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Pedro Jóia vai a Grândola com Zeca Afonso

O Cineteatro Grandolense recebe esta sexta-feira, pelas 21h30, o espectáculo «Pedro Jóia interpreta Zeca», integrado no programa comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril, na vila morena.

Créditos / Locomotiva Azul

Pedro Jóia, na guitarra, apresenta-se neste concerto em dueto com José Salgueiro, nas percussões, para apresentarem obras de vários compositores portugueses, com destaque para José Afonso. Versões personalizadas criadas por Pedro Jóia, nas quais a essência das obras originais jamais se perde apesar das liberdades artísticas e interpretativas dos dois músicos.

Zeca Afonso, sempre

No dia em que passam 30 anos da morte de Zeca Afonso lembramos a música do professor, autor e músico que esteve do lado certo da História.

Zeca Afonso morreu aos 57 anos
Créditos / Glosas

Falar de José Afonso (José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos) dispensa apresentações. Já muito se escreveu sobre a sua vida e pormenores dela. Já conhecemos a sua música e, através dela, a realidade do País amordaçado pela ditadura.

Nas muitas linhas que se escrevem sobre esta figura maior da música portuguesa e de intervenção, invariavelmente tropeçamos na sua opção pela não militância. Mas raramente lemos que algumas das suas músicas foram um acto militante de denúncia e de força, de quem sabe que só pela luta é que vamos.

Em 1961, José Dias Coelho, artista plástico e militante comunista, foi assassinado numa rua de Lisboa pela Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE). «O pintor morreu», anunciou Zeca Afonso na canção que lhe dedicou: «A morte saiu à rua».

Em 1965, a militante comunista Conceição de Matos, com 29 anos, foi presa e levada para a sede da PIDE na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, onde foi alvo de diversos métodos de tortura. Zeca Afonso homenageou a sua coragem e determinação.

Em 1964, o também músico de intervenção, Adriano Correia de Oliveira gravou um disco de quatro faixas, onde se incluía um poema do luso-moçambicano Reinaldo Ferreira, musicado por José Afonso: «Menina dos olhos tristes». A censura rapidamente proíbe o disco mas não consegue apagar a música. 

Em 1969, Zeca aventura-se a gravar um single com o mesmo título que também foi retirado pela censura. Em causa, a guerra colonial e os muitos soldados que nela jaziram.

Ainda em 1969, integrado no álbum Contos Velhos Rumos Novos, Zeca Afonso denuncia um dos métodos praticados pela PIDE, que invadia casas noite dentro. «Era de Noite e Levaram», musicou Zeca.

Em 1971, no álbum Cantigas de Maio, homenageia a mulher que «o Alentejo a viu nascer» e «Baleizão a viu morrer». Catarina Eufémia, assim se intitula também a música dedicada à mulher que a 19 de Maio de 1954 foi assassinada pelas forças do regime fascista enquanto lutava por pão e trabalho.

Em 1973, Zeca actua um pouco por todo o lado mas vê muitas sessões proibidas pela PIDE. Em Abril é preso e vai para Caxias, onde fica até finais de Maio. Neste período escreve o poema «Era Um Redondo Vocábulo» que viria a integrar o álbum Venham Mais Cinco, gravado em Paris e publicado pelo Natal.

«Grândola, Vila Morena» é uma canção incontornável no reportório de Zeca Afonso e da vida democrática portuguesa, ou não tivesse sido esta a segunda senha de sinalização da Revolução de Abril, escolhida pelo Movimento das Forças Armadas (MFA).

«Mas se há um camarada à tua espera, não faltes ao encontro sê constante». A letra é da música «Tinha uma sala muito mal iluminada», integrada no álbum Enquanto há força, gravado em 1978.

Galinhas do Mato, editado em 1985, foi o seu último álbum. José Afonso morreu no dia 23 de Fevereiro de 1987, no Hospital de Setúbal, vítima de esclerose lateral amiotrófica, diagnosticada em 1982.

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Neste espectáculo do «Grândola, Vila Jazz», a 5 de Abril, celebra-se a liberdade que José Afonso reconheceu e eternizou na canção Grândola, Vila Morena, que foi senha da Revolução de Abril. 

«Grândola, Vila Jazz» resulta da parceria estabelecida em 2014 entre a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense (SMFOG-Música Velha) e o Município de Grândola, para a dinamização do Cineteatro Grandolense, onde já entraram os maiores nomes do jazz em Portugal.

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