Após mais de cinco anos de impasse, a notícia tão aguardada pela população de São Pedro da Cova, no concelho de Gondomar, chegou ontem. A retirada da segunda fase de resíduos industriais perigosos, provenientes da Siderurgia Nacional, que laborou na Maia (Porto) entre 1976 e 1996, avança na próxima segunda-feira, 12 de Outubro.
Em declarações ao AbrilAbril, Pedro Miguel Vieira, presidente da Junta da União das Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova, salienta que esta é uma vitória da população, que, afectada por este crime ambiental, nunca desistiu de lutar pela retirada dos resíduos aterrados nas escombreiras das antigas minas de carvão de São Pedro da Cova, entre 2001 e 2002.
«Os habitantes de São Pedro da Cova lutaram sozinhos durante anos e anos, juntamente com a Junta de Freguesia e o PCP. Durante muito tempo fomos chamados de alarmistas», critica.
A primeira fase, em que foram removidas cerca de 105 mil toneladas de resíduos perigosos, decorreu entre Outubro de 2014 e Maio de 2015. Desde então que se aguardava pela retirada do restante lixo tóxico encontrado, não sendo clara, alerta o presidente da autarquia, a quantidade correcta que ainda permanece naqueles terrenos.
Como tal, não obstante existir «muito ânimo» pela notícia recebida ontem, «é uma vitória de quem nunca desistiu de reivindicar e de lutar», Pedro Miguel Vieira é cauteloso relativamente às previsões de execução da segunda, e espera-se que última, empreitada, que tem prazo previsto de dez meses. «Em princípio, em Agosto do próximo ano estará concluída», revela o autarca, esperando que até lá não surjam «novas surpresas».
Certezas existem sobre a luta que a Junta de Freguesia irá prosseguir, após a remoção total dos resíduos, pela requalificação ambiental dos terrenos do complexo mineiro, que nos anos 1930 e 40 foi responsável por cerca de 65% da produção nacional de carvão, e do Cavalete do Poço de São Vicente, classificado como Monumento de Interesse Público em Março de 2010. Recuperação que Pedro Miguel Vieira designa de «compensação da população» pelo, provavelmente, maior crime ambiental cometido em solo nacional.