O escuro, os silêncios, a família, os filhos e a omnipresente PIDE constroem a semântica de Luz Obscura. Depois de Natureza Morta (2005), sobre imagens da ditadura, 48 (2010), com relatos de presos políticos, e de Processo-Crime 141/53, Enfermeiras no Estado Novo (2000), Susana de Sousa Dias partiu mais uma vez dos arquivos da PIDE para revelar a obscuridade da ditadura.
A realizadora deteve-se nas fotografias dos presos políticos, particularmente aquelas que os gravaram na presença de crianças menores, algumas de colo. E são os filhos presos que, ao contarem a história dos seus, montam a genealogia da respectiva família. Genealogia que Salazar enjeitou e que o filme tenta restituir.
Os três filhos do histórico militante comunista Octávio Pato (1925-1999) são os narradores do filme. O mais novo, nascido na clandestinidade, surge na fotografia de cadastro da sua mãe. E esta será a única fotografia de cadastro de um preso político com um filho ao colo.
«Ouvimos testemunhos de familiares de comunistas assassinados, explicando como se viram arrastados para processos de humilhação – crianças tratadas como prisioneiros, sendo que muitas delas nunca mais viram os pais», lê-se na sinopse do filme que será exibido esta noite, pelas 21h45, no Cinema S. Jorge.
Amanhã, pode ser visto na Culturgest, às 11h, e na sexta-feira, 12, volta a passar no S. Jorge, às 21h30.
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