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Extrema-direita gasta mais de 700 milhões para acabar com o aborto na Europa

Uma campanha ultra-católica de direita recolheu mais de 700 milhões de dólares para minar os direitos das mulheres e LGBTI no velho continente.

Mulheres polacas em greve devido à alteração das leis do aborto, que o proibem na maior parte das situações. 
CréditosSTEPHANIE LECOCQ / EPA

O seu sucesso mais recente tem sido nos EUA, mas os lobbies «anti-género» tentam impor a sua agenda na Europa há décadas. Uma das investigações mais recentes sobre o dinheiro recolhido para fazer essa campanha foi revelado num relatório do Fórum Parlamentar Europeu sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos (EPF), que concluiu que entre 2009 e 2018 estas plataformas ultra-católicas conseguiram «pelo menos» 707,2 milhões de dólares para influenciar as políticas sociais europeias.

No relatório da EPF é possível ver as instituições que contribuiram mais para esta campanha de combate aos direitos das mulheres e das comunidades LGBTI. A Fundação Jérôme-Lejeune aparece destacada com a recolha de mais de 120 milhões de euros para esse efeito.

O financiamento para minar os direitos das mulheres e das comunidades LGTBI tem vindo a aumentar nos últimos anos: de 22,2 milhões em 2009 para 96 milhões em 2018, de acordo com a investigação realizada por Neil Datta, director executivo da EPF, que considera, em declarações ao site El Diario, a decisão dos EUA «uma grande vitória para estes grupos».

Para Mónica Cornejo, professora na Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense de Madrid (UCM), a decisão do tribunal norte-americano aumenta a «percepção entre as organizações ultra-conservadoras europeias de que há possibilidades» de que o mesmo aconteça noutros países ocidentais, afirmou ao site espanhol.

«Isto é muito importante para um movimento social porque dependem estritamente da percepção subjectiva do sucesso atribuído ao processo, de modo que se num local de referência obtiverem um sucesso importante, este é assumido como um endosso do realismo. Se eles o pudessem fazer ali, nós podemos fazê-lo aqui», salienta Cornejo.

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