«Marrocos, por vontade própria, não quer cooperar para chegar a uma solução, seja qual for, e recorre a manobras para ganhar mais tempo para consolidar a sua ocupação ilegal de partes da República Saarauí», disse Bachir ao intervir numa conferência em Genebra.
Organizado pelo Grupo de Apoio de Genebra para o Saara Ocidental, o evento internacional realizou-se esta semana na cidade suíça sob o lema «O futuro da descolonização e a urgente necessidade de reafirmar a importância da diplomacia multilateral».
«A menos que exista uma verdadeira pressão internacional sobre Rabat para que coopere com as Nações Unidas para completar a sua missão de solucionar o conflito, Marrocos continuará a apostar numa política de obstrução, tirando proveito, infelizmente, de uma "impunidade crónica", devido às posições de algumas potências internacionais influentes», disse o diplomata saarauí, citado pela Sahara Press Service (SPS).
Abbi Bachraya Bachir frisou que Marrocos fracassou ao nível da diplomacia multilateral – nas Nações Unidas, na União Africana, na União Europeia e junto do Movimento de Países Não Alinhados, onde continuam vigentes os dois elementos principais que enquadram a questão.
Trata-se do estatuto jurídico do Saara Ocidental como território não autónomo em processo de descolonização incompleto, e do exercício do povo saarauí ao direito inalienável à autodeterminação, para determinar o estatuto final do território, disse, lembrando que essa continua a ser a única via obrigatória para uma solução justa e definitiva para o conflito.
Apoio ao chamado plano de autonomia não leva à solução
Tendo em conta o seu «fracasso a nível multilateral», a ocupação marroquina está a realizar «uma frenética campanha diplomática e mediática para levar alguns países, de forma unilateral, a apoiar o seu posicionamento sobre a chamada "autonomia", numa clara violação do direito internacional», denunciou Bachir.
O diplomata advertiu que estes posicionamentos de apoio à proposta de autonomia marroquina – como o de Espanha, França ou Reino Unido –, além de espezinharem a legitimidade internacional, apoiando a «perpetuação dos factos consumados coloniais», não levarão a nenhuma solução do conflito.
A conferência internacional juntou diplomatas, juristas, académicos e activistas, que deram especial ênfase às perspectivas de descolonização do Saara Ocidental, à repressão da ocupação sobre o povo saarauí e à defesa do seu direito de autodeterminação.
O respeito pela Carta das Nações Unidas e pelo princípio do direito dos povos à autodeterminação e à independência foi considerado por todos os intervenientes como a única via para acabar com o conflito no Saara Ocidental.
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