|América Latina

À frente da Celac, Honduras assumem a defesa da soberania dos povos

Soberania, independência e autodeterminação dos povos são algumas das principais linhas que as Honduras vão defender à frente da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).

A presidente das Honduras, Xiomara Castro, ao lado de António Guterres, secretário-geral da ONU, no decorrer da VIII Cimeira da Celac 
Créditos / Prensa Latina

No quadro da VIII Cimeira da Celac, celebrada na sexta-feira passada em Kingstown, capital de São Vicente e Granadinas, a chefe de Estado hondurenha, Xiomara Castro, assumiu a presidência do bloco regional (até 2025), tendo apresentado várias propostas para levar por diante o «projecto da Pátria Grande».

Castro propôs-se acompanhar as declarações de soberania apresentadas pelos representantes dos estados-membros da Celac, bem como continuar a luta pelo fim do bloqueio e de outras medidas unilaterais impostas pelos Estados Unidos a Cuba, Nicarágua e Venezuela.

A chefe de Estado hondurenha, indica a Prensa Latina, também declarou que irá acompanhar a Argentina na reivindicação de soberania sobre as Malvinas e que irá promover uma discussão aberta sobre a situação de Porto Rico.

«A nossa democracia foi atingida pela crise mundial do capitalismo, a guerra, a inflação, o aquecimento global e, sobretudo, pelo modelo de corruptas privatizações neoliberais», afirmou, sublinhando que os seus projectos se baseiam no sonho dos dirigentes independentistas da região, como Simón Bolívar, José Martí e Francisco Morazán.

Paz, «benefício supremo e legítimo»

Por seu lado, o ministro hondurenho dos Negócios Estrangeiros, Enrique Reina, disse à imprensa que, na cimeira, se declarou a paz como «benefício supremo e legítimo das aspirações dos povos, como um princípio comum e valor da comunidade da América Latina».

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Organizações reunidas em Buenos Aires defendem Celac, integração e soberania

No lançamento da Celac Social, esta segunda-feira, partidos, organizações sociais e sindicatos fizeram a defesa da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, da democracia e do anti-imperialismo.

Representantes da Celac Social, a 23 de Janeiro de 2023, em Buenos Aires 
Créditos / Prensa Latina

Representantes de organizações políticas, sindicais, indígenas e agrárias de vários países anunciaram, em Buenos Aires, a criação da Celac Social e denunciaram as agressões dos Estados Unidos contra os povos da região.

Os membros fundadores da Celac Social juntaram-se, ontem, no Museu das Malvinas, onde apresentaram a declaração que vão entregar aos chefes de Estado e membros dos governos dos países que hoje participam na VII Cimeira da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), na capital argentina.

«Com Fidel, com Chávez, com Kirchner, com Lula, com Correa, constituímos uma Celac como uma libertação Organização de Estados Americanos, que é o instrumento do império norte-americano», afirmou o ex-presidente boliviano Evo Morales durante a apresentação.

Em conferência de imprensa, Morales pediu apoio para os «nossos presidentes anti-imperialistas» e para a Celac, um mecanismo com o qual a direita tentou acabar, mas que se reforça novamente com o regresso do Brasil, disse, citado pela Prensa Latina.

«Temos a obrigação de os acompanhar e apoiar. Os Estados Unidos não querem que as pessoas humildes, os trabalhadores, os camponeses e indígenas façam política, mas nós decidimos que é necessário», acrescentou.

«A perseguição judicial à vice-presidente argentina, Cristina Fernández, o golpe no Peru e o que se passou no Brasil uma semana depois da tomada de posse de Lula não são factos isolados nem casuais. Por isso, devemos unir-nos para apoiar a Celac e reforçar a integração», insistiu.

Casa cheia no Museu das Malvinas, em Buenos Aires, no lançamento da Celac Social / Resumen Latinoamericano

Por seu lado, Hugo Godoy, dirigente da Central dos Trabalhadores da Argentina (Autónoma), sublinhou a importância da constituição da Celac Social como instância fundamental e estratégica para a unidade dos povos latino-americanos e caribenhos.

Roberto Baradel, secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores da Argentina, destacou o contributo fundamental da Celac Social para a integração dos povos na América Latina.

Baradel solidarizou-se com os povos do Brasil e do Peru, condenou as agressões dos EUA a Cuba, à Nicarágua e à Venezuela, exigindo respeito pela soberania, e sublinhou que, apesar dos ataques à Celac, a direita nada conseguirá «porque apoiamos os nossos dirigentes».

