«Os bilionários já têm três partidos que lutam por eles. É altura de termos um que lute por nós». Esta frase encerra a mensagem divulgada ontem por Zarah Sultana, deputada de 31 anos, eleita pelo Labour, ao anunciar a saída do partido. A demissão ocorre um ano depois de lhe ser retirada a confiança política, por ter votado contra uma medida do Governo que cortava os apoios financeiros a quase meio milhão de crianças no Reino Unido.
Ao lado de Jeremy Corbyn, antigo líder trabalhista expulso em Maio de 2024 e, entretanto, eleito deputado numa candidatura independente, Sultana vai «co-liderar a fundação de um novo partido, com outros deputados independentes, activistas e militantes de todo o país».
«Westminster [o centro do poder britânico] está em falência, mas a verdadeira crise é mais profunda», afirma a deputada, na nota publicada nas suas redes sociais. É contra o facto de «50 famílias possuirem, actualmente, mais riqueza do que metade da população do Reino Unido» que este novo partido se quer afirmar, enfrentando a «pobreza a aumentar, a desigualdade obscena» e um sistema bipartidário que «não oferece mais do que um declínio controlado e promessas falhadas».
Para além de cortes nos apoios sociais às crianças, o Governo de Starmer tem, nas últimas semanas, tentado tudo para cortar ao máximo os apoios para pessoas com deficiência. O neoliberalismo interno deste Labour é complementado por uma «participação activa no genocídio» do povo palestiniano.
Consciente de que a escolha em 2029, nas próximas eleições britânicas, será entre «o socialismo ou a barbárie» (bárbarie essa que está presente seja no Labour, nos Conservadores ou na extrema-direita do Reform), Sultana defende que a população da ilha precisa de «casas e de vidas que possam realmente pagar, e não das facturas extorsionárias que pagamos todos os meses para uma pequena elite se banhe em dinheiro». «O nosso dinheiro tem de ser gasto em serviços públicos e não em guerras eternas».
Jeremy Corbyn, nas suas redes sociais, deu os parabéns a Sultana pela sua decisão de abandonar, por uma questão «de príncipio», o Partido Trabalhista. «Juntos, podemos criar algo que está a faltar desesperadamente no nosso sistema político em falência: a esperança».
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