Esta sexta-feira, a emissora de rádio e televisão dos Países Baixos Avrotros anunciou que pretende boicotar o concurso devido à situação na Faixa de Gaza, juntando-se a outros países que ameaçam retirar-se da competição em 2026, marcada para Maio na Áustria, país vencedor da edição deste ano.
A Avrotos recordou que desde a sua criação, há 70 anos, a música tem estado no centro do concurso «como uma força unificadora, com a paz, a igualdade e o respeito como valores fundamentais». No entanto, admitiu que «não pode continuar a justificar a participação de Israel na situação actual, dado o sofrimento humano contínuo e grave em Gaza», não obstante a campanha criminosa de Israel perdure há décadas.
Posição semelhante foi assumida ontem também pela Rádio Televisão da Eslovénia (RTV), que já em Julho tinha dado conta, durante a Assembleia-Geral da União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês), que boicotaria o concurso em 2026 caso Israel fosse autorizado a participar.
Na quinta-feira, tinha sido a Irlanda, que já venceu sete vezes o concurso, a anunciar a sua intenção de não competir ao lado de Israel. Tal como a emissora irlandesa RTÉ, a declaração da Avrotos refere preocupações com a liberdade de imprensa, defendendo que existem «provas comprovadas de interferência do governo israelita» durante o concurso de 2025, afirmando que Israel utilizou o evento «como um instrumento político».
Também esta semana, na terça-feira, a agência EFE noticiou que a Rádio Televisão Espanhola (RTVE) anunciou nesse dia estar a considerar todos os cenários possíveis em relação à participação no Festival Eurovisão da Canção.
Em declarações à Agência France Press, o director do Festival Eurovisão da Canção, Martin Green, lembrou que cada membro é livre de participar e que «as emissoras têm até meados de Dezembro para confirmar a sua participação na edição do próximo ano, em Viena».
O Festival Eurovisão da Canção é organizado pela EBU, a primeira aliança mundial de meios de comunicação social de serviço público, fundada em 1950, em cooperação com os seus membros de mais de 35 países, e da qual faz parte a portuguesa RTP.
Desde 7 de Outubro de 2023, Israel já assassinou mais de 64 mil pessoas na Faixa de Gaza. Há muito que a ONU declarou o território mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de dois milhões de pessoas numa «situação de fome catastrófica» e «o mais elevado número de vítimas alguma vez registado» pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
No final do ano passado, uma comissão especial das Nações Unidas acusou Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra.
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