Ao chegar ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Dominicana, onde tem estado a decorrer o diálogo entre venezuelanos, Rodríguez Zapatero, ex-primeiro-ministro espanhol e mediador das negociações, sublinhou, ontem, a importância de a oposição ratificar o acordo de convivência democrática, em prol da paz e da estabilidade na Venezuela.
Enviou, para além disso, uma carta às várias facções que integram a oposição e têm participado na mesa de diálogo instalada na capital da República Dominicana, Santo Domingo, na qual sublinha que, após vários meses de negociações, as partes chegaram a um consenso básico, plasmado num documento que respondia às propostas essenciais incluídas na agenda.
O político espanhol defendeu que as questões fundamentais para a estabilidade e a convivência no país estão consagradas no acordo alcançado, um documento que inclui, entre outros temas, a realização de eleições antecipadas e com garantias, e a questão dos observadores internacionais nesse processo; a posição sobre as sanções contra a Venezuela; a cooperação face aos desafios sociais e económicos; o empenho na normalização institucional; e a garantia de cumprimento das matérias acordadas.
Enquanto a delegação da oposição se recusou a firmar o documento final, que contém os pontos estabelecidos na acta subscrita pelas partes no dia 31 de Janeiro e os pontos resultantes das reuniões entretanto efectuadas em Caracas, a delegação do governo da República Bolivariana da Venezuela assinou o acordo, como previsto, na terça-feira, e o chefe de Estado, Nicolás Maduro, fez o mesmo ontem, segundo informam a Prensa Latina e a AVN.
«Pressões externas sobre a oposição impediram a assinatura»
O líder da delegação governamental nas negociações, Jorge Rodríguez, disse esta terça-feira à imprensa, em Santo Domingo, que a recusa da oposição em assinar o acordo de convivência democrática se ficou a dever às «pressões exercidas pelo Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson» – cujas afirmações de carácter intervencionista contra a Venezuela, nos últimos dias, num périplo por vários países latino-americanos, também mereceram o repúdio do dirigente político venezuelano.
Rodríguez precisou que Tillerson telefonou a Julio Borges, líder da delegação da oposição venezuelana nas conversações, pressionando-o para que não assinasse o texto final do acordo com vista a alcançar a estabilidade política no país sul-americano.
Na terça-feira, o presidente da República Dominicana, Danilo Medina, informou que a delegação da oposição se recusou a reconhecer o acordo que tinha traçado conjuntamente com o governo venezuelano e que, de forma inesperada, apresentou uma nova proposta, alegando que «não era obrigada a assinar» o que já estava acordado nas negociações – algo que o governo não aceitou.
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