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|artes plásticas

Maria Lamas, um testemunho contra o esquecimento

Exposições de Maria Lamas na Gulbenkian, de Pires Vieira no Museu do Neo-Realismo, coletiva na Galeria Municipal Avenida da Índia e de Dozie Kanu na Maumaus.

Obra: Maria Lamas, Furadouro, 1948-50. Pág. 344 de «As Mulheres do meu País». Exposição «As Mulheres de Maria Lamas» no Átrio da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, até 28 de maio
Obra: Maria Lamas, Furadouro, 1948-50. Pág. 344 de «As Mulheres do meu País». Exposição «As Mulheres de Maria Lamas» no Átrio da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, até 28 de maioCréditos / Maria Lamas

 (A Fundação Calouste Gulbenkian apresenta a exposição de fotografia «As Mulheres de Maria Lamas» no Átrio da Biblioteca de Arte1, que poderá ser visitada até 28 de maio. Depois de Jorge Calado ter integrado oito provas vintage de Maria Lamas na exposição «Au féminin – Women Photographing Women 1849–2009» no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, em Paris, em 2009, e de em 2016 estar  integrada na «Dubai Photo Exhibition 2016 − A global perspective in photography», é agora, pela primeira vez, que no nosso país é mostrada a obra fotográfica de Maria Lamas (1893–1983) com uma seleção de 67 das suas fotografias, com a curadoria de Jorge Calado. Além destas fotografias estão também expostas provas da época de outros fotógrafos incluídas no livro de Maria Lamas Mulheres do meu país publicado entre 1948 e 19502, sobre a vida das mulheres portuguesas dos anos de 1940, um bom exemplo da importância da fotografia, como prática artística, para se poder trabalhar «a memória histórica e individual como experiência de um testemunho contra o esquecimento»3. Nesta exposição são ainda mostrados objetos pessoais de Maria Lamas, assim como o seu retrato pintado por Júlio Pomar e o busto em gesso esculpido por Júlio de Sousa e exemplares de primeiras edições da sua obra literária e jornalística, onde se inclui literatura infantil, poesia, ficção e traduções.

O texto da exposição lembra Maria Lamas, como «jornalista e escritora, pedagoga e investigadora, tradutora e fotógrafa, lutadora pelos direitos humanos e cívicos em tempos de ditadura, foi porventura a mais notável mulher portuguesa no século XX». Maria Lamas foi dirigente do Conselho Mundial da Paz, da Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM), recebeu a Ordem da Liberdade, a Medalha Eugénie Cotton da FDIM e a Medalha de Honra do Movimento Democrático das Mulheres (MDM). Em toda a sua vida Maria Lamas, foi sempre um exemplo de enorme coragem, combatividade e militância em defesa dos direitos da mulher, em defesa da Liberdade, da Democracia e da Paz, foi presa várias vezes pela PIDE, durante o regime fascista, em 1949, 1951 e 1953 e foi demitida do cargo de diretora da revista «Modas e Bordados», a que se seguiu um período de exilio em Paris (1962–1969). 

Exposição «Pires Vieira pintura - considerações e legitimidades com algum “lixo de artista” (2) à mistura» no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, até 17 de março de 2024 Créditos

Segundo a Gulbenkian, o contexto desta mostra na programação da FCG para 2024 é «estabelecer a ligação com a exposição sobre as artistas mulheres ibéricas durante as ditaduras, a apresentar no Centro de Arte Moderna (CAM) no segundo semestre de 2024». O Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira4, apresenta mais uma exposição, desta vez «Pires Vieira pintura - considerações e legitimidades com algum "lixo de artista" (2) à mistura», a exposição estará patente até 17 de março de 2024. «Iniciada em 1969, a obra de Pires Vieira tem vindo a desenvolver um processo de investigação que, em retrospetiva, representa seguramente um dos mais coerentes percursos da arte portuguesa das últimas cinco décadas» como assinala David Santos, o curador da exposição. O curador David Santos diz ainda que a obra de Pires Vieira «explora a linguagem verbal e o seu cruzamento (num jogo de ocultação-revelação) com a pintura (estilisticamente reinterpretada em torno da fase final da obra de Claude Monet e de outros referentes autorais de raiz impressionista, pós-impressionista e abstrata), interrogando a visualidade da pintura no plano da sua objetualidade transformada pelas palavras, os seus signos linguísticos e as opacidades na sua leitura cruzada com as formas significantes da mancha pictórica. Esse plano de análise entre palavra e imagem conduz-nos assim a uma aproximação com a dinâmica de consciencialização crítica, política e social em parte associada à herança cultural neorrealista».

