O chamado governo de facto na Bolívia rejeitou, esta quarta-feira, a possibilidade de Cuba ajudar o país sul-americano a enfrentar a epidemia de Covid-19, doença que, até ontem, afectava 12 cidadãos bolivianos.
Representantes do Ministério da Saúde deixaram claro que não vão cooperar com médicos cubanos no combate ao novo coronavírus, depois de Luis Arce, candidato à Presidência da Bolívia pelo MAS (Movimento para o Socialismo), ter pedido, na terça-feira, que a presidente autoproclamada do país, Jeanine Áñez, solicitasse o apoio de Cuba.
Numa carta dirigida ao governo golpista, Arce explica que contactou com as autoridades cubanas, que – afirma – se dispuseram a colaborar de imediato, informam a Opera Mundi e a TeleSur.
Até ontem, registaram-se 12 casos de coronavírus no país andino, tendo outros 39 casos suspeitos sido descartados. O país encontra-se em estado de emergência sanitária desde o passado dia 16.
Entre 2006 e 2019, período em que Evo Morales, do mesmo partido de Arce, governou a Bolívia, Cuba manteve a sua Brigada Médica no país, tendo por ali passado 17 648 profissionais da saúde cubanos, que realizaram mais de 73 milhões de consultas e 1 529 301 intervenções cirúrgicas, segundo revelou o Cuba Debate. Depois de consumado o golpe de Estado, em Novembro de 2019, os médicos cubanos foram perseguidos e expulsos.
A vida à frente de outros interesses
Na missiva, que Arce divulgou também na sua conta de Twitter, o candidato presidencial afirma que «as autoridades cubanas manifestaram a sua absoluta predisposição para cooperar com o povo boliviano com o antiviral que os seus pesquisadores desenvolveram [Interferón Alfa 2B Humano Recombinante, um dos medicamentos mais eficazes para tratar o Covid-19], bem como com pessoal médico especializado para tratar esta pandemia, mediante um trabalho conjunto entre os profissionais médicos bolivianos e cubanos».
Luis Arce diz ainda na carta que não é altura para vincar «diferenças ideológicas» e que a vida do povo boliviano deve estar à frente de qualquer interesse. Nesse sentido, pediu que fossem realizadas «as gestões necessárias para que esta ajuda solidária chegue ao povo boliviano, pois agora mais do que nunca necessitamos de certezas e garantias na prevenção, atenção e tratamento deste vírus».
Na segunda-feira passada, os líderes das câmaras de senadores e deputados da Assembleia Legislativa Plurinacional da Bolívia pronunciaram-se sobre a necessidade de pedir ajuda a Cuba e reestabelecer as relações diplomáticas com Havana, revela a Prensa Latina.
O presidente deposto Evo Morales pronunciou-se no mesmo sentido, sublinhando a necessidade de contar com a ajuda de Cuba e da China para enfrentar a epidemia de Covid-19, tal como ocorre em vários países latino-americanos e europeus, que solicitaram essa ajuda.
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