voltará a decorrer na sexta-feira, dia 16 de Junho.

Por aumentos salariais e cumprimento da contratação colectiva

Os trabalhadores da Amarsul, que durante os últimos 7 anos não tiveram aumentos salariais, exigem «o aumento dos salários e cláusulas de expressão pecuniária, que permita a recuperação do poder de compra perdido nos últimos anos», refere a resolução saída do plenário de trabalhadores e divulgada pelo SITE Sul e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL/CGTP-IN).

A resolução acrescenta ainda a exigência do «respeito e a aplicação integral da contratação colectiva existente», categorias profissionais ajustadas à função de cada trabalhador e constantes do acordo de empresa, assim como «melhores condições de segurança e saúde no trabalho». Lutam ainda contra o trabalho precário, para que a cada posto de trabalho permanente corresponda um trabalhador efectivo.

Num documento distribuído à população da península de Setúbal a explicar as razões da greve, os trabalhadores da Amarsul lembram a degradação do serviço que se verificou desde a privatização da empresa, entregue em 51% à SUMA/Mota-Engil, contra a vontade dos municípios, que ficaram com 49%. Recordam ainda a imposição do grupo privado, em 2016, mais uma vez contra a vontade dos municípios, em distribuir dividendos da Amarsul pelos accionistas no valor de 6,8 milhões de euros.

Num documento distribuído à população da península de Setúbal a explicar as razões da greve, os trabalhadores da Amarsul lembram a degradação do serviço que se verificou desde a privatização da empresa, entregue em 51% à SUMA/Mota-Engil, contra a vontade dos municípios.

Em Julho do ano passado, a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) e sindicatos do distrito também se manifestaram contra a distribuição dos dividendos, que consideraram ser uma «apropriação» dos capitais gerados pela gestão pública.

Perante a greve, a administração da Amarsul apresentou uma proposta, pela qual os trabalhadores, ouvidos em plenários, manifestaram a sua insatisfação, considerando que revela «um claro desprezo pelo seu esforço e trabalho, bem como não vai ao encontro do espírito da intervenção dos Municípios da Península de Setúbal de procura de uma solução».

Reafirmaram a sua proposta de aumento de 30 euros por trabalhador a partir de Junho e até Dezembro, o que significa um montante de 59 400 euros, que os trabalhadores consideram «perfeitamente ao alcance de quem já retirou mais de 6,8 milhões de euros de lucros nos dois últimos anos».

Um comunicado do SITE CSRA afirma que a greve na Valorsul tem como objectivo «exigir da administração a publicação integral do acordo de empresa, dado que tem sido uma prática que se tem verificado em anos anteriores e que agora a administração não pretende retomar».

Os trabalhadores da Valorsul exigem ainda que «a administração cumpra o actual acordo em vigor, dado que nos últimos tempos tem vindo a pôr em causa alguns direitos nele consagrados».

Em Julho de 2015, a Amarsul e a Valorsul, sobre acção do anterior governo do PSD e do CDS-PP, passaram a integrar o grupo Mota-Engil, por via da compra da Empresa Geral de Fomento (EGF), detentora de 51% do capital social da Amarsul e de 53% da Valorsul.

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