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Núcleo de Arte Rupestre do Vale do Coa é Património da Humanidade

Arqueólogos indignados com acto de vandalismo no Côa

A Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP) responsabiliza o Ministério da Cultura pelo «criminoso atentado» contra uma gravura rupestre no Parque Arqueológico do Vale do Côa, em Vila Nova de Foz Côa. Trabalhadores defendem que o grave acto resulta do desinvestimento e dos cortes na segurança. 

Representação de animal numa pedra de xisto do complexo rupestre do Vale do Côa
Representação de animal numa pedra de xisto do complexo rupestre do Vale do CôaCréditosMarcos Borga / Agência Lusa

Num comunicado divulgado na sequência de uma reunião de emergência sobre o acto de vandalismo sobre um dos mais significativos núcleos de Arte Rupestre do Vale do Côa, a AAP «condena com veemência e manifesta a sua mais viva indignação», ao mesmo tempo que exige a «punição exemplar dos seus autores materiais». 

A associação reclama a intervenção directa do Ministério da Cultura na gestão do Parque Arqueológico do Côa, e responsabiliza o ministro Luís Filipe Castro Mendes pelo facto de não terem sido adoptadas medidas desde o alerta emitido «há mais de um ano» sobre a «grave situação do Museu e do Parque Arqueológico do Côa».

Foi na passada sexta-feira que veio a público o vandalismo perpetrado na rocha 2 de Piscos, famosa mundialmente pela sua importante figuração humana com mais de 15 mil anos. 

«O acto é grave mas não deve constituir surpresa»

«Fomos surpreendidos com a descoberta de novíssimas gravações de uma bicicleta, um humano esquemático e a palavra 'BIK' directamente sobre o conhecidíssimo conjunto de sobreposições incisas do sector esquerdo daquele painel, onde, como é universalmente sabido, está o famoso Homem de Piscos, a mais notável das representações antropomórficas paleolíticas identificadas no Vale do Côa», disse então à Lusa o director do parque arqueológico, António Baptista.

Para os trabalhadores do parque, o grave acto não constituiu surpresa. Pelo contrário, dizem que aguardavam o dia em que isto acontecesse graças à falta de investimento e aos cortes na segurança. «Tal só ocorreu devido à falta de vigilância no sítio, decorrente dos sucessivos cortes no financiamento que se têm vindo a sentir, até bem recentemente, na Fundação Côa Parque. Durante o governo anterior, o sítio em causa deixou mesmo de ter qualquer tipo de vigilância», denunciam.  

Defendem que «desde a primeira hora» até à última reunião com o ministro da Cultura, têm vindo a alertar para o perigo desta situação e para as possibilidades de vir a ocorrer o que agora aconteceu. Porém, revelam que «esta falta de vigilância nunca foi claramente denunciada publicamente por receio que a publicitação da ausência de vigilância nos sítios pudesse, ela própriapotenciar a ocorrência destes actos».

Os acontecimentos da semana passada impuseram aos trabalhadores uma mudança de estratégia. Exigem ao ministro da Cultura e ao anunciado novo presidente do Conselho de Administração uma solução urgente para o problema da falta de vigilância, «de forma a impedir que estas situações voltem a ocorrer». Mas apelam também à justiça uma acção rápida e eficaz que puna de acordo com a lei os perpetradores deste crime público.

O grupo parlamentar do PCP, que por várias vezes denunciou o subfinanciamento do Côa, reagiu prontamente com uma pergunta ao Governo sobre as medidas a tomar para resolver este problema, onde aproveita para recordar que a «criação de uma fundação pública de direito privado para a gestão do património do Côa foi uma fuga para a frente com vista à desorçamentação dos custos de manutenção do museu e da conservação do património» reconhecido pela UNESCO e de valor incalculável para a Humanidade.

No início do mês de Abril, o Conselho de Ministros aprovou o decreto-lei que altera os estatutos da Côa Parque - Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa, que abrange o Museu e o Parque Arqueológico.

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