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|Prevenção Rodoviária

As estradas continuam a matar

Em 2017 foram centenas de mortos e dezenas de milhar de feridos. O aumento relativamente ao ano anterior foi o segundo maior da União Europeia. Estamos habituados. Será uma inevitabilidade? Não é.

Acidente em estrada portuguesa. Foto de arquivo, c. 2015.
Acidente em estrada portuguesa. Foto de arquivo, c. 2015. CréditosFonte: Bom dia EU

A sinistralidade rodoviária e as suas consequências, ao nível das vítimas humanas é, seguramente, o problema de saúde pública mais complexo com que Portugal se confronta, se atentarmos nos danos pessoais e humanos provocados.

Os dados disponibilizados pelo último Relatório de Segurança Interna (RASI 2017) apontam para um agravamento da situação, quanto ao número de acidentes, vítimas mortais no local, feridos graves e feridos ligeiros.

14%

Aumento das vítimas mortais entre 2016 e 2017

Os números de 2017 em comparação com os de 2016, são preocupantes: 136.239 acidentes (mais 3.082); 520 vítimas mortais no local (mais 65); 2387 feridos graves (mais 92); 43.297 feridos leves (mais 2.556).

Segundo dados preliminares de 2017, divulgados no passado dia 10 de abril pela União Europeia, o aumento de 14% do número de mortos verificado em Portugal é a segunda maior subida entre os Estados-Membros, depois de Chipre (15%).

«[Em 2017] 136.239 acidentes (mais 3.082); 520 vítimas mortais no local (mais 65); 2387 feridos graves (mais 92); 43.297 feridos leves (mais 2.556)»

Tendo em consideração as metas do Plano Estratégico Nacional de Segurança Rodoviária (PENSE 2020), que fixa em 41 mortos/milhão de habitantes até 2020, conclui-se que há um longo caminho a percorrer para se atingir a referida meta.

Na análise efetuada ao PENSE 2020, no âmbito de um Relatório que coordenei no Instituto Direito e Segurança da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, foram identificadas algumas importantes debilidades instrumentais.

No referido documento defende-se que «a segurança rodoviária constitui uma problemática transversal, de natureza política, social e económica. Ela envolve uma diversidade de atores, relacionados, nomeadamente, com os transportes, a segurança interna, a proteção civil, a justiça, a saúde, a investigação científica, as ciências forenses, a engenharia, as concessionárias das vias, e muitos outros».

«Importa colocar a sinistralidade rodoviária na agenda da segurança interna, para que possa ser enfrentada como um dos riscos a que o país está sujeito e que mais vítimas mortais anualmente provoca»

No mesmo documento constata-se a falta desta multidisciplinariedade, ao nível da articulação dos Objetivos Operacionais, com as Ações e Medidas e sublinha-se «uma significativa falta de estudos epidemiológicos que faculte a produção de informação operacional e estratégica, para sustentação duma segura base conclusiva, que se projete para além das evidências empíricas tornadas ciência nesta matéria. Esta debilidade acrescentada à comprovada falta de especialistas dotados de conhecimentos específicos sobre segurança rodoviária, indicia uma grande vulnerabilidade na tomada de decisões e de medidas ao nível da multiplicidade de entidades públicas e privadas com intervenção, direta ou indireta, nesta problemática».

Passados muitos anos de sucessivas abordagens a este grave problema do país, continua-se a morrer nas estradas portuguesas de forma brutal, mas silenciosa, como se toda a sociedade e os decisores políticos se tivessem habituado ao que parece ser uma inevitabilidade, mas não é.

Importa colocar a sinistralidade rodoviária na agenda da segurança interna, para que possa ser enfrentada como um dos riscos a que o país está sujeito e que mais vítimas mortais anualmente provoca.

As estradas portuguesas continuam a matar, porque falta resolver as debilidades estruturais do triangulo em que se deve sustentar, toda e qualquer estratégia de mitigação deste risco, ou seja, agindo de forma articulada sobre os condutores, os veículos e as vias.


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AE90)

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