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|Ambiente

Quem é o melhor amigo do ambiente?

A pretexto da crise gerada pelo COVID-19, do medo e do alarmismo potenciado pelos meios de comunicação, desenvolve-se uma tremenda ofensiva ideológica sobre as mais diferentes áreas da vida, em que se inclui o ambiente.

Manifestação do grupo ambientalista Extinction Rebellion em Londres, a 15 de Abril de 2019.
Manifestação do grupo ambientalista Extinction Rebellion em Londres, a 15 de Abril de 2019.Créditos / Sky News

Por estes dias muito se tem escrito sobre o contributo que o surto epidémico do COVID-19 deu para a protecção do meio ambiente, podendo concluir-se que ele é, neste momento, o seu melhor amigo. Retirada a raça humana do solo, das águas, dos céus, enclausurando-a em suas casas, os rios voltaram a ser azuis, golfinhos voltaram a Veneza, as emissões de gases de efeito estufa diminuíram e há quem já tenha avistado mamutes algures na Noruega. Alguns «notáveis» pensadores que por aí andam, que poluem a comunicação social e as redes sociais, até parecem querer dizer, sem o fazerem, que isto sem o Homem está muito melhor. Será o Homem o maior inimigo da Natureza?

Penso que nos deve preocupar uma tendência que anda por aí e que, não tocando, nem beliscando sequer o modo de produção capitalista, antes pactuando com ele e com os seus mandantes, nos quer oferecer, bem embrulhadas, recicladas políticas de exploração e de controlo dos trabalhadores, políticas anti-humanas, pintadas de verde.

Lemos por aí outras coisas incríveis, como por exemplo, «uma recessão até pode ajudar a fazer com que os gases de efeito estufa diminuam»1 ou se «a espécie humana não comesse outros animais não havia surtos epidémicos». No fundo, nas entrelinhas vai-se dizendo e apresentando o teletrabalho como uma opção de futuro para a protecção do meio ambiente – porventura a escola a partir de casa também – e por aí fora. Bom, talvez não haja sociedade mais ambiental que a dos Flintstones, quiçá com mais umas vinte ou trinta quarentenas possamos voltar a ver dinossauros.

Fechar as pessoas em casa, para trabalhar e estudar, alterando profundamente a forma como se organiza o trabalho e enchendo os lares de todo o tipo de tecnologias «amigas» do ambiente que permitam trabalhar ao máximo. Controlar as saídas para a rua, as deslocações e as viagens, a quantidade de lixo que se pode fazer e os alimentos que se podem comprar e comer. Ter políticas de controlo populacional, uma política de saúde assente na ideia de que vive quem é produtivo e morre quem é doente e velho. Talvez tudo isto contribua para diminuir os gases de efeito estufa também, não acham?

A pretexto da crise gerada pelo surto epidémico COVID-19, do medo e do alarmismo potenciado pelos diferentes meios de comunicação, desenvolve-se uma tremenda ofensiva ideológica sobre as mais diferentes áreas da vida, em que se inclui o ambiente. Eleva-se ao expoente máximo a responsabilidade individual pela degradação ambiental recorrendo, se preciso, a notícias falsas, e repete-se até à exaustão a necessidade de redução dos gases de efeito estufa, acenando-se com as políticas verdes de mercantilização do carbono promovidas pelo grande capital.

Assim é o capitalismo, em cada crise vê uma oportunidade e, nesta situação concreta, não ia deixar de a aproveitar para iludir as populações sobre as suas reais responsabilidades nos problemas que o seu modo de produção gerou no meio ambiente, promovendo, por outro lado, as suas falsas soluções verdes, com o objectivo de continuar a garantir os seus lucros, à custa dos trabalhadores e da Natureza.

O capitalismo e o seu modo de produção esbulham o Trabalho e a própria Natureza. A superação do capitalismo e a construção de uma nova sociedade, emancipada, que edifique um modo de produção alternativo, é por isso imprescindível para um real equilíbrio entre o Homem e a Natureza no nosso planeta.

Nesse sentido, necessitamos de uma política ambiental que rejeite a mercantilização da Natureza e coloque como objectivo a necessidade de diminuição da dependência de combustíveis fósseis, com a promoção de alternativas energéticas de domínio público, que rejeite licenças transaccionáveis e políticas de especulação em torno da redução de emissões de gases de efeito estufa, combata a mercantilização da água e contrarie a lógica da liberalização do comércio mundial. Uma política ambiental centrada na luta pela Paz, combatendo os fenómenos mais poluentes do nosso mundo, que são a indústria militar, o militarismo e a guerra.

O Homem é parte integrante da Natureza. Dai, a necessidade de progredirmos colectivamente para um maior equilíbrio entre Homem e Natureza, e isso exige a derrota do principal inimigo de ambos: o capitalismo.

1 Entrevista à economista e sub-directora do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável, Filipa Saldanha, ao suplemento W do Jornal de Negócios, Pág. 5.

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