Incluída no programa das comemorações dos 50 anos dos 25 de Abril de 1974, trata-se da primeira criação do ano daquela companhia de teatro de Setúbal e, apesar de classificada para maiores de 12 anos, foi concebida «para as faixas etárias mais jovens», revelou a companhia.
Os Barrigas e os Magriços é uma parábola sobre o 25 de Abril de 1974 para as crianças: A história centra-se num Portugal de «há muitos anos», onde havia uns homens conhecidos como Barrigas e outros como Magriços. Os primeiros comiam tanto que todo o corpo podia ser estômago, os segundos quase nada tinham para matar a fome.
«Recebemos esta história pelas mãos de um avô, e assim, lembrámo-nos das histórias dos nossos avós… Conta-nos Álvaro Cunhal nessa história sobre os Magriços, que como alguns avós trabalhavam muito, no campo e no mar, andavam descalços, não puderam ir à escola, mas queriam um país melhor», lê-se na sinopse do Teatro Estúdio Fontenova sobre o conto da autoria do secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), entre 31 de Março de 1961 e 5 de Dezembro de 1992.
Mas também sobre os Barrigas, «aqueles que tinham muitas coisas, eram donos das terras, das leis e achavam que eram donos das pessoas», observa a sinopse da peça, que conta a história de «um país que era muito amarelo, tão amarelo que os sorrisos eram mais pequeninos que a palma da mão».
«Mas continuámos a caminhar até hoje, ou a correr, e embora já não encontremos tantos pés descalços, ainda há sapatos que se acham melhores que outros, e que até podem pisar alguns pés! Nesta maratona, em que também se sobe e desce, vamos cozinhar uma açorda a várias mãos todos debaixo do mesmo céu e acima do mesmo chão», conclui a sinopse.
O espectáculo tem criação, dramaturgia e interpretação de João M. Mota, Patrícia Paixão e Sara Túbio Costa, que assina também a coordenação de projecto, cenografia e figurinos. A música original é de João M. Mota, o desenho de luz de José Maria Dias e Ricardo Batista, e a ilustração de Paula Moita.
Na Casa da Cultura de Setúbal, Os Barrigas e os Magriços terá seis representações nos dias 15 e 16 de Fevereiro, com sessões às 11h, 15h e 21h30, duas no dia 17 (11h e 21h30) e duas no dia 18 (11h e 16h).
A peça, acrescentou a companhia, terá ainda sessões em escolas, nomeadamente na Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi, em Setúbal, ou no Polo da Ajuda d'A Voz do Operário, em Lisboa.
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