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|Economia

Avelãs Nunes «Honoris Causa» pela Universidade de Valladolid

O professor jubilado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, António Avelãs Nunes, viu a Universidade de Valladolid conceder-lhe o grau de doutor  Honoris Causa.

No seu discurso de investidura, centrado nas questões da globalização, Avelãs Nunes lembrou as viagens atlânticas de portugueses e espanhóis que, a partir do século XV, «fizeram de nós os responsáveis pela primeira onda de globalização», cujas primeiras vítimas «foram os povos colonizados, que sofreram a pilhagem das suas riquezas, o tráfico de escravos, a destruição das suas culturas, o genocídio em massa».

Falando de uma «segunda onda de globalização que teve lugar no último quartel do século XIX, impulsionada pela revolução científica e tecnológica no domínio das fontes de energia, nos transportes, nas comunicações, uma revolução que encurtou as distâncias, facilitou a mobilidade de pessoas e bens, dilatou os mercados, unificou o mercado mundial», o professor distinguido sublinhou que «a concentração e a centralização do capital então registada conduziu à monopolização do capital, e esta desencadeou o processo de corrida às colónias e de partilha dos territórios coloniais entre as grandes potências, que teve na célebre Conferência de Berlim (1884/1885) o seu momento mais simbólico. O mundo ficou mais pequeno e o capitalismo entrou numa nova fase, consolidando-se como sistema dominante à escala mundial. Mas as crises cíclicas tornaram-se mais frequentes e mais agudas, e passaram a ser crises mundiais».

No seu discurso, Avelâs Nunes chama ainda a atenção para o que considera ser a última onda de globalização que «trouxe consigo um elemento novo, que não existia em 1916, quando Lenine publicou o famoso ensaio sobre O Imperialismo», referindo-se «à mundialização do mercado da força de trabalho, que colocou à disposição dos grandes empregadores um enorme exército de reserva de mão-de-obra, que constitui um estímulo poderoso à deslocalização de empresas, em busca de mão-de-obra mais barata e sem direitos, alterando a correlação de forças, à escala mundial, em sentido contrário aos interesses e aos direitos dos trabalhadores».

O professor de Coimbra lembra ainda os primeiros tempos da evolução industrial, quando «os operários viram nas máquinas o seu "inimigo" e por isso as destruíram e sabotaram. Cedo compreenderam, porém, que o seu inimigo de classe nunca poderiam ser as máquinas, mas uma outra classe social» e alerta que «seria imperdoável que cometêssemos hoje o mesmo erro. A globalização neoliberal é o resultado de opções políticas, e as políticas neoliberais não podem ser consideradas uma consequência inevitável da revolução científica e tecnológica. Do mesmo modo que o lançamento das bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaqui ou a guerra química praticada pelas forças americanas no Vietnam foram o resultado de opções políticas, não a consequência inevitável do desenvolvimento da Física Nuclear e da Química».

«A origem dos nossos males não é o desenvolvimento científico que torna possíveis alguns dos instrumentos da "política neoliberal globalizadora", mas o neoliberalismo que a alimenta, a estrutura dos poderes em que ela se apoia, os interesses que serve, cada vez mais os interesses da pequena elite do grande capital financeiro-especulador. O que aflige o mundo são as políticas de globalização neoliberal, que servem um projecto político concebido e levado a cabo de forma consciente e sistemática por todas as instâncias do poder político, e apoiado, como nunca antes na História, pelo poderoso arsenal dos aparelhos produtores e difusores do pensamento único dominante».

Alertando para o tempo de profundas contradições que vivemos, em que «o advento do capitalismo provocou um enorme desenvolvimento das forças produtivas, e, acima de tudo, um extraordinário desenvolvimento do próprio Homem, enquanto produtor e titular de ciência, de tecnologia, de informação», Avelâs Nunes sublinha que «os motores da globalização neoliberal podem ser parados ou mesmo postos a andar em marcha atrás; a inevitabilidade da globalização neoliberal é um mito; a tese de que não há alternativa é um embuste».

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