Mónica Valente, secretária-executiva do Fórum de São Paulo, falou também da importância da integração, da solidariedade e do desenvolvimento, algo que, em seu entender, só pode ser alcançado com uma forte organização popular.

À chefe do Comando Sul dos EUA, Laura Richardson, lembrou que a América Latina não é o seu pátio das traseiras, nem uma quinta para explorar os recursos naturais, reafirmando que «os povos livres da Pátria Grande irão defender a sua soberania».

Declaração em defesa da unidade latino-americana

No texto aprovado, a Celac Social defende a que a unidade regional é uma condição essencial para alcançar a verdadeira independência e consolidar a região como uma zona de paz.

Rejeita qualquer forma de colonialismo na região e denuncia a presença britânica em território argentino, reafirmando os direitos da Argentina sobre as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul, Sandwich do Sul e espaços marítimos circundantes.

Lançamento da Celac Social, em Buenos Aires / Resumen Latinoamericano

Repudia qualquer bloqueio contra qualquer país e exige o fim dos existentes, com a aplicação de mecanismos de reparação para os povos que os sofrem.

Fazendo menção directa ao caso de Cuba, o texto também exige a Washington que retire a Ilha da lista arbitrária de supostos patrocinadores do terrorismo.

As organizações subscritoras solicitam acções coordenadas para exigir o desmantelamento das bases militares instaladas pelos Estados Unidos na América Latina e nas Caraíbas, e rejeitam a ingerência norte-americana, quando se cumprem 200 anos da Doutrina Monroe.

Entre outros pontos, condenam também o golpe de Estado no Peru e a intentona golpista no Brasil, bem como as tentativas recentes de assassinato de Cristina Fernández, na Argentina, e da vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez.

VII Cimeira da Celac

Prevê-se que o mecanismo de integração realize a sua VII cimeira, em Buenos Aires, esta terça-feira, com a presença de 16 chefes de Estado da América Latina e das Caraíbas e com delegações de alto nível dos 33 países-membros.

Criada na Cimeira da Unidade da América Latina e do Caribe, em Playa del Carmen (México), em 2010, e definitivamente constituída na Cimeira de Caracas, no ano seguinte, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos tem 33 países-membros.

As cimeiras anteriores do organismo tiveram lugar no Chile (2013), em Cuba (2014), na Costa Rica (2015), no Equador (2016), na República Dominicana (2017) e no México (2021).

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Além disso, os chefes de Estado, de governo e outros representantes dos 33 países que integram a Celac expressaram a sua preocupação com a grave situação humanitária na Faixa de Gaza e o sofrimento do povo palestiniano, em virtude das constantes agressões das forças israelitas, que provocaram mais de 30 mil mortos.

Neste sentido, apoiaram a exigência expressa pela maioria dos países na Assembleia Geral da ONU de um cessar-fogo imediato e de dar seguimento às orientações do Tribunal Internacional de Justiça sobre a violação do direito internacional.

Todos os «temas importantes» abordados

Ainda no âmbito da VIII Cimeira da Celac, o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, o país anfitrião, declarou à imprensa local a sua satisfação pelo facto de as 33 delegações terem analisado com profundidade a agenda e terem avançado para a Declaração de Kingstown com todos os temas importantes nela incluídos.

A este propósito, Ralph Gonsalves disse que a declaração contém iniciativas para promover a segurança alimentar, a luta contra as alterações climáticas e a manutenção da paz regional, além de se referir às acções indispensáveis para responder às necessidades das mulheres, dos afro-descendentes, dos indígenas e das pessoas com deficiência.

Segundo Gonsalves, o documento, amplo, inclui referências especiais ao bloqueio económico, financeiro e comercial imposto pelos Estados Unidos a Cuba, ao massacre israelita em Gaza, à guerra na Ucrânia e à instabilidade no Haiti.

A VIII Cimeira da Celac segue-se às que tiveram lugar em Caracas, Venezuela (2011; a da fundação do mecanismo de integração regional); Santiago, Chile (2013); Havana, Cuba (2014); San José, Costa Rica (2015); Quito, Equador (2016); Punta Cana, República Dominicana (2017); Cidade do México, México (2021) e Buenos Aires, Argentina (2023).

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