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|Música popular

Foi a 6 de Fevereiro de 1945

O Mundo de Bob

Celebramos o nascimento de uma lenda da música popular no século XX, alguém que continua a despertar pulsões criativas nas jovens gerações de músicos e cantores. Senhoras e senhores, bem vindos ao mundo de Bob Marley.

Pintura de Bob Marley num muro em Bequimão (São Luís do Maranhão, Brasil).
Pintura de Bob Marley num muro em Bequimão (São Luís do Maranhão, Brasil).CréditosThynus assumed / Wikipedia commons

Num mundo globalizado e dividido em classes, onde oito famílias apenas possuem a riqueza de metade da população mundial mais pobre, onde os países ricos opõem os seus interesses aos dos países do chamado terceiro mundo, o fenómeno cultural funciona de cima para baixo, com os ídolos criados nas capitais da indústria da cultura mundial – de Paris a Hollywood ou de Berlim a Londres – a tornarem-se invariavelmente fenómenos culturais globais.

Se é possível, numa grande cidade de África, uma cantora como Rihanna disputar o mercado musical com qualquer estrela local, o inverso é, como sabemos, tarefa quase impossível. No entanto, nessa batalha de "davides e golias" da canção, o inesperado aconteceu com o fenómeno rebelde que a partir de uma pequena ilha das Caraíbas tomou o mundo como seu, com o reggae e a mensagem política das suas canções.

Bob Marley foi esse primeiro herói improvável que pôs o mundo a cantar os seus refrões e a encontrar no mapa a sua Jamaica natal.

A propósito do 73º aniversário de Bob Marley celebramos a memória, a música e a mensagem revolucionária desta lenda da música popular, um verdadeiro porta-voz dos sofredores e oprimidos, da Jamaica, de África e de todo o mundo.

Nascido a 6 de Fevereiro de 1945 com o nome de Robert Nesta Marley, o jovem que viria a dominar o mundo sob a bandeira do reggae, criou uma legião de fãs que cruza todos os continentes, oceanos e gerações com a sua mensagem de amor universal por toda a natureza e humanidade, igualdade entre os homens, liberdade e respeito pelos direitos humanos.

É através da mensagem espiritual e política que a sua música ganha força, com frases simples capazes de conter verdades universais e tocar nos corações dos que tremem perante as injustiças. Mas a sua carreira começou bem mais cedo. Ainda antes do sucesso, Marley e os seus companheiros de sempre, os Wailers, seguiam os heróis do rhythm n’blues americano que, através das ondas da rádio, banhavam os sonhos dos miúdos jamaicanos. Era o tempo do jump up blues (1) da Jamaica (2) e do rocksteady, onde as melodias inspiradas nos grupos doo wop eram cortadas pela síncope tradicional dos ritmos africanos e da Jamaica.

Neste tributo ao rei do reggae começamos com a homenagem do DJ e produtor EchoSlim, que pega no original «Bus Dem Shut» e lhe dá uma roupagem actual, com a remistura ao estilo hip-hop para uma nova geração que cresceu a ver os pais ouvir Bob Marley.

Eis um tributo original, muito acima das muitas tentativas frustradas e versões cantadas em bares e karaokes por esse mundo fora. Ebrahim Lakhani, um jovem cantor de Vancouver de origem afegã, cria – só com a voz, o beatbox e pouco mais – uma celebração de Bob Marley cruzada com os The Fugees, a banda da cantora Lauryn Hill.


Bilal é uma das grandes vozes soul da actualidade, que nos remete para as lendas da década de 60, quando gigantes como Otis Redding ou Sam Cooke caminhavam sobre a terra. Mas a sua voz, a sua técnica e timbre únicos, em nada deixam a dever à sua visão e criatividade musical que fazem com que Bilal arrisque tornar um tema de Bob Marley seu, numa excelente peça de soul clássica inspirada pelo jazz e tocada pela magia do arranjador, músico e produtor Miguel Atwood-Ferguson.


Da pequena ilha dos Barbados, o cantor, guitarrista e compositor Malcolm Magaron conseguiu construir uma carreira musical que apesar não ser marcada por grandes sucessos , se prolonga até aos dias de hoje. Emigrado na Alemanha desde 1969, chegou a fazer parte do colectivo inter-racial Les Humphries Singers, que concorreu ao Festival da Canção. Numa gravação a solo da década de 70 sob o nome Malcolm´s Locks, feita para a editora Antillana Sales Company, em Trinidad, esta é mais uma «apropriação» original de um clássico de Bob Marley, aqui transformado numa bomba afro-funk, poderoso e apropriado ao título da canção de Bob Marley: «Get Up, Stand Up».


Na História é comum os grandes não caminharem sozinhos e, se Marley tinha consigo o talento de Peter Tosh na definição do que foi o som dos Wailers, a verdade é que nos primeiros anos da sua carreira ele teve no talento do produtor Lee Perry a definição do som do reggae. Nas palavras de Lee «Scratch» Perry, um mago da música jamaicana e da arte do dub – estilo de música do reggae centrado no papel do produtor e do estúdio como instrumento – ele terá oferecido o reggae a Bob Marley, como presente. Se é verdade que na história do reggae em geral e na de Lee Perry em particular, a fantasia e a realidade andam sempre lado a lado e muitas vezes se confundem, a mestria de Perry e o seu papel na construção do que foram os primeiros clássicos de Bob Marley não podem ser ignorados. Antes de o mundo descobrir Bob Marley, foi Lee Perry quem o descobriu.


Até à próxima.


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