As casas que no Reino Unido usam uma tarifa de energia padrão para pagar as despesas de gás e electricidade podem esperar um forte aumento nas suas facturas a partir de Outubro, depois de o regulador ter levantado o tecto que fixa um limite para o preço da energia para o Inverno.
Para 11 milhões de casas que pagam por débito directo, a conta média da energia vai passar de 1342 para 1506 euros a partir de Outubro próximo; ou seja, pagam mais 164 euros. Para outros quatro milhões de famílias, que utilizam contadores de pré-pagamento, a factura média de energia passará de 1363 para 1544 euros, mais de 180 euros, noticia o The Guardian.
O Gabinete dos Mercados do Gás e Electricidade (Ofgem), que é o regulador governamental, anunciou esta sexta-feira que o limite de preço para os contratos de energia doméstica seria aumentado para cobrir «os custos extra» dos fornecedores.
Este anúncio ocorre depois de, há seis meses, o preço limite já ter sido aumentado em 113 euros anuais – uma subida que entrou em vigor em Abril último, com os preços do gás natural a baterem recordes, num contexto de inflação galopante.
O director executivo do Ofgem, Jonathan Brearley, disse que «facturas mais altas de energia nunca são bem-vindas e que o momento e a dimensão deste aumento serão particularmente difíceis para muitas famílias ainda a lutar com o impacto da pandemia».
Brearley referiu os grandes aumentos nos preços dos combustíveis fósseis, do gás e da electricidade como a principal razão para fazer subir o limite de preço da energia no Reino Unido.
Uma «tempestade perfeita» a caminho
Este aumento súbito nas facturas da energia, depois do que se verificou em Abril, levantou preocupações entre várias organizações, que estimam que mais de meio milhão de pessoas não sejam capazes de pagar as contas, numa altura em que abrandam os apoios governamentais relacionados com a Covid-19, como o apoio às empresas que mantinham os trabalhadores em lay-off e o corte, a partir de Setembro, no crédito universal.
A Resolution Foundation afirmou que o aumento vai afectar de forma desproporcionada as famílias com baixos rendimentos, muitas das quais ainda estão a sofrer os impactos económicos da crise que a pandemia aprofundou.
Por seu lado, a Citizens Advice alertou que mais de dois milhões de residências tinham em atraso o pagamento de contas de energia, ainda antes do novo aumento e do corte planeado do crédito universal. Num estudo realizado por esta organização, indica o The Guardian, seis milhões de famílias manifestaram preocupação com o pagamento das facturas da energia.
James Plunkett, um dos directores executivos da Citizens Advice, disse que o aumento do preço conduzirá as famílias a uma «tempestade perfeita» neste Outono.
«Com as contas a subir e os rendimentos a descer, muitas famílias terão dificuldades em escapar. Para muitos, o resultado inevitável será o endividamento», alertou.
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