No Museu do Neo-Realismo podemos ainda ver a exposição «Photographo» de Alfredo Cunha que apresenta fotografias, captadas nas últimas cinco décadas, organizadas em torno de seis temáticas: 25 de Abril e Descolonização, Mundo, Portugal, Conflito, Religião e Retratos. Patente até 12 de maio de 2024.

Exposição coletiva «Contemporânea «Film(e): more-than-human — perspectives on technology and futurity-2» com filmes de AnaMary Bilbao, Igor Jesus e Pedro Barateiro na Galeria Municipal Avenida da Índia, em Lisboa, até 24 de março Créditos

O projeto Contemporânea «Film(e): more-than-human — perspectives on technology and futurity», tem a direção artística de Celina Brás e compreende duas partes, a primeira parte do projeto apresentou filmes de Alice dos Reis, Andreia Santana e Diogo Evangelista e a segunda parte pode ser vista até 24 de março na Galeria Municipal Avenida da Índia5 e mostra filmes de AnaMary Bilbao, Igor Jesus e Pedro Barateiro

Este projeto tem como principal objetivo refletir sobre «a complexa relação e análise crítica do uso da tecnologia como instrumento e dispositivo capitalista e o seu impacto na vida humana, na permutabilidade entre o natural e o artificial, o robótico e o orgânico e as tensões que esses processos geram», assinala Celina Brás no texto da exposição. Referindo ainda que «nas últimas duas décadas, a transformação radical e, ou, superação da condição humana, através da tecnologia, tem gerado profundas questões éticas e filosóficas». Os filmes agora apresentados abordam questões como «os usos e abusos da palavra “amor” e a forma como esta é apropriada nas sociedades ocidentais neoliberais num contexto de colapso iminente dos sistemas sociais e naturais» e questionam como «o atual mercado global capitalista produz, coloca em circulação, e por fim aliena toda a alteridade», entre outras modelos de manipulação da subjetividade.

Exposição «Preenchendo vazios» na Maumaus/ Lumiar Cité em Lisboa, até 14 abril Créditos

O espaço Maumaus/ Lumiar Cité6, em Lisboa, apresenta a exposição «Preenchendo vazios» de Dozie Kanu, até 14 abril. Na exposição, agora apresentada em Lisboa, «a forma apelativa habitual de contemplação das suas obras de arte é desafiada pelo artista; ao sugerir outras utilizações (aplicadas), o artista atira efetivamente areia para as engrenagens de apreciação das belas-artes. Com uma linguagem eloquente em termos de materiais, os trabalhos de Kanu parecem, à primeira vista, perseguir a ideia de arte pela arte, insistindo aparentemente na noção de autonomia herdada do modernismo. No entanto, o artista subverte subtilmente esta ideia no contexto do espaço expositivo ao sugerir "outras" possíveis utilizações», segundo o texto da exposição. Referindo ainda que se trata de «um jogo cuidadoso no corpo de trabalho do artista que desafia a ideia de puro, de original e autêntico da modernidade – uma modernidade que excluiu outras modernidades, não articuladas por homens e/ou brancos. Com as suas múltiplas formas de interpretação e utilização, as esculturas de Dozie Kanu são ambivalentes, emulando, precisamente, a desordem que o modernismo tentou e continua a querer erradicar».


O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90)

  • 1. Biblioteca de Arte Gulbenkian - Av. de Berna, 45A, 1067-001 Lisboa. Horário: quarta a segunda-feira, 10h – 18h.
  • 2. Ver artigo «Maria Lamas, Uma Mulher do Nosso País» no AbrilAbril, de Júlio F. R. Costa, por altura do 130.º aniversário do seu nascimento.
  • 3. Texto de prefácio de Pedro Lapa no livro Entre Memória e Documento de Ruth Rosengarten, Edição Museu Coleção Berardo, 2012.
  • 4. Museu do Neo-Realismo - Rua Alves Redol, 45 Vila Franca de Xira. Horário: terça a sexta-feira e domingo, 10h – 18h; sábado, 10h – 19h.
  • 5. Galeria Avenida da Índia - Av. da Índia, 170 1300-299 Lisboa. Horário: terça a domingo: 10h – 13h e 14h – 18h.
  • 6. Maumaus/Lumiar Cité - Rua Tomás del Negro, 8A – Lisboa. Horário: quarta a domingo, 15h – 19h ou mediante marcação.

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