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Euro: 20 anos depois, o País está mais atrasado

Portugal aderiu ao euro há 20 anos. No início da campanha eleitoral para o Parlamento Europeu, o debate em torno do euro joga no argumentário das diferenças forças. O que nos diz a realidade?

Paulo Rangel e Nuno Melo em campanha da coligação Aliança Portugal (PSD/CDS-PP) às eleições europeias, 19 de Maio de 2014, Viseu.
PAULO CUNHA/LUSA
Paulo Rangel e Nuno Melo em campanha da coligação Aliança Portugal (PSD/CDS-PP) às eleições europeias, 19 de Maio de 2014, Viseu. PAULO CUNHA/LUSACréditos

A discussão em torno do euro e dos alegados benefícios ou prejuízos para a nossa economia, tem estado presente na sociedade portuguesa desde a adesão do nosso País à moeda única.

Os partidos com eleitos no Parlamento Europeu têm referido já na pré-campanha as suas posições sobre esta matéria.

João Ferreira, cabeça de lista pela CDU, apresenta uma crítica consistente à permanência de Portugal na moeda única. O candidato tem afirmado que, depois de duas décadas com a moeda única, há duas opções para o País: ou insistir no mesmo caminho ou olhar para este «constrangimento» e perceber que é preciso removê-lo para Portugal se poder desenvolver. O parlamentar ao PE vai mais longe dizendo que «não há debate sério sobre o futuro do País que possa ignorar este obstáculo» e que tal só acontecerá através de «um processo cuidadosamente preparado», com a adesão da maioria da população e garantindo os direitos, rendimentos e poupanças dos cidadãos.

Por seu turno, para o cabeça de lista do PS ao PE, Pedro Marques, se o País procurasse sair do euro, «um país do nosso tamanho» correria um grande o risco «como está, aliás, a acontecer no Reino Unido». Argumentário que parece querer fazer esquecer que o Reino Unido nunca aderiu ao euro.

Marisa Matias, primeira candidata pelo BE, tem afirmado que a moeda única é boa para a Alemanha e que carece de «reformas profundas», sem clarificar no que se possam traduzir essas transformações.

Da parte da direita, Nuno Melo, candidato do CDS-PP, assume que é necessário um «aperfeiçoamento da zona euro», também sem concretizar qual o caminho a fazer.

Para Paulo Rangel, do PSD, o País ganhou muito com a adesão à moeda única, pois Portugal terá aumentado «a sua importância em termos globais». O problema residirá no facto de o País não ter «sabido aproveitar a oportunidade dada» pela moeda única.

20 anos de euro, que balanço?

Tendo por base o Boletim Económico de Maio do Banco de Portugal (BdP) e as previsões de Primavera da Comissão Europeia (CE), na passada semana, o Jornal de Negócios noticiava que, «apesar de Portugal estar a convergir com a área do euro, os portugueses estão hoje mais pobres face aos países da moeda única do que há 20 anos – quando o país estava prestes a trocar o escudo pelo euro».

As estimativas de que Portugal possa prolongar pelo corrente ano e pelos próximos dois alguma convergência que se tem vindo a verificar nos últimos anos com a média da União Europeia (UE), estão ainda longe de permitir que os portugueses tenham um nível de rendimento igual ou superior ao que tinham quando Portugal aderiu ao euro.

Como de resto confirmam aquelas entidades quando dizem que, mesmo que se mantivesse um crescimento do nível do verificado nos últimos anos, será dificíl ao País recuperar o atraso, acrescentando que estamos longe de apagar os danos provocados tanto pela crise económica como pelo nosso percurso histórico de crescimentos anémicos.

Ao contrário do que foi prometido aquando da adesão, e que foi repetido por governantes de PS, PSD e CDS-PP, os últimos 20 anos demonstram que Portugal, em vez de se aproximar do «pelotão da frente» convergindo com economias mais desenvolvidas, na verdade aumentou o fosso que já então existia, nomeadamente com a Alemanha, Bélgica, Holanda.

A adesão ao euro foi acompanhada por políticas que destruíram grande parte do aparelho produtivo, que permitiram a alienação de grupos económicos nacionais a interesses estrangeiros, que destruíram emprego e aumentaram o desemprego, que conduziram a recessão e estagnação económica, assim como à saída do País de grande parte da mão-de-obra qualificada nacional, e que tiveram como consequência o avolumar do endividamento externo português, o acentuar do desequilíbrio da nossa balança corrente, e estreitaram, de forma acentuada, a soberania nacional.

As diferentes forças políticas em jogo para as próximas eleições europeias e legislativas não podem ignorar que a realidade económica e social nacional está profundamente marcada pela adesão e manutenção do País na moeda única.

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