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Vitória histórica dos independentistas na Irlanda do Norte

O Sinn Féin ganhou nas urnas, mas os unionistas ameaçam não deixar tomar posse o novo governo alegando divergências sobre os acordos com Bruxelas.

Uma vitória depois de décadas de conflitos sangrentos.
Uma vitória depois de décadas de conflitos sangrentos.CréditosDR / AP

A Irlanda do Norte está a viver um ponto de viragem histórico. Pela primeira vez na história desta província colonizada pelo Reino Unido, dominada desde a sua criação em 1921 por protestantes (na sua maioria unionistas, fiéis à ligação com Londres), um partido independentista a favor da reunificação da Irlanda e essencialmente católico, o Sinn Féin, ganhou as eleições parlamentares de 5 de Maio.

No sábado 7 de Maio, quase quarenta e oito horas após o início de uma longa e complexa contagem, Sinn Féin (presente em toda a ilha, tanto na República da Irlanda como na Irlanda do Norte), teve 27 candidatos eleitos, contra 24 para o partido unionista DUP, até então a principal força política da nação. Ao todo, 90 deputados deveriam ser nomeados para ter assento na Assembleia de Stormont, o Parlamento da Irlanda do Norte, que tem poderes significativos (saúde, justiça, educação), mesmo sem a independência.

O partido independentista Sinn Féin obteve 29% dos primeiros votos escrutinados nas eleições regionais realizadas na Irlanda do Norte, que confirmam também a recuperação de partidos do centro e uma divisão nos unionistas (defensores da permanência no Reino Unido), indica a agência EFE.

O acesso à habitação - com preços altíssimos - saúde e educação têm sido os argumentos que marcaram a campanha do Sinn Féin. As condições materiais da vida, afinal de contas. A identidade nacional não foi o tema principal, e no entanto um referendo para reunificar a Irlanda - a Irlanda do Norte, cuja capital é Belfast, com a República da Irlanda, Dublin - parece mais próximo do que nunca. «Creio que um referendo seria possível dentro de cinco anos, mas é muito mais importante que os preparativos comecem agora», disse a presidente do Sinn Féin, Mary Lou McDonald.

A vice-líder do Sinn Féin e próxima primeira-ministra da Irlanda do Norte, Michelle O'Neill, disse que «este é um dia histórico, o início de uma nova era. Vamos governar para todos e a minha mensagem aos Unionistas é para não terem medo», disse ela após serem conhecidos os resultados das eleições.

O Partido Unionista Democrático recebeu até agora 21,3% dos votos, enquanto o Partido Aliança, do centro-liberal, obteve 13,5%, consolidando-se na terceira posição.

Com este resultado, a líder do Sinn Féin na região, Michelle O'Neill, concorrerá ao cargo de ministra-chefe, funções nunca ocupado por um político independentista nos 100 anos de história daquela província britânica.

«Foi muito positivo, acho que fizemos uma campanha muito positiva», disse Michelle O'Neill, enquanto a presidente do partido, Mary Lou McDonald, salientou que o Sinn Féin venceu «as eleições mais importantes em uma geração».

Após assegurar o cargo, Michelle O'Neill reiterou que quer «trabalhar em cooperação com os outros» grupos políticos para resolver problemas que afetam a cidadania, como «o custo de vida ou a saúde».

O Sinn Féin falou durante a campanha eleitoral desses assuntos, mas a questão da reunificação da Irlanda chamou mais uma vez a atenção do unionismo num momento em que o Brexit ameaça colocar em risco a união com a coroa britânica.

O Partido Unionista Democrático, maioritário nos últimos 20 anos, reiterou hoje que não fará parte de um governo de coligação se as conversas mantidas por Londres e Bruxelas não levarem à eliminação do protocolo do Brexit para a região .

«Até que essa questão seja resolvida, podem realizar as eleições que quiserem, mas não haverá governo até que seja consertada a questão do protocolo», disse Ian Paisley, deputado do Partido Unionista em Westminster, parlamento do Reino Unido.

O líder do Partido Unionista salientou que, à luz dos resultados das eleições, Londres «agora terá que se concentrar em resolver» os problemas que os acordos comerciais pós-Brexit estão a causar na Irlanda do Norte.

O Partido Unionista forçou a queda do governo em fevereiro último e agora não tem intenção de apresentar um candidato ao cargo de vice-ministro-chefe de Michelle O'Neill.

Chantagem unionista

Segundo o acordo de paz da Sexta-feira Santa (1998), que pôs fim ao conflito, nenhum dos dois cargos pode existir sem o outro e, embora ambos tenham o mesmo estatuto, o cargo de ministro-chefe tem uma enorme carga simbólica para o unionismo protestante.

«Se o protocolo não for alterado e as barreiras comerciais forem removidas, não voltaremos a Stormont», ameaçou Edwin Poots, antigo líder do DUP e recém-eleito deputado da Irlanda do Norte para Belfast do Sul, na sexta-feira. A parte espera uma intensificação das negociações sobre o protocolo entre Londres e Bruxelas, mas estas têm estado paradas há meses. A parte espera uma intensificação das negociações sobre o protocolo entre Londres e Bruxelas, mas estas estão paradas há meses. Bruxelas recusa-se, de qualquer modo, a desistir deste acordo que visa a preservação do mercado interno europeu. «O DUP mantém o executivo da Irlanda do Norte como refém», disse Michelle O'Neill alguns dias antes da votação.

Sem um executivo, a implementação de políticas governamentais será impedida: nenhum apoio financeiro, por exemplo, para o povo da Irlanda do Norte que luta para pagar as contas de energia que duplicaram os seus custos. «Qualquer atraso na formação do executivo causará raiva entre os eleitores», advertiu Mary Lou McDonald, a líder do Sinn Féin e membro eleito do parlamento da República da Irlanda.

No governo de Dublin, tem havido também preocupações nos últimos dias sobre o risco de alegada instabilidade que uma vitória do Sinn Féin no norte vai traz. O DUP estaria a agir «antidemocraticamente» recusando-se a participar no executivo da Irlanda do Norte, advertiu Michael Martin, primeiro-ministro da República da Irlanda, a 3 de Maio.

Em Londres, a vigilância está ao rubro: qualquer debate sobre a reunificação irlandesa irá impulsionar o debate sobre a independência escocesa. Na quinta-feira passada, realizaram-se também eleições locais na Escócia, onde mais uma vez o Partido Nacional Escocês (SNP) pró-independência saiu vitorioso. Em 2021, a sua líder, Nicola Sturgeon, prometeu realizar um referendo sobre a independência antes do final de 2023.

 

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