Filha de pai antilhano e mãe francesa, Sarah Ducados nasceu em 1929 em França. Maldoror foi o apelido que escolheu enquanto artista, em homenagem ao poeta surrealista Lautréamont, autor d'Os Cantos de Maldoror.
Sarah Maldoror «deixou um legado de filmes que reflectem as questões que atravessaram toda a sua vida e pensamento: das guerras coloniais ao movimento da negritude, passando pelos retratos de artistas que influenciaram a sua criação», sustenta o festival, em comunicado.
Depois de uma edição atípica em 2020, realizada em finais de Agosto por causa da pandemia da Covid-19, o IndieLisboa quer retomar o calendário habitual, com a 18.ª edição agendada de 29 de Abril e 9 de Maio.
A primeira programação anunciada é uma retrospectiva, «plena de revolução e de esperança», do cinema de Sarah Maldoror, que o IndieLisboa exibirá com a Cinemateca Portuguesa.
O festival sublinha que esta é uma retrospectiva «quase integral», porque alguns dos filmes de Sarah Maldoror «permanecem ainda por localizar».
A formação de Sarah Maldoror em cinema foi feita em Moscovo, para onde se tinha mudado em 1961, para frequentar a Academia de Cinema de Moscovo, com bolsas concedidas na Guiné Conacri, tendo trabalhado com o cineasta senegalês Ousmane Sembène, precursor do cinema africano.
«Depois desta estadia soviética, junta-se aos pioneiros dos movimentos de libertação africanos, na Guiné, Argélia e Guiné-Bissau, ao lado do seu companheiro Mário Pinto de Andrade», recordaram as filhas da cineasta, aquando da morte.
O cinema de Sarah Maldoror teve por palco a Guiné-Bissau e o Sahel, a Ilha do Fogo (Cabo Verde), a Tunísia, o Senegal, abordando o racismo, questões de género, o papel da mulher na luta pela libertação e o património cultural africano.