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Irão: «Não haverá acordo melhor do que o alcançado em 2015»

O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, afirmou que o acordo celebrado em 2015 foi «o melhor» e que Donald Trump fez uma «burrice» ao sair dele, instigado pela «Equipa B».

Uma mulher passa junto a um mural numa parede da antiga embaixada dos EUA em Teerão
Uma mulher passa junto a um mural numa parede da antiga embaixada dos EUA em TeerãoCréditos / hindustantimes.com

O diplomata iraniano escreveu ontem na sua conta de Twitter que cada vez fica mais claro que «não haverá acordo melhor» que o Plano de Acção Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), sobre as actividades nucleares pacíficas do país persa.

Javad Zarif acusou a «Equipa B» de ter convencido o presidente norte-americano, Donald Trump, a optar pela «loucura de matar o JCPOA com o terrorismo económico» para assim «obter um acordo melhor», refere a HispanTV.

A «Equipa B» a que o diplomata iraniano se referiu esta segunda-feira e cuja actividades «anti-iranianas» tem denunciado de forma reiterada é composta pelo conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton; o príncipe herdeiro saudita, Muhamad bin Salman Al Saud; o seu homólogo dos Emirados Árabes Unidos, Muhamad bin Zayed Al Nahyan; e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

EUA saem do JCPOA e repõem sanções

Já depois de concretizada a saída dos EUA, no dia 8 de Maio de 2018, do Plano de Acção Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), que foi subscrito em 2015 pelo Irão e pelo Grupo 5+1 (os cinco membros com assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas – EUA, Reino Unido, França, Rússia e China – e a Alemanha), o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, deixou clara a abordagem do seu país relativamente ao Irão: aumentar a pressão financeira e impor-lhe as «sanções mais fortes de sempre», caso Teerão se recusasse a aceitar as exigências feitas ao nível da sua política interna e externa.

Teerão teria não só de abandonar a título definitivo qualquer programa relacionado com a actividade nuclear, renegociando o acordo como Washington entendia, como também de alterar a política externa regional, na medida em que os EUA – e o seu fiel amigo Israel – considera o Irão uma amaeaça aos seus interesses no Médio Oriente.

Nos termos do acordo firmado em Julho de 2015, o Irão pode desenvolver o seu projecto nuclear com fins pacíficos e enriquecer urânio até 3,67%, sendo o excedente enviado para a Rússia. Em pelo menos dez ocasiões, especialistas da Organização Internacional de Energia Atómica (OIEA) confirmaram que Teerão respeitava o que está estipulado no acordo.

No entanto, Donald Trump ameaçou sair do acordo praticamente desde que chegou à Casa Branca, considerando que subscrever o JCPOA foi «o pior que os EUA podiam ter feito». Três meses depois do anúncio de saída do acordo, Trump assinou uma ordem executiva repondo as sanções que haviam sido levantadas ao país asiático três anos antes.

Irão volta a enriquecer urânio acima dos 3,67%

Em Maio último, o governo iraniano anunciou que, caso os signatários europeus do JCPOA não respeitassem as suas obrigações para salvaguardar o pacto, o Irão voltaria a enriquecer urânio acima dos 3,67%; deixando, no entanto, a porta aberta ao diálogo.

Este domingo, Teerão anunciou que, findo o prazo de 60 dias dado aos parceiros europeus no acordo para que tomassem medidas práticas que compensem o país pelos danos causados pelas sanções que lhe são impostas por Washington, tomou a decisão de aumentar o nível de enriquecimiento de urânio – algo que foi confirmado ontem pela OIEA.

Reino Unido, França e Alemanha reagiram instando Teerão a não avançar para um enriquecimento de urânio superior aos 3,67%, alertando o país persa para «consequências» (não especificadas) que podem advir desse passo.

Numa conferência de imprensa que deu esta segunda-feira em Teerão, Abbas Mousavi, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, advertiu os países europeus contra qualquer resposta «estranha», sublinhando que o Irão poderá ponderar «voltar atrás», tal como as potências europeias exigem, se estas responderem «positivamente às exigências» iranianas.

As diplomacias da Rússia e da China também expressaram preocupação com o passo dado pelo Irão, que agora enriquece urânio até 4,5%, e solicitaram às partes uma saída diplomática para a situação.

Geng Shuang, porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, afirmou esta segunda-feira que o «bullying unilateral [por parte dos EUA] é um tumor que só gera mais problemas e crises em todo o mundo», tendo acrescentado que «a pressão máxima exercida pelos Estados Unidos sobre o Irão é a raiz da actual crise nuclear iraniana», indicam a PressTV e a Prensa Latina.

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